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Não há consenso entre economistas se Copom inicia redução da Selic nesta semana

30 julho 2019 - 13h50Por Investing.com
O Comitê de Política Monetária inicia nesta terça-feira (30), na sede do Banco Central em Brasília (DF), a reunião de dois dias de política monetária para definir pela manutenção ou redução da taxa básica de juros. A expectativa de economistas ouvidos pela Reuters é de reinício de redução da Selic com um corte de 0,25 ponto percentual. De acordo com a projeção dos analistas de mercado compilada no último Boletim Focus, divulgada ontem, espera-se uma Selic de 5,5% ao ano no fim do ano. É, portanto, consenso no mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve retomar o ciclo de flexibilização monetária neste segundo semestre. Os fatores que devem levar a essa decisão são o nível de atividade fraca, inflação em patamares confortáveis e aprovação da reforma da Previdência em 1º turno no plenário da Câmara, que teve, no começo de julho, uma ampla votação e texto final com uma estimativa considerável de economia fiscal para os próximos 10 anos. De acordo com o último Boletim Focus, a estimativa de crescimento continua abaixo de 1% para este ano, em 0,82%. No início do ano, os economistas projetavam crescimento de 2,53%. Além disso, o índice oficial de inflação (IPCA) deve encerrar o ano em 3,82%, abaixo do centro da meta de 4,25%, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em relação à reforma da Previdência, a sua não-aprovação era apontada pelo Copom, em comunicados após as reuniões, um risco relevante para escalada inflacionária.

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Diante desse quadro, não há, portanto, divergência dos economistas quanto à avaliação do Copom das condições econômicas e políticas para conduzir o reinício do processo de redução da Selic. A dúvida está, no entanto, relacionada quanto ao início do corte da taxa básica de juros e seu tamanho, de acordo com economistas. Há quem aposte no reinício do ciclo de redução de juros na reunião seguinte da que se inicia hoje. “O corte [de juros] vai acontecer após aprovação [final] da Reforma da Previdência”, projeta Giulia Coelho, economista da 4E Consultoria, que aponta a clareza do comunicado da última reunião em relação ao momento para o início do próximo ciclo de flexibilização monetária, que deve ocorrer em setembro, junto com a tramitação final da reforma da Previdência no Congresso, com um corte de 0,25 ponto percentual. A economista aposta em um ciclo de três cortes de 0,25 ponto percentual cada, com a Selic encerrando 2019 em 5,75% ao ano. Coelho afirma que o Copom vai manter o tom do comunicado da última reunião, que teve uma mudança ao retirar parte dos riscos em relação à inflação, o que levou a uma mudança da projeção da economista, que antes da reunião de junho não estimava queda da Selic neste ano. “A gente acha que vai ser um erro, não é a melhor maneira de conduzir a política monetária”, avalia a economista da 4E, que aponta o efeito estimulativo da reforma da Previdência que deve, combinada com os juros menores, impactar nos preços a partir do ano que vem, assim pressionando o Banco Central a iniciar um ciclo de alta de juros, com início projetado para maio pela consultoria. “A [não-aprovação] da reforma da Previdência era o maior risco [de inflação] ao Banco Central na última reunião, mas ela passou”, afirma Rafael Cardoso, da Daycoval Asset, que avalia a aprovação em 1º turno da reforma com votação muito acima dos três quintos necessários uma condicionante suficiente para que o Copom reduza em 50 pontos-base nesta semana a taxa básica de juros. Além disso, a economia estimada de R$ 900 bilhões no texto aprovado é maior do que o mercado estimava na avaliação de Cardoso, que aponta risco de desidratação durante a continuação da tramitação, mas sem impactar na expectativa do mercado quanto ao impacto fiscal necessário para equilibrar as contas públicas. “Seria diferente se o texto tivesse [quase] 380 votos com R$ 600 bilhões de economia”, explica o economista do Daycoval Asset, ao se referir à cifra de economia estimada que o mercado trabalhava no início da tramitação. Além do corte de julho, Cardoso aposta em outra redução de 50 pontos-base na reunião de setembro, com a Selic ficando em 5,5% ao ano até o fim do ano. “O fator principal é a aprovação da reforma da Previdência, mas cenário externo também contribui”, avalia Marcela Rocha, economista-chefe da gestora Claritas Investimentos, que analisa o processo de afrouxamento monetário dos principais Bancos Centrais que validam o movimento da autoridade monetária brasileira, que deve iniciar o corte com 25 pontos-base ainda buscando entender os efeitos da reforma da Previdência na economia. Na avaliação de Rocha, haverá 4 cortes de 0,25 ponto percentual, com a Selic em 5,5% no fim de 2019. Apesar de a expectativa é de manutenção das taxas de juros pelos Bancos da Inglaterra e do Japão nesta semana, o Banco Central Europeu sinalizou na semana passada que deve iniciar o corte de juros na próxima reunião em setembro. Enquanto a expectativa é de que o Fed reduza em 0,25 ponto percentual a taxa dos fundos do Fed – a taxa de referência da economia americana -, de acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com. “O Banco Central não está respondendo à expectativa de queda de juros do mercado. Neste caso, há grande chance de que o corte ocorra”, afirma Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre da Fundação Getúlio Vargas. A economista aborda a queda dos juros futuros na B3. Nesta segunda-feira, o DI para julho de 2020 fechou em 5,41% ao ano, queda de 0,12%. Com o silêncio do Banco Central, Matos aponta que provavelmente a flexibilização monetária se inicia na reunião desta semana com uma queda de 50 pontos-base na Selic, mas afirma que o Ibre/FGV avalia que setembro seria a data mais apropriada para iniciar o processo. “É uma decisão difícil, mas corte está precificado e correto”, afirma, que vê necessidade do afrouxamento monetário para ativar a economia, mesmo com o Ibre prevendo uma expansão de 0,4% no PIB do segundo trimestre. Na avaliação de Matos, haverá três cortes de juros pelo Copom no ano, as duas primeiras em 0,50 ponto percentual e a terceira em 25 pontos-base. Assim, a Selic encerra a 5,25% em 2019 ao ano para o Ibre/FGV.