Muitos aspectos devem ser levados em consideração antes de decidir participar da abertura de capital de uma empresa na bolsa.
08 outubro 2019 - 19h14Por Laís Martins
Em 2019, um dos termos mais falados no mundo dos investimentos foi o IPO. Só neste ano tivemos o IPO da Centauro, da Uber e agora há muita especulação e euforia em torno do IPO da joalheria Vivara.Mas, afinal, o que é esse tal de IPO? O investidor pessoa física pode participar desse processo? Por que o mercado presta tanta atenção nisso? Beneficia a empresa? Como?Se você tem essas e outras dúvidas, continue lendo a matéria porque a SpaceMoney vai esclarecer esse assunto, dar algumas dicas para participar dos próximos IPOs que podem acontecer e, ainda, mostrar alguns exemplos de empresas que se deram muito bem no processo e outras que viram seus papéis despencarem.
O que é?
A sigla IPO significa Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial. Esse termo quer dizer que uma empresa vai abrir seu capital pela primeira vez. Assim, ela passará a distribuir ações em uma bolsa de valores e permitirá que acionistas adquiriram partes da companhia.A principal razão para uma empresa abrir capital é captar recursos para realizar um projeto, aquisição ou expansão dos negócios. Assim, para conseguir uma grande quantidade de dinheiro, as empresas podem optar por ir ao mercado e fracionar partes da companhia para novos sócios. Na prática, esses novos sócios comprarão as ações e, dessa forma, passarão a emprestar seu dinheiro para a empresa, com a expectativa de crescimento e retorno do lucro.
Como funciona o processo?
O processo é bastante longo, pode demorar anos e custar milhões de reais. São necessários advogados, contadores, bancos, corretores, auditores e especialistas da CVM para validar o processo.Antes de iniciar o processo, geralmente, as empresas arrumam a casa para entrar no mercado. Elas efetuam um mapeamento das áreas que precisam de melhorias e executam um plano de ação para a gestão.Depois disso, o primeiro passo consiste no levantamento de desempenho financeiro da empresa. O histórico geralmente coleta dados de três anos de operação da empresa.Após o levantamento, realizam-se contratos para transição de propriedade para que a empresa seja listada na bolsa de valores. No último mês de preparo, a companhia transmite seu histórico para a CVM e emite o comunicado de imprensa.
Fonte: Price Waterhouse Coopers, ou PwC.
Por que o IPO chama tanta atenção do mercado?
Segundo o agente autônomo da Ipê Investimentos Sérgio Brito, os IPOs chamam bastante atenção porque o mercado analisa se a empresa que vai realizar o IPO tem um potencial de valorização e de crescimento. “Em tempos de juros baixos, o IPO pode trazer bastante lucro. Assim, os investidores ficam apreensivos e acompanhando todos os passos do processo”, explicou.O potencial de lucro quando se entrar em um IPO pode ser bastante grande. Se a empresa mostra resultado, bom fluxo de caixa e capacidade de gerir seus negócios, os papéis no mercado sobem. Assim, aquele investidor que entrou no IPO terá lucros consideráveis com a variação.Na visão de Brito, a maior vantagem é que o investidor se garante e não terá de comprar os papéis já em alta. “Quanto antes você comprar por um menor valor, melhor”, opinou.
Nem tudo são flores
Entretanto, é importante que o investidor tenha em mente que, assim como o papel pode se valorizar muito, ele também corre o risco de cair. “Quando falamos de IPO estamos falando de Bolsa, de renda variável. Se o investidor não estiver atento a isso e não se informar direito, pode acabar tendo um grande prejuízo”, afirmou Brito.Além disso, o agente autônomo fez questão de lembrar que os IPOs são mais recomendados para os investidores que estão familiarizados com o risco e que possuem disposição para enfrentar as oscilações. Se você não é um investidor arrojado, talvez o IPO não seja para você.
Os cuidados que o investidor deve ter para entrar no IPO
Quando uma empresa grande anuncia sua abertura de capital, é comum muitas pessoas entrarem no IPO apenas por euforia. Na opinião de Brito, esse é um dos erros mais cometidos pelos investidores. “Nunca se deve entrar em um IPO só porque é um IPO. O investidor deve pesquisar sobre a empresa, sobre a gestão, seu fluxo de caixa e, acima de tudo, confiar no potencial da empresa. Para confiar, é preciso ter dados. Por isso eu aconselho que a pessoa leia muitos researchs, leia sobre os aspectos bons e ruins da empresa e não se prenda a uma só fonte”, aconselhou.Além disso, analisar o setor no qual a empresa está inserida também é importante. Um setor que está instável por algum motivo, como o da celulose, afetado pela guerra comercial, traz mais incertezas. “As pessoas precisam parar de enxergar a bolsa como um mercado que trabalha apenas com a especulação. Os acontecimentos ao redor do mundo e do meio político influenciam os desempenhos”, acrescentou.Por fim, analisar os agentes e bancos envolvidos no processo é muito importante. A regulamentação da CVM exige que a distribuição pública de ações seja coordenada por um intermediário financeiro credenciado. Geralmente são bancos, corretoras ou distribuidora.A instituição coordenadora líder (também chamada de underwriter) coordena os procedimentos de registro na CVM, estruturação, tempo da oferta, processo de formação de preço, plano de distribuição e organização da apresentação da operação ao mercado.“No caso da Vivara, por exemplo, o coordenador líder é o Itaú e as outras instituições vinculadas são o Bank of America e o JP Morgan. Isso traz mais segurança para o investidor porque essas estão entre as maiores e mais influentes instituições do mercado”, finaliza.
Como entrar no IPO?
Para você reservar as ações é necessário abrir uma conta em uma corretora de valores que está participando do IPO. Assim, você deve informar o volume financeiro que deseja comprar.É importante lembrar que, após a reserva, não será possível desistir da operação. Além disso, é necessário pagar por um percentual do valor das ações reservadas para garantir a sua parcela no IPO.
Alguns IPOs de sucesso
Abrir capital, como você agora sabe, pode ser um negócio de muito risco. Entretanto, algumas empresas conseguiram manter seu crescimento e hoje possuem valorizações absurdas. A Netflix, por exemplo, possui uma valorização em torno de 14.000% desde sua abertura de capital. Veja alguns dos desempenhos de grandes empresas abaixo:
Os fracassos da bolsa
Em 2019, a Uber fez seu IPO. Em maio, as ações foram precificadas em US$ 45. Hoje, elas perderam 50% do valor.Aqui no Brasil, entre 2007 e 2008, tivemos o boom dos IPOs. Naqueles anos, muitas empresas abriram seus capitais mas nem todas elas vingaram. Dentre elas está o Banco Pine. Veja abaixo: