quarta, 24 de abril de 2024

FECHAMENTO: Promessa de EUA-China de seguir negociações animam principais índices

15 maio 2019 - 09h11Por Investing.com
Investing.com - A sinalização do presidente dos EUA Donald Trump de que as negociações entre EUA e China continuam, apesar de defender a imposição de tarifas, foi o suficiente para interromper a ascensão do sentimento de aversão ao risco nos principais índices mundiais, contribuindo para uma retomada de um incipiente otimismo dos investidores. Apesar de o aceno de Trump ter sido visto como uma possibilidade de acordo, a cautela continua. O Ibovespa aproveitou a interrupção do pessimismo no exterior para recuperar os ganhos após três sessões consecutivas de queda, com os investidores atentos à tramitação da Reforma da Previdência, a delação premiada do proprietário da Gol contra Rodrigo Maia e a dificuldade do governo em articular uma base para defesa de seus interesses. Além disso, a ata do Copom prevendo uma grande probabilidade de a economia brasileira ter recuado no primeiro trimestre esteve no radar, assim como a queda das atividades ligadas aos serviços em março. O principal índice acionário brasileiro subiu 0,4%, retornando ao patamar dos 92 mil pontos para fechar em 92.092,44 pontos, com a maioria dos papéis (54,55%) fechando em alta, diferentemente da sessão anterior em que 65 das 66 ações encerraram no vermelho. O dólar teve uma ligeira queda com a trégua no exterior, fechando em baixa de 0,52% a R$ 3,9717. Política no Brasil A quebra do sigilo bancário de Flávio Bolsonaro, senador e filho do presidente, e do seu ex-assessor Fabrício Queiroz trouxe desconforto ao governo, que novamente sofre para que seus interesses prevaleçam no Congresso. Com a ausência de Rodrigo Maia, em viagem a Nova York, não há movimentação para a votação de Medidas Provisórias próximas a expirar, como a da reforma administrativa que reduziu o número de ministérios, seja votada no plenário da Câmara. Maia também esteve nos holofotes com a divulgação de trechos da delação premiada do empresário Henrique Constantino, cuja família é proprietária da Gol Linhas Aéreas. Constantino acusa ter pago indevidamente deputados federais para defender interesses de sua empresa e do setor aéreo, entre os quais estão Rodrigo Maia, além dos ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Alves e o ex-presidente Michel Temer. Ata do Copom e queda de serviços O Banco Central avalia que o PIB do 1º tri da economia brasileira provavelmente tenha tido um ligeiro recuo em relação ao trimestre anterior. Esta foi a avaliação na última reunião do Copom, fortalecida com a divulgação, pelo IBGE, da atividade ligadas a serviços em março, que caiu 0,7% em relação a fevereiro. A ata divulgada nesta terça-feira manteve, no entanto, discurso de que o BC precisa de tempo para analisar o cenário antes de tomar decisão sobre mudança de juros, além de afirmar que deixará de usar a frase "cautela, serenidade e perseverança" em sua próxima reunião. Ante a divulgação de indicadores econômicos negativos ou abaixo do consenso, o BC é pressionado a realizar cortes na Selic para animar a atividade. No último Boletim Focus, analistas de mercados reduziram projeção de alta do PIB para 1,45%. Para o BC, números decepcionantes da economia são choques vividos na economia em 2018. Pesa para a manutenção da taxa básica, em contraponto à baixa atividade, incertezas sobre o sucesso da aprovação das reformas. Ações - JBS (SA:JBSS3) avançou 8,36%, após balanço do primeiro trimestre, com lucro líquido de cerca de 1,1 bilhão de reais, mais que o dobro de um ano antes, com forte desempenho de unidade de suínos nos EUA. A maior processadora de carne bovina do mundo também disse que está pronta para colher os benefícios da demanda adicional decorrente do surto de febre suína africana na China. No setor, BRF (SA:BRFS3) subiu 4,27 por cento. - ELETROBRAS ON (SA:ELET3) valorizou-se 6,84%, após reportar lucro líquido de 1,347 bilhão de reais no primeiro trimestre, alta de 178% na comparação anual, influenciado por menores perdas na área de distribuição e maiores receitas de geração. O presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr., disse que a estatal pretende promover novas vendas de ativos de geração e transmissão no segundo semestre. - AZUL PN (SA:AZUL4) recuou 3,96%, entre as maiores quedas do Ibovespa. Na véspera, a companhia aérea fez nova tentativa de comprar algumas das rotas mais cobiçadas da Avianca Brasil, oferecendo 145 milhões de dólares. - GOL (SA:GOLL4) PN caiu 2,78%, após acordo de delação premiada do empresário Henrique Constantino, um dos sócios da empresa aérea, no qual cita o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como envolvido em benefícios financeiros. Constantino acusou também políticos do MDB. Na delação, disse que houve pagamentos de propina em troca da liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para suas empresas. - GPA PN (SA:PCAR4) subiu 3,1%, tendo no radar notícia do jornal Valor Econômico de que a empresário Michael Klein se aliou à XP para fazer uma proposta de aquisição das ações da Via