sexta, 19 de abril de 2024
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Após liderar ganhos do Ibovespa em junho, analistas afirmam que ações da Via podem se valorizar mais

Ao longo dos últimos anos, a companhia tem feito importantes aquisições e apresentado fortes resultados operacionais

16 julho 2021 - 14h58Por Lucas de Andrade

Segundo levantamento da SpaceMoney, as ações da Via (VVAR3), ex-Via Varejo, subiram 21,65% em junho e despontaram como o maior ganho do Ibovespa, principal índice acionário da B3 (B3SA3), no acumulado do mês. A trajetória da Via na bolsa de valores começou há oito anos, quando a companhia foi listada no segmento Novo Mercado.

A então Via Varejo foi fundada em 2010, após a associação da Casas Bahia, pertencente à família Klein, e do Ponto Frio, propriedade do Grupo Pão de Açúcar (GPA), que controlou a empresa até 2019. Sob o comando de Roberto Fulcherberguer, CEO da Via, a companhia atravessa um momento de profundas transformações para ampliar sua presença digital.

A empresa, especializada em eletroeletrônicos e móveis, administra o Extra.com, o i9xp, a startup de entregas ASAPLog, o banco digital BanQi e três grandes redes: Casas Bahia, Ponto (ex-Ponto Frio) e Bartira. Com isso, a companhia possui mais de 1.000 lojas físicas em todo o país e opera vinte e sete centros de distribuição.

Desde o dia 26 de abril, a então Via Varejo se tornou apenas ‘Via’. Na ocasião, a companhia informou que “pretende seguir uma estratégia mais ampla e se tornar a principal via de compras dos brasileiros”, como seu nome sugere.

“No último ano, a empresa se reinventou, rompeu e unificou as barreiras físicas e digitais das lojas, sites e aplicativos, também se associou a startups que deram ainda mais velocidade ao sistema logístico e tecnológico, rejuvenesceu a marca Casas Bahia e mudou todo a plataforma de marketplace”, disse a Via, em comunicado.

Em maio, a companhia divulgou seu balanço comercial referente às atividades do primeiro trimestre deste ano e os números foram impressionantes.

A Via registrou lucro líquido de R$ 180 milhões no período, um salto de 1.284% em relação aos três primeiros meses de 2020 - quando registrou cerca de R$ 13 milhões. As vendas digitais representaram 56% do volume bruto de mercadorias (GMV) total no período, o que compensou o desempenho limitado das lojas físicas em razão das medidas de restrição impostas como combate à Covid-19.

Celer: a mais recente aquisição
A aquisição da fintech Celer impulsiona a companhia em sua estratégia de fortalecimento.

A empresa que hoje oferece um pacote completo de Bank-as-a Service (BaaS), permite, atualmente, que outras 200 fintechs disponibilizem a seus clientes uma conta digital completa integrada a serviços de pagamentos, com alternativas de cash-in e cashout, emissão e processamento de cartões, gestão de cobrança e transferências, e inclui ao tradicional portfólio o Pix. 

Desempenho no Ibovespa corrige injustiças
De acordo com Pedro Senra, gerente de Research da Ativa Investimentos, os números da companhia no Ibovespa em junho consagram os bons resultados operacionais da empresa e são totalmente compreensíveis na visão da corretora. “Nós não entendíamos porque o mercado batia tanto nas varejistas de e-commerce, que sofreram bastante de janeiro até o final de maio com quedas não justificáveis de quase 25 a 30%”, diz.

“A Via pode ter apresentado uma alta maior por conta de um múltiplo mais descontado do que a gente acredita que deveria ser o desconto”, especula. Segundo o especialista, há upside para as ações da companhia ao longo do ano. Entre as razões para o crescimento da Via, Senra pontua melhorias no ecossistema da empresa. “Há melhorias no gasto logístico e no próprio marketplace e um sortimento na categoria de produtos oferecidos”, completa.

Recentemente, a corretora revisou a recomendação de compra das ações da companhia no preço-alvo de R$ 19,30.

Companhia avança para qualificar ecossistema e ir além do varejo
Daniela Bretthauer, diretora de RI da Via, afirma que os resultados, trimestre a trimestre, dão sinais e resposta de que a companhia está no caminho certo para os negócios além do varejo e, consequentemente, fortalece seu ecossistema.

“Desde a entrada da nova gestão na companhia, em junho de 2019, vem sendo realizada uma grande transformação operacional e estratégica visando destravar valores em diferentes áreas além dos nossos diferenciais e fortalezas como o reconhecimento nacional de nossas marcas Casas Bahia e Ponto, nossa base com 97 milhões de clientes, a oferta de crediário próprio e a nossa logística”, diz a executiva.

Os resultados operacionais do segundo trimestre da companhia serão divulgados em agosto. Bretthauer adianta que os números apresentarão um bom desempenho de vendas e ganhos de market share.

No balanço serão destacados “os avanços no marketplace, com destaque para o reforço em nosso sortimento com a inclusão de produtos internacionais por meio da parceria com a startup NocNoc e a aprovação da licença de atuação como sociedade de crédito para o banQi, que deve impulsionar ainda mais nossos negócios e permitir maior acesso ao credito e inclusão financeira”, afirma.

O banQi, fintech da Via Varejo, comunicou ao mercado nesta sexta-feira (16) que obteve a licença do Banco Central para operar como Sociedade de Crédito Direto, o que permite que a empresa possa operar com empréstimos, financiamentos e aquisição de direitos creditórios por meio de plataforma eletrônica.

Para o segundo semestre, a Via segue com a estratégia de fortalecimento do ecossistema e ampliação da jornada do cliente além do varejo.

“Retomamos o plano de expansão de abertura de lojas físicas após um período de otimização do portfólio de lojas e diversas restrições por conta da pandemia. Temos programado a abertura de 120 novas lojas em 2021, com foco especial nas regiões norte e nordeste e na inauguração da primeira megaloja da Casas Bahia em São Paulo”, conta Bretthauer. 

No período, mais precisamente no quarto trimestre, a Via planeja oferecer serviços de logística (coleta, armazenagem e entrega) para outras empresas varejistas, inclusive concorrentes.

O modelo de negócios prevê que o vendedor possa deixar seus produtos já estocados nos centros de distribuição e pague a Via um percentual variável de 13,5% a 16%, como comissionamento do marketplace.