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Ibovespa bate recorde com 102 mil pontos e juros caem abaixo de 6%; petróleo sobe 8,8% na semana com confronto EUA/Irã

21 junho 2019 - 20h08Por Angelo Pavini

O Índice Bovespa fechou em alta hoje de 1,70%, aos 102.012 pontos, novo recorde histórico, ajustando-se à alta das bolsas internacionais na quinta-feira, quando o mercado brasileiro estava fechado pelo feriado de Corpus Christi. A expectativa de queda nos juros nos EUA e no Brasil dominou os mercados e fez as bolsas subirem e os juros e o dólar caírem.

Ibovespa sobe 5,13% em junho

Com a alta de hoje, o Ibovespa acumula alta de 4,05 na semana e 5,13% no mês de junho. No ano, o índice sobe 16,07% e, em 12 meses, 45,58%.

E o volume na Bovespa foi expressivo para uma sexta-feira achatada entre o feriado e o fim de semana, com R$ 18,761 bilhões, acima da média do ano, de R$ 16 bilhões, indicando a presença de estrangeiros. No dia 18 de junho, houve ingresso líquido de capital estrangeiro de R$ 412,8 milhões na Bovespa, deixando o saldo no mês positivo em R$ 123,9 milhões. Em 2019, o saldo acumulado está negativo em R$ 3,5 bilhões, segundo o BB Investimentos.

Juros futuros abaixo de 6% até 2021

O dia foi de forte ajuste também no mercado de juros, já que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de sinalizar cortes caso a reforma da Previdência seja aprovada, saiu depois do fechamento de quarta-feira.

Os contratos para janeiro de 2020 encerraram o dia projetando juros de 5,99%, 0,10 ponto percentual abaixo do fechamento de quarta-feira, dia da decisão do Copom. Para 2021, a projeção caiu para 5,86%, 0,17 ponto menor e, para 2022, 6,29%, 0,23 ponto menor. Até os contratos mais longos recuaram bem, com janeiro de 2025 projetando 7,22% (-0,20 ponto) e para 2028, 7,75% (-0,18 ponto percentual).

Juros dos títulos do Tesouro Direto caem

Os juros futuros do Tesouro Direto também recuaram, com os papéis corrigidos pela inflação (Tesouro IPCA+ ou NTN-B) com vencimentos em 2035 e 2045 pagando 3,80% mais IPCA hoje, ante 3,90% mais IPCA de quarta-feira. Já os juros prefixados das LTN (Tesouro Prefixado) para 2022 caíram de 6,54% ao ano na quarta-feira para 6,29% ao ano.

Esse movimento tende a melhorar a rentabilidade de quem comprou esses papéis antes da queda, assim como os fundos renda fixa de mais longo prazo e os renda fixa inflação.

Dow Jones pode ter melhor junho em 80 anos

As bolsas americanas fecharam em baixa, depois da forte alta de quinta-feira e em meio ao aumento da tensão entre EUA e Irã. O Índice Standard & Poor’s 500, que ontem bateu recorde de pontos, fechou hoje em baixa de 0,13%, com o otimismo dos investidores com as declarações do Federal Reserve (Fed, banco central americano) indicando queda nos juros ainda este ano.

O Dow Jones caiu 0,13%, para 26.719 pontos, mas ainda acumula alta no mês de 7,7%, o que pode significar o melhor junho desde 1938, segundo dados da Dow Jones Market Data. O S&P também pode ter o melhor mês de junho deste 1955, com alta de 7,2%. O Nasdad caiu 0,24% e acumula 7,8%, melhor junho desde 2000.

Trump manda atacar Irã, mas depois recua

Na máxima do dia, o Índice Bovespa atingiu 102.099 pontos, puxado pelas ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras, que subiram 2,76%, acompanhando a disparada do petróleo no exterior por conta da crise entre Estados Unidos e Irã.

Hoje, o presidente americano Donald Trump afirmou que determinou o bombardeio do Irã após forças iranianas derrubarem um drone dos EUA, mas depois voltou atrás, avaliando que civis pagariam injustamente por algo que algum ‘oficial estúpido” do Irã teria feito.