Varejo (SA:VVAR3) detidas pelo GPA. VIA VAREJO caiu 3,8%. O BTG Pactual (SA:BPAC11) reafirmou recomendação de 'compra' para o GPA, com preço-alvo de 106 reais. - COSAN (SA:CSAN3) cedeu 0,65%, mesmo após divulgar lucro líquido de 395,7 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de 14,5% na comparação anual. - VALE subiu 0,34%, em sessão positiva para mineradoras no exterior. A empresa considera aumentar a capacidade de produção do complexo Carajás Serra Sul para 150 milhões de toneladas por ano após 2020. O Credit Suisse elevou preço-alvo do ADR da Vale (SA:VALE3) de 16,50 para 18 dólares. - CSN (SA:CSNA3) valorizou-se 4,52%, tendo de pano de fundo decisão de analistas do Credit Suisse de elevar preço-alvo das ações para 16 reais ante 15 reais, embora a recomendação 'neutra' tenha sido mantida. - PETROBRAS PN (SA:PETR4) subiu 0,39%, em dia de avanço do petróleo no mercado internacional (mais informações abaixo). A companhia anunciou na véspera que iniciou a divulgação de oportunidade para venda integral de sua fatia de 93,7% na empresa Breitener Energética, que tem duas termelétricas em Manaus. - BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 0,3% e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) caiu 0,47%, em sessão negativa para ações de bancos. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) perdeu 0,97%. EUA-China O presidente americano disse que ele espera se reunir com o presidente chinês Xi Jinping no encontro do G20 marcado para 28 e 29 de junho. “Isso será, eu acho, provavelmente uma reunião bem produtiva”, disse Trump. O presidente dos EUA também previu que o resultado das negociações comerciais seria conhecido em “três a quatro semanas”. O governo da China também se pronunciou nesta terça e disse que os dois lados continuam a negociar, estimulando as apostas de que a escalada nas tensões poderia ser interrompida. No entanto, alertou os chineses a não retaliar e defendeu as medidas adotadas para dificultar a exportação chinesa aos EUA. Índices no exterior A trégua ocorreu após o fechamento dos mercados asiáticos, onde os principais índices fecharam em baixa. Nikkei caiu 0,59% e Shangai fechou em baixa de 0,69%. Após a fala de Trump e do governo chinês, os índices da Europa até o continente americano deixaram o terreno negativo. O Euro Stoxx 600, que reúne as principais ações da Europa, fechou em alta de 1,01%. Em Wall Street, os três principais índices se recuperaram da maior queda desde janeiro na sessão anterior. Dow Jones subiu 0,82%, S&P 500 teve ganhos de 0,81% e Nasdaq saltou 1,14%. A pausa na agressividade retórica também retrocedeu a cotação dos ativos seguros em momentos de incerteza. O índice VIX, conhecido como “índice do medo” e apresenta tendência de volatilidade no mercado, caiu 12,12%. Desde o acirramento entre chineses e americanos, o VIX acumula alta de 40,33%. O retorno dos títulos de 10 anos do Tesouro americano subiu com investidores se desfazendo dos papéis de dívida do governo em busca por ativos de risco. O yield subiu para 2,412, com manutenção das apostas de corte de juros na próxima reunião dos diretores do Fed na Fomc. 90% preveem manutenção das taxas, enquanto 10% apostam em corte de 0,25 ponto percentual, de acordo com Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve do Investing.com. A taxa básica de juros nos EUA está no intervalo de 2,25-2,5%. Já o iene japonês caiu 0,3%, cotado a 109,62 ienes por dólar. A moeda japonesa exerce o papel de ativo seguro nos mercados asiáticos. A desvalorização do iene em relação ao dólar contribuiu para a força da moeda americana verificada no Índice Dólar, que mensura o valor do dólar em relação a seis divisas. A alta do Índice Dólar, que subiu 0,22% a 97,53, foi contribuída, também, pela queda de 0,37% da libra esterlina e de 0,16% no euro. Petróleo As negociações dos contratos futuros do petróleo em Londres e Nova York favoreceram os touros que apostam na alta do preço da commodity. O WTI, referência no mercado dos EUA, subiu 1,1% a US$ 61,71, enquanto o Brent, referência mundial, saltou 1,34% a US$ 71,17. A alta do petróleo não foi favorecida somente pela distensão momentânea da guerra comercial, mas também pelo ataque de um drone com explosivos em duto de exportação na Arábia Saudita. O ministro do petróleo da Arábia Saudita, Khalid Al-Flaih, acusou os rebeldes Houthi, do Iêmen, de apoiarem o ataque. Ele disse que danos "limitados" foram feitos, mas observou que o oleoduto leste-oeste, que leva petróleo até o porto de Yanbu, no Mar Vermelho, será fechado como medida de precaução. Os Houthis são apoiados pelo Irã na guerra civil do Iemên, na qual lutam contra forças apoiadas pela Arábia Saudita. Os atentados escalam a tensão no Oriente Médio envolvendo o Irã, que sofrem sanções americanas totais na exportação de petróleo e busca manter a venda externa da commodity. Os iranianos reivindicam que os EUA retornem ao tratado nuclear assinado em 2015 que limita a atividade e pesquisa nucleares do Irã. Caso não seja atendido, os iranianos prometem enriquecer urânio, após fechar parcialmente o estreito de Ormuz. *Com Reuters