sexta, 26 de abril de 2024
PIB 2019

PIB cresce 1,1% em 2019 e reflete mais um ano lento

04 março 2020 - 09h07Por Carolina Unzelte
O PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 foi de R$ 7,3 trilhões, um aumento de 1,1% em relação ano anterior. Já entre outubro e dezembro do ano passado, a alta foi de 0,5% na comparação com o 3º trimestre de 2019.  É o terceiro ano consecutivo de crescimento do indicador. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (4), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número de 2019 completa uma sequência de números que mostram a economia brasileira com recuperação rastejante, com o PIB de 2018 e de 2017 com altas de 1,3%. 

A anatomia de um PIB

Para Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, a agenda de reformas, que equilibraria as contas públicas, ficou obstruída depois da aprovação da alteração das regras da aposentadoria, em outubro. Assim, nem houve avanço para medidas que aumentam a produtividade, como privatizações e concessões. “Mesmo a reforma da previdência foi vendida errado”, diz a especialista. “Ela serviu para retirar o país do patamar insustentável, não para colocá-lo na roda do crescimento”. O Brasil gasta 13% do seu PIB com o pagamento de aposentadorias, conforme levantamento de 2018 do IBGE. Já para Margarida Gutierrez, professora de economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), além da incerteza com a demora das reformas no Legislativo, o resultado do ano também foi afetado pelo impacto da tragédia de Brumadinho, em janeiro.  “Também não podemos esquecer que a economia mundial atuou contra a brasileira, com o menor crescimento chinês e a crise na Argentina, que é um grande importador do Brasil”, aponta. O país vizinho fechou o ano passado com uma retração estimada de 0,5% no PIB e a pobreza atingindo mais de 35% da população, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).

E agora?

Para o primeiro trimestre de 2020, a expectativa é que haja impacto do surto de COVID-19, mas Gutierrez ressalta que os juros futuros ainda estão caindo. “Isso mostra que a epidemia não será um grande fator de desaceleração”, explica.  E o que falta para a atividade brasileira engrenar de fato? Para Srour, é estimular confiança. “A incerteza sobre a agenda econômica ronda os investidores”, explica a economista da ARX. “É preciso superar a desorganização política e mostrar estabilidade”.