A Safra Corretora rebaixou hoje suas projeções para a ação da Cielo, reduzindo o preço-alvo para R$ 8,00, ante a estimativa anterior de R$ 12,00 para o fim deste ano. Um corte de 33%, ou um terço do valor esperado para o papel. A corretora manteve o rating Neutro (manutenção) para a ação “devido à deterioração contínua no segmento de adquirência de cartões em um ambiente competitivo”, numa referência à guerra das maquinhas que tomou conta do mercado.
No relatório, os analistas Luis Azevedo e Sílvio Dória explicam que ajustaram suas estimativas para a Cielo para incorporar resultados recentes e estimativas mais conservadoras para o negócio de aquisição, devido a uma concorrência mais acirrada. Esses eventos foram parcialmente compensados por uma revisão para baixo das premissas de taxa de desconto.
Segundo os analistas do Safra, a Cielo deve ter um desafio em 2019 para atingir sua projeção de ganhos. Os resultados fracos da Cielo no primeiro trimestre e o recente movimento da concorrência reduzindo taxas e custos para os clientes dificultaram o cumprimento da projeção de ganhos (variação de R $ 2,3 bilhões a R $ 2,6 bilhões) no final do ano.
“Nossas premissas já assumem que a Cielo não chegará perto de alcançar o piso da projeção”, diz o relatório, que cita uma estimativa de lucro ajustado para 2019 caindo de R$ 2,45 para R$ 1,91 bilhão, representando uma contração de 42% em relação ao lucro líquido do mesmo período do ano anterior. Para 2020, a projeção do Safra passou de R$ 2,3 bilhões para R$ 1,7 bilhão.
A corretora revisou as estimativas de receita para baixo devido a pressão sobre os preços dos serviços prestados pela Cielo. No modelo do Safra, os analistas assumem uma pressão de baixa nos preços para aquisição de negócios (taxas de MDR, cobrada do lojista em cada transação, leasing de maquinhas, ou POS, e antecipação de recebíveis). “Esperamos que os rendimentos continuem a diminuir ao longo de 2019 e no início de 2020, uma vez que alguns contratos de comerciantes devem ser renovados a preços muito mais baixos”, afirmam os analistas no relatório.
Como consequência, a corretora espera que a Cielo reduza em 7,3% a receita líquida em 2019, levando a uma Taxa Anual Composta de Crescimento (CAGR, indicador de retorno) entre 2018 e 2021 negativa de 1,0%, impulsionada principalmente pela queda de dois dígitos nas receitas de locação das maquininhas (POS) e 14% de redução na receita de tarifa por transação (MDR).
Em termos de receita financeira da linha de antecipação de recebíveis (ARV), o Safra espera redução de 15% para 2019 (principalmente devido a spreads menores), uma vez que os volumes podem subir. Embora espere que o volume transacionado por cartões (TPV) da Cielo cresça 2,5% em 2019, a empresa deve continuar perdendo participação de mercado, já que o TPV da indústria pode crescer cerca de 15% em 2019.