A tragédia do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, além das graves perdas humanas, sociais e ambientais, trará impactos sérios para a Vale e seus sistemas de exploração de minério, acreditam analistas. Eles tentam calcular o tamanho desse impacto para a empresa, não só imediato, em termos de imagem e indenizações para os atingidos e para o meio-ambiente, mas a necessidade que ela terá de rever suas políticas de atuação nesse tipo de empreendimento para impedir que novas tragédias ocorram. O caso pode ter desdobramentos no processo da Samarco, em que se discute uma indenização de US$ 40 bilhões da empresa.
O banco suíço UBS lembra que a mina cuja barragem rompeu é uma das quatro do complexo de Paraopeba, no Estado de Minas Gerais, que por sua vez integra o Sistema Sudeste de minas da empresa. Mas a barragem estaria inativa desde 2014 e programada para ser deativada, ou descomissionada. Como a barragem de rejeitos estava inativa, ainda não está claro se a produção logística será afetada.
Segundo o UBS, a tragédia anterior, da Samarco, foi bem maior em termos de impactos ambientais, com 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos, mas com menos vítimas, 19 mortos e 16 feridos. A empresa firmou US $ 5,3 bilhões em acordo legal inicial com mais US $ 40 bilhões em processo pendente. Houve uma perda de 25 a 30 milhões de toneladas de produção de pelotas e uma queda no valor de mercado de US $ 2,2 bilhões no primeiro dia de negociação.
Já Brumadinho tinha uma capacidade de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, mas um número muito maior de vidas perdidas, com 58 mortes confirmadas e 300 desaparecidos e estava desativada. Mas a Vale já perdeu US$ 6,3 bilhões no primeiro dia do acidente.
Para o UBS, as principais perguntas dos investidores são:
- Qual é o risco de curto prazo para a produção de minério de ferro, se houver?
- Existe um risco de impacto para o acordo pendente de indenização civil de US $ 40 bilhões da Samarco?
- Qual é o risco para a retomada das atividades da Samarco, que segue parada?
- Como este é o segundo grande derramamento, o risco financeiro e monetário é maior do que o da Samarco?
- Qual é o risco futuro para a produção da Vale que é baseado em barragens de rejeitos (por exemplo, no Sistema Sudeste)?
- Além das inspeções regulares, quais medidas, se houver, a administração vai tomar para todo o complexo de rejeitos da Vale, por exemplo? É possível criar instalações de concreto armado pós-Samarco/Brumadinho?
- Qual é o risco para a gestão?