Ibovespa

Ibovespa está entre os índices que mais tiveram perdas em 2020. Por quê?

Ibovespa está entre os índices que mais tiveram perdas em 2020. Por quê?

As bolsas estão em pânico com a crise de coronavírus e isso não é novidade pra ninguém. Com perdas generalizadas ao redor do globo, não foi diferente para o Ibovespa, que teve 5 circuit breakers, ou seja, paradas nas negociações, em uma semana. 

Mas o índice brasileiro sofreu mais ainda, quando comparado com os das principais economias mundiais: segundo dados consultados na última segunda-feira (16), as perdas foram de 32,84% no período entre 2 de janeiro e 13 de março, ficando só atrás das quedas experimentadas pelo índice francês CAC 40 e o alemão DAX 30. 

“É natural que a nossa queda seja maior, pois subimos mais nos últimos anos”, afirma Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos. Desde 2016, o Ibovespa encerra o ano com ganhos e, em 2019, a alta foi de 31,58%, segundo dados da B3. 

Além disso, o principal índice da B3 está mais exposto aos choques da epidemia do COVID-19, pois grande parte das empresas listadas trabalha com commodities. “Dessa maneira, qualquer problema com a China, grande importadora desses produtos, penaliza esse tipo de companhia”, explica Camila. 

Somado a isso, as varejistas também sofrem, pela falta de insumos e menor movimento de clientes durante a crise com a nova doença. “E ainda temos a preocupação com o cenário interno, com as pautas fiscais que estão travadas”, lembra a economista. No Congresso, tramitam as reformas tributária e administrativa, mas ainda sem estimativa de aprovação. 

Para onde vai o investidor

O investidor estrangeiro, incerto pela falta de equilíbrio nas contas do Brasil, já vinha diminuindo suas posições brasileiras dentro das cestas de emergentes no último ano, afirma Camila. “Empresas asiáticas ligadas à tecnologia, por exemplo, já eram atrativas, e se tornaram mais, já que recebem impactos menores do surto de coronavírus”. 

No entanto, apesar dos receios, o especialista ressalta que a bolsa brasileira permanece como uma boa opção. O investidor estrangeiro ainda representa cerca de 22% das compras na B3 e as pessoas físicas estão cada vez mais interessadas em renda variável, com a Selic em patamar mínimo.

“As empresas listadas têm bons fundamentos, boa gestão e com preços muito baratos no momento”, explica Camila. “É questão de tempo até a situação se normalizar e esperamos retomada mais rápida do que em crises anteriores”.