sexta, 26 de abril de 2024
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Papel da Petrobras cai 4,9% no exterior após estatal rever reajuste do diesel

12 abril 2019 - 10h37Por Angelo Pavini
Os recibos de ações (ADRs) da Petrobras caíram 4,9% nas negociações após o fechamento dos mercados. Como o papel já havia caído 3% no pregão normal, a queda de ontem foi de quase 8%. A explicação foi a decisão da empresa de rever o reajuste de 5,7% no preço do diesel nas refinarias anunciado horas antes. A decisão foi vista como uma possível intervenção do governo Jair Bolsonaro na política de preços da empresa. O presidente deu declarações favoráveis aos caminhoneiros recentemente, na tentativa de evitar uma nova paralisação diante de sinais de descontentamento e protestos pela alta do diesel. O reajuste seria o primeiro em 20 dias, dentro da política da empresa de suavizar o impacto da alta dos preços do produto no exterior para evitar o impacto nos preços internos e evitar novo confronto com os caminhoneiros. Os motoristas voltaram a ameaçar parar as rodovias depois que os preços começaram a se recuperar no exterior. Em nota, a empresa informou que avaliou no fim do dia, com o fechamento do mercado, que há margem para espaçar em mais alguns dias o reajuste do diesel. Mas, para muitos investidores, a medida foi vista como um sinal de interferência do governo, o que foi negado pela empresa. Quer investir mas não faz ideia de como começar? Abra sua conta na XP Investimentos e comece a investir! O objetivo é tentar evitar uma greve dos caminhoneiros que está por vir, afirma Pablo Stipanicic Spyer, diretor da corretora Mirae Asset. “Secundariamente, há o impacto nos preços, já que a inflação do IPCA veio um pouco mais forte em março, e segurar o preço do diesel reduz a pressão”, diz. Apesar de a Petrobras afirmar que os preços estão dentro da paridade, o reajuste já era esperado e o recuo da empresa pode ser atribuído a esses dois fatores, em especial evitar nova paralisação dos caminhoneiros, diz o executivo. A expectativa é de que os preços das ações da estatal retomem os negócios na B3 hoje em queda forte, repercutindo o recuo no exterior, afirma Spyer. “Um alívio para o papel pode vir da alta dos preços do petróleo no exterior, de 1,4%”, observa. Mas o cenário geral da bolsa também não é positivo, pelo clima pesado na área política e novos confrontos entre o governo e o centrão, que ameaça adiar a votação do projeto de reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), prevista inicialmente para a semana que vem. “Atrasos na tramitação da reforma podem ocorrer, trazendo desconforto para o governo e instabilidade para os mercados, e isso deve levar a uma abertura do Índice Bovespa mais negativa, movimento acentuado pela Petrobras, e uma alta do risco-país no exterior, hoje”, afirma Spyer. Segundo a LCA Consultores, dados da China de crédito bancário e de exportações impactam positivamente os mercados internacionais, em especial as ações e commodities, por isso a alta do petróleo. Na agenda dos EUA, há a divulgação da prévia de abril do Índice de Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan. A expectativa do mercado, diz a consultoria, é de estabilidade.
Já no Brasil, a suspensão do reajuste da Petrobras a pedido do governo impactará negativamente os mercados domésticos. Na agenda doméstica, há apenas os dados do setor de serviços de fevereiro, que devem ser fracos.
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