quinta, 28 de março de 2024
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Inter (INTR) cai 11%, após amargar queda de 12,5% em estreia na Nasdaq. O que pensa o Goldman Sachs?

Analistas acreditam que a listagem nos EUA pode melhorar a visibilidade das ações, e alcançar um conjunto mais amplo de investidores, porém, defendem que o banco possui grandes desafios na monetização de clientes

24 junho 2022 - 14h28Por Investing.com

Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com Brasil - Às 14:22 desta sexta-feira (24), no horário de Brasília, as ações de Inter (NASDAQ:INTR) caíam 10,92%, a US$ 3,10, no segundo dia de negociações da companhia na bolsa norte-americana.

Após o banco digital concluir com sucesso a sua migração da base acionária para a Nasdaq, o Goldman Sachs (NYSE:GS) considerou prudente refazer a sua análise sobre o ativo.

Os analistas acreditam que a listagem nos EUA pode melhorar a visibilidade das ações, e alcançar um conjunto mais amplo de investidores, porém, o Goldman Sachs também defende que o Inter ainda possui grandes desafios na monetização de clientes. 

Agora, o Goldman Sachs tem uma indicação de VENDA sobre as ações do Banco Inter, com preço-alvo em US$ 4. 

Segundo o relatório divulgado, o Goldman Sachs aponta que as dificuldades do Inter em monetizar os seus clientes está relacionada com a exposição limitada ao crédito sem garantia, à menor escala e taxa de ativação e ao foco de expansão internacional. 

O novo preço-alvo do Goldman Sachs considera um valuation de US$ 1,6 bilhão, o que se compara ao valuation da antiga ação BIDI4. A ação na Nasdaq está negociada atualmente a 24x 2023E P/E.

Com a listagem na bolsa americana, o Inter passa a ter ações de classe dupla.

O primeiro tipo seria de ações ordinárias classe A com um voto por ação, listadas na Nasdaq e BDRs listados na B3 (SA:B3SA3).

Enquanto o segundo, seria de ações ordinárias classe B com 10 votos por ação, de propriedade integral dos acionistas controladores da Inter, mas não listadas em bolsa.

A ideia do Inter também se concentra em desvincular das metodologias tradicionais de valuation bancário,  como por meio de P/BV e ROE, para se aproximar das metodologias de empresas de tecnologia, com a análise de EV/Receita e EV/clientes.

O Goldman Sachs destaca que o Inter criou uma base sólida de 19 milhões de clientes e que desde 2015, quando começou a focar no digital, tem inovado em relação aos seus produtos.

Porém, uma abordagem cautelosa ao crédito não garantido, que gera perdas no núcleo da receita de varejo, se torna algo que levanta um sinal de alerta sobre a sua lucratividade.

O Inter também não apresenta vantagens competitivas claras em suas verticais de negócios, considerada sua baixa participação de mercado, na visão do Goldman Sachs, que também considera mais desafiador iniciar um projeto de expansão nos Estados Unidos ao invés de ampliar a base de clientes no Brasil.

O Goldman Sachs destaca de forma negativa o menor índice de cobertura do Inter em relação a outros bancos de varejo, e permite o crescimento de menor margem de segurança no crédito sem garantia.

Quando comparado com o Nubank (NYSE:NU)(SA:NUBR33), por exemplo, o Inter possui menor escala e menor taxa de ativação, apesar de possuir um portfólio de produtos maior. 

Do lado positivo, o Goldman Sachs acredita que o Inter deve conseguir capturar o potencial de valorização ao reprecificar seus cartões de crédito e empréstimos consignados, que tradicionalmente estão abaixo das médias do mercado.

Assim, o banco atualizou as suas estimativas de lucros recorrentes em 13% em 2022, 14% em 2023 e 9% em 2023, com premissas um pouco melhores para crédito NII.

Porém, as projeções do Goldman Sachs para o lucro líquido do Inter para 2022 estão agora 25% abaixo dos Dados Visíveis do Consenso Alpha, 20% abaixo para 2023 e 45% abaixo para 2024.