terça, 23 de abril de 2024
IRB Brasil

IRB Brasil lidera perdas do Ibovespa após reportar prejuízo no 2º trimestre

31 agosto 2020 - 10h46Por Investing.com

Por Gabriel Codas - Investing.com - Na parte da manhã desta segunda-feira na bolsa paulista, as ações do IRB Brasil Re (SA:IRBR3) lideram as perdas do Ibovespa na B3. A performance vem na esteira do balanço do segundo trimestre de 2020, divulgado no sábado (29).

A resseguradora teve prejuízo no período, uma vez que efeitos cambiais e impactos da pandemia de Covid-19 pressionaram ainda mais os números da resseguradora, que tenta corrigir o estrago causado por fraude contábil nos últimos anos. A companhia teve teve prejuízo líquido de R$ 685,1 milhões de abril a junho, ante lucro de 397,5 milhões de reais um ano antes.

Por volta das 10h31, os ativos tinham queda de 4,93% a R$ 7,13, com mínima em R$ 6,95 e máxima em R$ 7,28 e volume negociado em R$ 95,81 milhões. Já o Ibovespa operava em queda de 1,36% a 100.756 pontos, em dia de apreensão no mercado com a entrega do Orçamento de 2021 no Congresso.

Segundo explicou a companhia no relatório, a perda refletiu sobretudo “despesas com sinistros maiores que as normais e efeito de desvalorização cambial”.

Visão dos analistas

XP Investimentos destaca que o resultado foi pior do que a expectativa de mercado, que era de R$ 173 milhões. A corretora destaca que o prejuízo reflete principalmente a desvalorização cambial e ao aumento do volume de sinistros, que deu um salto de 193% anualmente e de 103% no trimestre para R$ 2,3 bilhões;

A resseguradora ainda declarou que a insuficiência de liquidez apontada pela SUSEP aumentou em R$ 1,3 bilhão, montante não coberto pelo recente aumento de capital via emissão primária

Balanço

A resseguradora já havia sido levada a republicar balanços anteriores, “corrigindo distorções decorrentes da modificação intencional e sistêmica de dados operacionais”, o que reduziu o lucro de 2019 em 553,4 milhões de reais e o de 2018 em 117,2 milhões.

Agora, com o prejuízo no segundo trimestre, a insuficiência de liquidez apontada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) em maio subiu de 2,1 bilhões de reais em março para 3,4 bilhões de reais em junho.

Para preencher a lacuna regulatória, o IRB está concluindo um processo de capitalização que, segundo a companhia, levantou 2,2 bilhões de reais até 24 de agosto tendo sido subscritas 97,47% das ações ofertadas.

Porém, a reavaliação de contratos segue em andamento e o IRB avisou que deve se estender por mais meses, “o que implica manutenção de riscos que já haviam sido contratados em 2019 em nossa carteira, com impactos na sinistralidade ainda durante o segundo semestre”, mas que espera resolver a situação e insuficiência de liquidez até o fim do ano.

O IRB abriu processo criminal contra ex-administradores para exigir ressarcimento pelo pagamento não autorizado de bônus a ex-executivos e colaboradores de cerca de 60 milhões de reais.

Em 2020, a ação do IRB acumula desvalorização de 79%.

Executivos da resseguradora discutem detalhes do resultado trimestral e perspectivas em apresentação a analistas e investidores na segunda-feira.

Homologação do aumento de capital

O conselho de administração do IRB Brasil RE homologou nesta segunda-feira aumento de capital privado no valor de 2,3 bilhões de reais, com a emissão de 331.890.331 ações para subscrição privada a 6,93 reais por papel.

De acordo com fato relevante, em leilão especial na B3 para venda das sobras das ações não subscritas no aumento de capital no último dia 28 foram vendidas 8.383.542 papéis, ao preço de 7,05 reais por ação, totalizando 59,1 milhões de reais.

"O valor adicional de 1.006.025,04 reais, obtido com a venda das sobras de ações não subscritas, será destinado à formação de reserva de capital, em conta de ágio na subscrição de ações", afirmou a resseguradora.

Após a homologação, o capital social do IRB Brasil RE passou de 1,953 bilhão de reais, totalmente subscrito e integralizado, representado por 936.000.000 de ações ordinárias e 1 ação preferencial de classe especial de titularidade da União ("golden share"), para 4,253 bilhões de reais, representado por 1.267.890.331 ações e a golden share.

(Com contribuição de Reuters)