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“É impossível governar o Brasil”, diz Bolsonaro após Senado rejeitar veto

20 agosto 2020 - 13h10Por Investing.com

Investing.com - Na manhã desta quinta-feira (20), Jair Bolsonaro reagiu à rejeição do veto presidencial de reajuste dos salários de servidores públicos pelo Senado, o que, segundo o presidente, irá causar prejuízo de R$ 120 bilhões aos cofres públicos. “É impossível governar o Brasil”, disse. “É responsabilidade de todo mundo ajudar o Brasil a sair do buraco.”

O veto foi rejeitado ontem no Senado por 42 votos a 30, acima do mínimo necessário. Agora, o veto pode ser completamente derrubado pelo Congresso se 257 deputados votarem a favor de sua rejeição quando a Câmara se reunir para deliberar, às 15h.

"Muito importante a fala do presidente Bolsonaro sobre o veto derrubado. Reforça bem a articulação na Câmara esse tipo de manifestação", diz equipe de análise política da XP Investimentos. "É a primeira batalha de Ricardo Barros na liderança do governo e a mobilização será grande para manter o veto", prosseguem os analistas da corretora

Ainda hoje, os líderes do Governo irão se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para avaliar os danos e traçar um plano para manter o veto.

O veto presidencial da Lei Complementar 173/20 impedia o reajuste salarial para servidores civis e militares de estados e municípios que atuam diretamente no combate à pandemia de Covid-19 e a integrantes das Forças Armadas. A proibição do reajuste até o fim de 2021 deixa de fora categorias como profissionais de segurança pública, saúde, educação e agentes penitenciários com a rejeição do veto. A suspensão dos reajustes foi uma exigência da União em troca de auxílio financeiro e suspensão do pagamento de dívidas para a União, totalizando um pacote de ajuda total de R$ 125 bilhões a estados e municípios que sofrem com dificuldades diante da crise provocada pela pandemia.

Guedes se irritou

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Senado deu um "péssimo sinal" ao derrubar na quarta-feira o veto do presidente Jair Bolsonaro a trecho de projeto que abria exceções à proibição de reajustes salariais de servidores públicos até o fim de 2021.

"O Senado deu hoje um sinal muito ruim permitindo que justamente os recursos que foram para a crise da saúde possam se transformar em aumento de salários, isso é um péssimo sinal. Isso tem efeito sobre a taxa de juros, muito ruim, muito ruim", afirmou Guedes a jornalistas na noite de quarta-feira. "Vamos torcer para a Câmara conseguir segurar a situação."

O ministro destacou que o veto foi feito pelo presidente em um momento decisivo, em que o país começa a se recuperar economicamente e está empenhado em dar um sinal de disciplina fiscal após despesas extraordinárias direcionadas à crise.

"Não pode o desentendimento político estar acima da saúde do Brasil na hora que o Brasil começa a se recuperar. Quer dizer, pegar o dinheiro da saúde e permitir que se transforme em aumento de salário de funcionalismo é um crime contra o país", disse o ministro.

Ele acrescentou, sem detalhar, que a iniciativa do Sendo pode gerar perdas de até 120 bilhões de reais.

Reação do mercado

Os investidores avaliam a decisão do Senado como mais uma adição no prêmio de risco fiscal do Brasil, com potencial de amplificar o problema das contas públicas e elevar o tamanho do endividamento público. Isso reflete na queda do índice Ibovespa, que chegou a perder quase 2% mais cedo. Às 12h47, caía 0,02% a 100.834 pontos.

Como também na desvalorização do real frente ao dólar. A moeda americana sobe 1,99% a R$ 5,6682.

(Com contribuição de Reuters e Câmara dos Deputados)