O Itaú BBA realizou uma revisão de sua cobertura no segmento de transportes e autopeças, reafirmando a classificação positiva para determinadas empresas, como Randoncorp (RAPT4), Marcopolo (POMO4) e Fras-le (FRAS3), após os resultados do terceiro trimestre. No entanto, para Tupy (TUPY3) e Iochpe-Maxion (MYPK3), houve uma modificação na visão, alterando de "desempenho acima da média do mercado" para "desempenho de mercado", correspondendo a uma avaliação neutra.
A análise do Itaú BBA enfatiza uma postura mais cautelosa em relação à Tupy e Iochpe, com base na exposição dessas empresas aos mercados de caminhões nos Estados Unidos e na União Europeia, esperando uma desaceleração nesses mercados em 2024.
As ações das companhias apresentaram queda na abertura do mercado nesta terça-feira, com recuo de 2,77% para Tupy, cotadas em R$ 25,29, e de 2,05% para Iochpe-Maxion, a R$ 11,92 às 10h14 (horário de Brasília).
Apesar de avaliações consideradas "aparentemente atrativas", com valores calculados em 4,4 vezes a relação entre valor da empresa (EV) sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) para Iochpe e 4,2 vezes o EV/EBITDA para Tupy, o Itaú BBA prevê que a perspectiva menos otimista para o quarto trimestre de 2023 e para 2024 continue a influenciar o desempenho das ações dessas empresas.
A empresa preferida no setor, segundo a análise, é a Randoncorp. A avaliação destaca que a empresa se beneficia tanto da sólida demanda de caminhões para 2024 quanto de aspectos internos, como uma avaliação atrativa com EV/EBITDA 25% abaixo da média histórica.
A ação RAPT4 tem recomendação de desempenho superior, com um preço-alvo estabelecido em R$ 16,50. Além disso, a subsidiária Fras-le oferece perspectivas contínuas de desempenho sólido.
A análise mantém a classificação de desempenho superior para Randoncorp e Marcopolo, fundamentada nos bons resultados que coincidem com suas valorações atrativas, estando negociadas a 5,5x e 4,6x em 2024, respectivamente, cerca de 30% abaixo da média histórica.
No caso da Marcopolo, mesmo após uma valorização significativa em 2023, a análise aponta que a ação continua negociada a 6 vezes o seu preço sobre lucro para 2024, oferecendo um desconto de 50% em relação à sua média histórica.
A empresa também apresenta uma tendência de aceleração de ganhos, com uma estimativa de resultado líquido de R$ 932 milhões para 2024, 15% acima do consenso do mercado. O preço-alvo considerado para a Marcopolo é R$ 8,00.
O otimismo é respaldado pelos resultados trimestrais anteriores da Marcopolo, que demonstraram o impacto da inflação nos preços dos ônibus e a recuperação dos volumes em todos os setores, embora os níveis pré-pandêmicos ainda não tenham sido alcançados.
O Itaú BBA também destaca o aumento das operações internacionais, uma frente que não tinha um bom desempenho anteriormente, e a surpresa positiva proporcionada pela última rodada do programa Caminho da Escola.
A Tegma também foi destacada como um nome com potencial de valorização atraente e teve sua classificação elevada para desempenho superior, com um preço-alvo estabelecido em R$ 33,00.
Segundo a análise, a empresa oferece perspectivas de crescimento com base no fluxo de caixa descontado e a possibilidade de um rendimento de dividendos de 7% para 2024. Durante a manhã, as ações subiram 4,69% (R$ 27,93).
A Fras-le é considerada com uma "valorização mais elevada", negociada em 12 vezes o preço sobre lucro para 2024, mas ainda assim é recomendada como desempenho superior, com um preço-alvo estabelecido em R$ 20,50 para 2024.
O Itaú BBA projeta uma retomada sólida na indústria brasileira de caminhões, embasada pela recuperação histórica nos volumes, especialmente após as transições de motorização.
Esse avanço é favorecido também pela expectativa de taxas de juros mais baixas, liberando a demanda reprimida, e pela perspectiva positiva para o agronegócio, mesmo com desempenho variado em diferentes regiões do Brasil.
A expectativa é de um recuo na indústria internacional de caminhões, justificando a visão mais negativa para os nomes rebaixados pelo Itaú BBA.
"Principais fabricantes, como Paccar, Daimler, Volvo e Iveco, preveem vendas menores de caminhões em 2024 tanto na Europa quanto nos EUA. Isso é uma notícia negativa para Tupy e Iochpe, dada sua exposição de cerca de 40% e 25%, respectivamente, à receita de veículos comerciais nessas regiões", destaca o relatório.
Mesmo sem expectativas de deterioração no setor de veículos leves e com a possibilidade de um mercado ligeiramente mais positivo em 2024, o crescimento não é suficiente para compensar as notícias negativas para empresas expostas a veículos comerciais no exterior.
Nesta terça-feira (5) as ações da Randoncorp operam em alta de 0,95%, cotadas a R$ 11,86, assim como as da Marcopolo, que sobem 1,60%, a R$ 5,08. Também apresentam alta as ações da Fras-le, subindo 0,32%, a R$ 15,85.