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Aprenda 4 "regras" do mercado financeiro — e suas exceções

23 maio 2020 - 14h15Por Redação SpaceMoney
Você se lembra daquelas regrinhas da escola, como a clássica "menos com menos dá mais"? Pois o mercado financeiro também tem seus "atalhos" para entender alguns fenômenos. Eles podem ser úteis para compreender e prever movimentos — mas é claro que sempre há exceções.  Para entender a origem de algumas ideias recorrentes, bem como as situações em que elas podem não funcionar, confira esta SpaceDica

1. Quando os preços das commodities sobem, o dólar cai

Esta "regrinha" diz que commodities e dólar têm uma correlação relativa, ou senda, têm movimentos opostos. Isso vem da ideia de que países emergentes, como o Brasil, têm suas economias apoiadas na produção e exportação dessas matérias-primas. Assim, quando elas estão com preços mais altos, entram mais dólares na nação, enfraquecendo a moeda.  No entanto, essa tese se mostra sempre verdadeira. Segundo relatório do Barclay's de 2008, uma análise individual de diversas commodities nem sempre reforçou a regra "commodity em alta, dólar em baixa". 

2. Se a bolsa está em queda, os preços do ouro estão subindo

A hipótese por trás desta ideia é bem simples: se a bolsa está caindo, os investidores estão mais avessos ao risco. E para onde ir em momentos de incerteza? Para o metal dourado, é claro, encarado como porto-seguro.  No entanto, a crise do coronavírus mostrou que a correlação não é tão certa: apesar dos preços dos contratos futuros do ouro terem subido em março, não foi na mesma proporção da queda das ações. Na B3, por exemplo, ao final do mês de março, pior momento da crise, o Ibovespa caiu 30%. Por outro lado, os contratos futuros de ouro 250 gramas subiram pouco mais de 15%. 

3. Quando há inversão na curva de juros, há recessão no radar

A curva de juros informa quanto títulos rendem ao longo do tempo — e o esperado é que, conforme o tempo passe, mais rendimentos. A inversão da curva de juros acontece quando o contrário é esperado: os juros do futuro próximo são maiores do que os do horizonte longínquo.  Geralmente, essa inversão ocorre porque há especulação de que a economia sofra, com possibilidade de recessão. Ou seja, com um ambiente instável, os governos teriam que propor juros mais atraentes para compensar o risco tomado pelo investidor. Quando essa alteração na curva acontece nos Estados Unidos, uma potência econômica, os medos são maiores ainda.  Leia mais: O que é a inversão da curva de juros nos EUA e como pode afetar o Brasil?

4. O dólar sobe e leva a inflação junto

A exemplo do que aconteceu na década de 1990 no país, há a ideia de que o dólar alto também puxa a inflação para as alturas. Isso acontece, geralmente, porque muitos produtos consumidos no Brasil, como eletrodomésticos, são importados. Grande parte da produção brasileira também é negociada (em dólar) no mercado internacional, a exemplo de commodities como a soja. Assim, com a alta da moeda norte-americana os preços de bens de consumo sofreriam aumentos.  Mas isso nem sempre é verdade. Basta olhar para o momento atual, com o dólar nas alturas e a inflação baixa. Isso aconteceu porque a crise do coronavírus veio bagunçar todo o equilíbrio do mercado: com as famílias sofrendo com perda de renda, a demanda caiu. Isso impossibilita o repasse de preços e ainda há produtos em estoque, comprados quando o dólar estava mais baixo.