quarta, 08 de maio de 2024
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FECHAMENTO: Alívio comercial impulsiona índices no exterior; Ibov cai sob cautela com cena política

11 junho 2019 - 09h03Por Investing.com
Investing.com - Um sopro de otimismo no exterior e um desconforto político no Brasil. Este é o resumo da primeira sessão da sessão, que novamente houve sentidos contrários entre os principais índices mundiais e o Ibovespa. A suspensão do início da aplicação de tarifas sobre exportações mexicanas nos EUA contribuiu para o apetite ao risco no exterior. O vazamento de mensagens privadas atribuídas ao então juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato reforçou a cautela entre os investidores, que observaram a movimentação entre os parlamentares. O Ibovespa caiu 0,36% a 97.466,69 pontos devido às incertezas dos desdobramentos das conversas vazadas de Moro na articulação da Presidência da República com o Congresso. O volume negociado foi de R$ 11,1 bilhões, um pouco da média diária de R$ 11,5 bilhões, com a maioria dos papéis, 53,03%, negociadas no vermelho. O índice não seguiu outros mercados emergentes do exterior. O índice iShares MSCI de mercados emergentes subiu 1,04% no dia. O dólar subiu 0,18% a R$ 3,8846, seguindo o fortalecimento do dólar no exterior, com o índice dólar, que mensura a força da moeda americana em uma cesta ponderada com as seis principais divisas mundiais, avançando 0,21% a 96,75, longe do pico de 98,37 de 23 de maio. O dólar sofreu uma desvalorização nas últimas semanas com a crescente expectativa de corte na taxa de juros nos EUA, reforçada por declarações dos diretores do Fed e divulgação de dados fracos da economia americana, que apontam desaceleração. A perda de valor do dólar ao redor do mundo contribuiu para o real volta a patamares abaixo de R$ 4,00, após atingir pico de R$ 4,12 no mês passado. A aprovação de Medidas Provisórias importantes para o governo e melhora na relação entre Presidência e outros Poderes da República reforçaram a perspectiva de valorização do real. Previdência e não deve ser afetada por caso Moro Houve reação negativa às mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato na oposição, o que já era esperado. Há, inclusive, manifestação para a instalação de uma CPI para investigar supostas irregularidades da Lava Jato. Mas, cabe ao investidor observar tais movimentações travarão a pauta da agenda econômica. Em relação à reforma da Previdência, o presidente da Comissão Especial da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM) disse à Reuters que caso pode “gerar tumulto” à tramitação, mas defendeu não misturar as duas questões e a manutenção do cronograma da Comissão. O texto da reforma será apresentado na quinta-feira, não mais amanhã. O relator Samuel Moreira (PSDB-SP) disse que a reforma será blindada, enquanto o presidente da Câmara Rodrigo Maia afirmou que a questão de Moro não atrapalha a reforma. A fala de Maia diminuiu as perdas do Ibovespa, que bateu na mínima de 96.782,23 pontos. Na Presidência da República, as declarações foram para defender o ministro Moro. O vice-presidente Hamilton Mourão e o secretário de Assuntos Estratégicos General Augusto Heleno disseram que o objetivo das mensagens, divulgadas de forma anônima e com alegação de que foi obtida ilegalmente, é prejudicar o ministro da Justiça. O conteúdo das conversas entre Moro e procuradores foi divulgado pelo site The Intercept, e mostra Moro coordenando os procuradores para avanço das investigações da Operação Lava Jato, o que contraria a própria opinião do ministro de que o papel do juiz, “de que tem quer uma postura passiva, apenas examinando pedidos de autoridade policial”, conforme em artigo publicado no ano passado. Crédito Suplementar O caso Moro talvez não atrapalhe a votação da autorização de crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para pagamento de gastos correntes do governo federal fora da regra de ouro. O senador relator do texto afirmou às agências de notícias de que há acordo para votação no plenário do Senado. Uma primeira tentativa de aprovar a proposta ainda na Comissão Mista de Orçamento (CMO), na semana passada, terminou sem acordo. O projeto deverá ser analisado na terça-feira e, após ser aprovado na CMO, precisará receber o aval de uma sessão conjunta do Congresso Nacional. Segundo o Planalto, se o crédito suplementar não for aprovado até quarta-feira, o governo terá que suspender o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) até a semana que vem e até o final do mês, o pagamento do Bolsa Família e de aposentadorias. Tarifas adiadas A suspensão da aplicação de tarifas de 5% sobre produtos mexicanos pelos EUA renovou o apetite ao risco dos investidores no exterior, somando-se à crescente expectativa de corte de juros pelo Fed. As bolsas americanas fecharam em alta, com Nasdaq saltando 1,05%, S&P 500 subindo 0,47% e Dow Jones com ganhos de 0,30%. As tarifas contra o México entrariam em vigor hoje e foi uma ameaça de Donald Trump para que o governo mexicano endurecesse sua política contra imigrantes que atravessavam a fronteira entre os dois países ilegalmente. Houve um acordo entre os dois países na sexta-feira, mas, segundo a imprensa americana, foram promessas anteriores dos mexicanos já feitas aos americanos. Trump chegou a declarar no Twitter que o México vai comprar mais produtos agrícolas dos EUA, o que não foi confirmado. por fontes ouvidas pela Bloomberg. A diminuição da escalada comercial entre EUA e México trouxe esperança de desfecho similar na disputa com os chineses, embora seja mais difícil. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse à CNBC em uma entrevista que Trump decidirá se novas tarifas sobre a China serão apropriadas após uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20, marcada para o final do mês. Mnuchin afirmou que o presidente estava "perfeitamente feliz" em atingir Pequim com novas tarifas se a reunião não for bem. Os líderes das finanças do G20 que se reuniram no fim de semana alertaram que a intensificação das tensões comerciais e geopolíticas eram o maior risco para a estabilização do crescimento global. Em relação à expectativa de afrouxamento monetário pelo Fed, o Monitor da Taxa do Fed do Investing.com indica que os investidores apostam em 80,8% as chances de ao menos um corte de juros na reunião de julho. A precificação de dois cortes na reunião de setembro já está 57,2%. Petróleo A indefinição da renovação dos cortes de produção petrolífera entre Arábia Saudita e Rússia contribuíram para mais uma queda da cotação internacional do petróleo, apesar do alívio comercial entre EUA e México ser um fator altista dos preços. Os russos concordam na continuação do corte, mas há um descompasso com os sauditas sobre o tamanho e o período. A atual política de redução produtiva contempla a retirada de 1,2 milhão de barris do mercado e a Opep e seus aliados vão discutir a extensão do programa na reunião agendada para 25-26 de junho em Viena. O WTI, negociado em Nova York, caiu 1,19% a US$ 53,35. Referência mundial do petróleo e cotado em Londres, o Brent perdeu 1,55% a US$ 62,31. *Reuters contribuiu com essa matéria