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O questionamento sobre o trecho ocorre devido aos números fracos de atividade econômica do segundo trimestre, combinado com uma desaceleração inflacionária após o choque do preço dos alimentos no início do ano. O PIB do primeiro trimestre caiu 0,2% em relação ao trimestre anterior, e o IBC-Br, um indicador de atividade BC considerado uma prévia do PIB, teve a quarta retração seguida em abril, com queda de 0,47% comparado a março. Soma-se ao quadro de atividade fraca a alta capacidade ociosa com taxa de desemprego elevada, mesmo com a criação de vaga formal em abril acima da expectativa, quando foram abertos 130 mil empregos de acordo com o Caged. A taxa de desemprego ficou em 12,5% no trimestre encerrado em abril de acordo com a Pnad Contínua. Já a inflação desacelerou de 0,57% em abril para 0,13% em maio. No acumulado em 12 meses, a inflação perdeu força de 4,94% para 4,66%, acima do centro da meta de 4,25%, mas na margem de tolerância de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo do centro. “O quadro é de desaceleração da inflação, confirmando a mudança na avaliação do balanço de risco do Copom”, analisa Cardoso, que acredita que o balanço de risco no comunicado será assimétrico, favorecendo para a queda da inflação. “A inflação vai ceder mais que esperado neste meio do ano, mas os núcleos continuam pressionados”, diz Coelho da 4E, que modificou a previsão da Selic de alta para manutenção ao longo de 2019, pois não há dissipação da pressão altista sobre os núcleos de inflação. A projeção da 4E em relação à Selic destoa de outros analistas, que apontam corte com o quadro desinflacionário somado com a expectativa positiva de aprovação da reforma da Previdência. Até o comunicado da última reunião em maio, o Banco Central avaliava que a não-aprovação da reforma da Previdência seria uma pressão altista sobre os preços, pois levaria a um maior desequilíbrio das já deterioradas contas públicas, aumentando a pressão sobre a dívida pública e, consequentemente, no aumento dos juros. É crescente a expectativa de aprovação no plenário da Câmara ainda no primeiro semestre após a apresentação do parecer da reforma na Comissão Especial. Porém, as previsões de votação na Câmara são no início do segundo semestre, após o recesso, segundo projeção do BTG Pactual (BPAC11) em relatório enviado a clientes. “O Banco Central não deve esperar todo o trâmite, pois segue linhas gerais”, avalia Cardoso do Daycoval, ao apontar que a Selic caiu de 14% para 6,5% sem que a reforma fosse aprovada entre outubro de 2016 e abril de 2018, pois é um assunto, de acordo com economista, que está sempre em discussão. O Banco Daycoval prevê dois cortes de 50 pontos base nas reuniões de julho e setembro, com risco de postergar este cenário em uma reunião caso o comunicado da reunião de hoje e amanhã não tenha novidades. “Banco Central fala que a reforma vai ser expansionista e, com núcleos de inflação pressionados, pode ser equívoco realizar cortes nos juros”, analisa Coelho, que prevê aquecimento da atividade após a aprovação da reforma da Previdência. A 4E Consultoria está, inclusive, com projeção de alta da Selic a partir do ano que vem. Após manutenção em 6,5% até o fim de 2019, o Copom deve subir 0,25 ponto percentual na reunião de março do ano que vem, e encerrar 2020 com a Selic em 8%, após mais duas altas de 0,50 ponto percentual e outra de 0,25 ao longo do ano. A divergência dos dois economistas se estende aos efeitos do atual cenário internacional de desaceleração econômica e de sinalização de afrouxamento monetário nos bancos centrais das principais economias, especialmente o Fed nos EUA, na avaliação do Copom sobre a Selic. “É mais um motivo para o Banco Central agir”, sugere Cardoso do Daycoval. “Vai aumentar a diferenciação cambial para o país”, aponta Coelho da 4E, indicando que o início do ciclo de corte de juros nos EUA favorece o real em relação ao dólar e, assim, tornando-se uma fonte desinflacionária. Por Leandro Manzoni