A Vale informou hoje que, nos cinco próximos anos, investirá R$ 11 bilhões (US$ 2,5 bilhões) para ampliar o processamento a seco de minério de ferro, que elimina a necessidade de barragens de rejeitos e reduz o risco de acidentes e tragédias como as da Samarco, no Rio Doce, e de Brumadinho. A empresa diz que investiu quase R$ 66 bilhões (US$ 17,5 bilhões) para instalar e ampliar o uso do processamento a seco – ou umidade natural – do minério de ferro produzido em suas operações no Brasil nos últimos 10 anos. Por não usar água no processo, o método não produz rejeito e, portanto, não utiliza barragens. Hoje, cerca de 60% da produção da Vale ocorre a seco e a meta é chegar a até 70%.
O processamento a umidade natural é usado nas minas de Carajás, Serra Leste e Complexo S11D Eliezer Batista, no Pará, e em diversas unidades em Minas Gerais. No Pará, no chamado Sistema Norte, cerca de 80% das quase 200 milhões de toneladas produzidas em 2018 foram por meio do processamento a seco. A principal usina de Carajás, a Usina 1, está em processo de conversão para umidade natural: das 17 linhas de processamento da planta, 11 já são a seco e as seis linhas a úmido restantes serão convertidas até 2022.
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As plantas de tratamento de Serra Leste, em Curionópolis, e do S11D, em Canaã dos Carajás, também não utilizam água no tratamento do minério. No S11D, por exemplo, o uso da rota de processamento à umidade natural permite reduzir em 93% o consumo de água quando comparado com um projeto convencional de produção de minério de ferro. A economia de água equivale ao abastecimento anual de uma cidade de 400 mil habitantes. Em Minas Gerais, o processamento a seco foi ampliado de 20%, em 2016, para 32%, em 2018. Hoje, esse tipo de processamento está presente em diversas unidades, como Brucutu, Alegria, Fábrica Nova, Fazendão, Abóboras, Mutuca, Pico e Fábrica. Para os próximos anos, o objetivo é empregá-lo em outras localidades de Minas Gerais, como por exemplo os projetos Apolo e Capanema, que atualmente encontram-se em fase de licenciamento ambiental. O processamento a seco está vinculado à qualidade do minério de ferro extraído na frente de lavra, explica a mineradora. Em Carajás, como o teor de ferro já é elevado (acima de 64% de ferro), o material somente é britado e peneirado, para ser classificado por tamanho (granulometria). Já em Minas Gerais, o teor médio é de 40% de ferro, contido em rochas conhecidas como itabiritos. Para aumentar o teor, o minério é concentrado por meio do beneficiamento realizado a úmido, ou seja, com água. O rejeito, composto basicamente por sílica, é depositado com a água nas barragens. O minério de alto teor resultante do processo pode ser, então, transformado em pelotas nas usinas de pelotização, aumentando o valor agregado do produto. As usinas que operam a seco em Minas dependem da disponibilidade de minérios com teores mais altos – em torno de 60% – ainda encontrados em algumas minas do Estado. Para atingir a qualidade necessária e ser incorporada no portfólio de produtos da Vale, é necessária a blendagem (mistura) com os minérios de Carajás, realizada nos centros de distribuição da Vale na China e na Malásia. O processo permite oferecer um minério de ótima qualidade e em linha com a necessidade dos clientes.