A candidata à prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) pode ser uma das únicas na corrida eleitoral com um plano que não fuja tanto da realidade, segundo o professor Fábio de Andrade, da Universidade Anhembi-Morumbi e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Os candidatos disponibilizaram seus respectivos planos de governo no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Alguns planos podem ser vistos como irreais para especialistas, mas Andrade discorda dessa afirmação. Para ele, o plano de governo “é uma referência de ideias que tem de mostrar valores e objetivos genéricos a serem alcançados pelo candidato”.
O professor explicou que essa característica não deve ser vista como um desleixo em termos de planejamento, mas como parte do jogo político, onde vender esperanças é comum.
Entretanto, Andrade elogia o projeto da candidata do PSB, Tabata Amaral e observa que, embora existam trechos no plano que possam parecer desconectados da realidade, isso é uma falha comum em muitos planos de candidatos.
“O plano da Tabata, em geral, é um dos que menos sofre com essa desconexão, exceto em algumas áreas como saúde e inovação”, acrescentou.
O economista aponta que algumas propostas apresentadas pela candidata, analisadas por uma perspectiva de limitações no orçamento da cidade, seriam de difíceis de executar.
Programa Prospera São Paulo
A candidata Tabata Amaral dividiu sua proposta, escrita por 750 pessoas, em seis ramos diferentes: Cuida, Protege, Educa, Inclui, Destrava e Prospera. Todos esses verbos são acompanhados do nome da cidade de São Paulo.
A divisão Prospera São Paulo traz objetivos da candidata para o município. Conheça as propostas voltados ao desenvolvimento econômico, relações internacionais e atração de investimentos:
- Distritos de Desenvolvimento Econômico: criação de quatro distritos voltados para a economia criativa e tecnológica em diversas zonas da cidade, incentivando novos negócios e requalificação de áreas degradada;
- Parques Tecnológicos: implementação de dois parques tecnológicos nas zonas leste e oeste, reunindo empresas, universidades e centros de pesquisa para transformar São Paulo em um grande hub de tecnologia;
- SP Conexões Globais: programa para promover São Paulo como cidade global, atraindo investimentos estrangeiros, eventos internacionais, e desenvolvendo parcerias estratégicas com cidades e instituições globais;
- SP Negócio: rever o papel e a atuação do programa SP Negócios que atende empresas que pretendem investir ou expandir os seus negócios no munício;
- Parcerias: ampliação do número o de parcerias estratégicas internacionais com órgãos multilaterais;
- Sustentabilidade: compartilhar com o setor privado diretrizes para a estratégia de sustentabilidade da cidade e maximizar a captação de recursos para climate finance.
Programa SP Empreendedor: concessão de crédito e estímulo ao empreendedorismo
Entre as propostas de Tabata, o programa SP Empreendedor prevê a concessão de crédito para pequenos empreendedores e foi avaliado por Andrade como uma iniciativa com potencial para estimular a economia local.
Porém, o plano de governo não possui muitos detalhes sobre como esse crédito seria concedido e gerido.
“É difícil estimar o impacto dessa medida sobre o PIB municipal, mas o empreendedorismo tem cada vez mais se relacionado com estratégias de ocupação de pessoas no mercado de trabalho do que com o desenvolvimento de negócios de larga escala”, explicou o professor.
Ele destacou que, embora o empreendedorismo seja uma área promissora, especialmente no contexto de arranjos produtivos locais (APLs), sua eficácia estaria mais ligada à melhoria dos índices de ocupação do que ao crescimento econômico.
Parcerias com o governo estadual e ausência de menção ao governo federal
Um ponto de destaque no plano de Tabata é a ênfase em parcerias com o governo estadual, liderado por Tarcísio de Freitas, sem menção direta ao governo federal. O especialista explicou que essa escolha pode ser vista como uma estratégia.
“A articulação com governos estaduais costuma ser mais simples e rápida do que com o governo federal, pois há menos oposição nas assembleias estaduais”, afirmou Andrade.
Isso porque, segundo o professor, o governo estadual tem maior capacidade de gestão e controle de políticas locais.
Tabata cita parcerias com o governo do Tarcísio em projetos como a ampliação do Abrigo Amigo e a efetivação da Gestão Metropolitana do Transporte.
O professor acrescentou que, embora a ausência de parcerias com o governo federal possa causar estranheza, do ponto de vista prático, a articulação com o governo estadual tende a gerar resultados mais rápidos e sensíveis para a população.
“No fim do dia, o que importa são os resultados, e o governo estadual tem mais facilidade em articular projetos junto às prefeituras”, disse.
Como o plano de Tabata Amaral impacta o ambiente de negócios em São Paulo?
O governo de Tabata Amaral tem potencial para inovar o ambiente de negócios de São Paulo, segundo o professor, que cita especialmente o foco em políticas voltadas ao desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais e a qualificação da juventude.
“Me parece um plano que tenta sinalizar com medidas inovadoras que, por diferentes contribuições, advindas muitas vezes de setores que são fora propriamente dito de Business, contribuam para o desenvolvimento de negócios”, explica Andrade.
Para o professor, a equipe designada para fazer o plano de governo da Tabata, no que tange a relações internacionais, é uma equipe que tem uma “preocupação muito grande” para o crescimento desse setor.
“A Secretaria de Relações Internacionais de São Paulo vê uma oportunidade de estabelecimento de parcerias para novos negócios”.
O professor finaliza pontuando que “não é nenhum absurdo dizer que é um plano que busca contribuir para a melhoria do ambiente do negócio em São Paulo.”