Petróleo sobe 8,8% na semana e pode subir mais

Mas o receio de novos conflitos na região do Golfo Pérsico e do Irã manteve o petróleo em alta e o barril do tipo WTI, negociado em Nova York, fechou custando 0,93% mais hoje, para US$ 57,60. Com isso, o petróleo acumulou alta de 8,8% nesta semana, a maior desde a semana encerrada em 2 de dezembro de 2016. Hoje também um incêndio em uma refinaria na Filadélfia, EUA, provocou a alta do gás no mercado internacional. É o maior preço do petróleo desde 29 de maio.

E a leitura dos analistas é que o petróleo ainda pode subir mais caso o conflito entre EUA e Irã continue. A reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), marcada inicialmente para 25 de julho, foi adiada para 1º de julho para aguardar a reunião do Grupo dos 20 países mais desenvolvidos e o esperado encontro entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping. Os países da Opep querem ver se EUA e China fecham um acordo para pôr fim à guerra comercial que ameaça a retomada mundial.

Mais inflação

A alta do petróleo pode pressionar os preços das economias emergentes e desenvolvidas, ao deixar os combustíveis mais caros para a população. E pode complicar os planos de redução de juros de diversos países, incluindo os EUA.

Banco também puxam o Ibovespa

As ações de bancos também ajudaram na alta do Ibovepa, com Itaú Unibanco PN ganhando 2,26%, Bradesco PN, também 2,26% e Banco do Brasil ON, 0,78%. A ação da bolsa B3 subiu 6,31% hoje

Maior alta do Ibovespa é BB

Entre as ações do Ibovespa, a maior alta foi de Banco do Brasil, com 6,31%, seguido por Cielo ON, 6,28%, MRV ON, 5,10%, JBS ON, 3,86% e Ecorodovias ON, 3,71%.

As maiores quedas foram de Smiles ON, 3,15%, Azul ON, 2,51%, Sabesp ON, 2,38%, RaiaDrogasil ON, 2,04% e Gol PN, 1,89%.

O dólar comercial caiu 0,70%, vendido a R$ 3,824.O dólar turismo subiu 0,75%, para R$ 4,03 para venda.

Bradesco vê ajuste dos juros aqui e no exterior

Em um contexto de desaceleração disseminada da atividade, em decorrência das tensões entre EUA e China, e de inflação baixa, bancos centrais de diversas economias mostraram-se inclinados a cortar a taxa de juros nos próximos meses, avalia o Departamento Econômico do Bradesco. No Brasil, avanços na tramitação da reforma da Previdência e sinais de que a economia segue moderada neste segundo trimestre reforçam a expectativa do banco de que a Selic encerrará o ano em 5,75% ao ano. “De fato, a reforma pode ser votada na Comissão Especial na próxima semana, o que indica que sua votação em plenário poderá ocorrer entre julho e agosto”, avalia o Bradesco.

Adicionalmente, a confiança da indústria continuou em queda neste mês, apontando que a retomada da economia segue bastante gradual.

Impacto nos ativos brasileiros

As sinalizações de que Fed e Banco Central Europeu (BCE) estão dispostos a cortar juros neste ano e a moderação da atividade global devem gerar impactos sobre ativos brasileiros, diz o Bradesco. No mês passado, o diferencial de crescimento entre os EUA e o restante do mundo fortalecia o dólar ante as demais moedas, incluindo o real. Entretanto, após os últimos dados de atividade americana indicarem desaceleração, o Fed ajustou o tom de seu comunicado, sugerindo redução de juros ainda em 2019.

No mesmo sentido, o presidente do BCE mostrou-se pronto para diminuir juros ou ampliar o programa de compra de ativos, caso necessário. Assim, juros mais baixos nas principais economias, em um contexto de desaceleração moderada do crescimento global, implicam maior liquidez nos mercados emergentes, podendo levar a uma apreciação da moeda brasileira. 



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