Investimentos

Plano Safra não dá conta: agro corre para o crédito privado

Com juros altos e crédito bancário limitado, produtores rurais estão recorrendo aos FIDCs como alternativa ao Plano Safra. No primeiro semestre de 2025, as emissões desses fundos com lastro no agro cresceram mais de 40%. Além de crédito, oferecem previsibilidade, agilidade e flexibilidade financeira. A tendência é que ganhem ainda mais espaço no financiamento agrícola.

Leitura: 3 Minutos
FIDCs / Plano Safra / Gueratto Press
FIDCs consolidam-se como principal ferramenta privada de financiamento para o agronegócio, superando R$ 500 bilhões em crédito rural no Plano Safra 2025/2026 | Crédito: Divulgação

Os juros seguem elevados e o crédito bancário está cada vez mais restrito. A fim de garantir capital para produção, os produtores rurais buscam soluções mais eficientes. O novo Plano Safra 2025/2026 superou a marca histórica de R$ 500 bilhões em crédito rural.

Além disso, reserva R$ 89 bilhões para a agricultura familiar. No entanto, uma fatia significativa do agronegócio permanece à margem dessas linhas de financiamento subsidiadas, especialmente médios e grandes produtores.

Nesse cenário, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) consolidam-se como a principal ferramenta privada de financiamento para o setor. As emissões de FIDCs lastreados em ativos do agro cresceram mais de 40% no primeiro semestre de 2025.

Mais que crédito: gestão estratégica no campo

Esses fundos estruturam-se a partir de recebíveis agrícolas, CPRs e contratos de fornecimento. Assim sendo, oferecem liquidez, previsibilidade e agilidade, três atributos essenciais para o planejamento da próxima safra. Os fundos operam com lógica de mercado e estrutura personalizada, diferentemente do crédito tradicional, frequentemente limitado por burocracia e volume.

A verdade é que o Plano Safra não consegue atender todas as necessidades do setor. A previsibilidade que os FIDCs oferecem torna-se um diferencial valioso para o produtor rural que planeja a próxima safra com meses de antecedência. Os fundos estruturados operam com base em análise de risco, garantias e contratos, em contraste com o crédito público, sujeito a contingenciamentos e mudanças políticas. Isso aumenta a segurança tanto para quem toma quanto para quem investe“, afirma Gustavo Assis, CEO da Asset Bank.

Os FIDCs mostram-se não apenas uma alternativa de crédito, mas também uma verdadeira ferramenta de gestão financeira no agro.

Previsibilidade dos FIDCs

Os fundos estruturados adaptam-se à realidade do campo, marcada por ciclos longos, margens estreitas e alta exposição a riscos climáticos e de preços. Isso ocorre ao permitirem a antecipação de recebíveis, o alongamento de prazos e proteção contra oscilações de mercado.

Como resultado, a flexibilidade na estruturação financeira torna-se um diferencial competitivo para produtores e cooperativas que buscam eficiência e resiliência. Além disso, os FIDCs proporcionam previsibilidade no fluxo de caixa e oferecem melhores condições que o sistema bancário convencional. Bem como permitem operações sob medida, alinhadas ao perfil produtivo de cada projeto agrícola.

Em conclusão, a tendência aponta para um protagonismo ainda maior desses fundos nos próximos ciclos. Vivemos num ambiente onde agilidade e inteligência financeira tornaram-se peças-chave para garantir a produtividade e a competitividade do agronegócio brasileiro.