sexta, 14 de junho de 2024
Economia

Selic: Banco Central se encontra em uma posição desfavorável para novos cortes, diz analista

Yihao Lin, coordenador econômico da Genial Investimentos, cita preocupação do Poder Executivo com a desaceleração da economia e o uso intensivo da política fiscal para evitar esse cenário

21 maio 2024 - 11h10Por Redação SpaceMoney
Sede do Banco Central em Brasília Sede do Banco Central em Brasília - Crédito: Foto: Raphael Ribeiro/BCB

A Genial Investimentos avalia que “o Banco Central se encontra em uma posição desfavorável para novos cortes de juros”. Para o coordenador econômico da plataforma, Yihao Lin, a Selic vai ser mantida em 10,5% a.a. na reunião de junho e a ata da última reunião não foi suficiente para convencer os investidores de que os votos dissidentes da última reunião da autarquia se deram por razões técnicas. 

O executivo justifica sua avaliação no contexto de desancoragem das expectativas de inflação, incertezas em torno do início da flexibilização de juros nos EUA, deterioração do risco fiscal e elevação do risco de interferência política no Comitê de Política Monetária (Copom).

“A desancoragem adicional das expectativas desde então sinaliza que o argumento utilizado para defender o voto em 0,5 p.p. foi insuficiente para que o mercado descartasse o risco de interferência política no processo decisório”, comentou. 

Lin relembra que o grupo dissidente de quatro membros do comitê, que defendia a manutenção do forward-guidance, argumentou que o seu voto refletia a avaliação de que o custo reputacional de romper com o guidance superava o seu benefício.

No próximo ano, a autarquia passa a ter a maioria indicada pelo atual governo. 

“Dada a significativa preocupação do Executivo com a desaceleração da economia e o uso intensivo da política fiscal para evitar esse cenário, o risco de interferência política sobre o BC, para que se adote uma política monetária mais acomodatícia, não pode ser descartado”, pontua Lin.

A análise de Lin confirma uma apuração do jornal Valor Econômico, que, junto a economistas do mercado financeiro que estiveram com diretores do Banco Central (BC) em reunião na segunda-feira (20), obteve a leitura quase unânime entre os presentes sobre uma pausa no ciclo de flexibilização monetária, com a taxa básica de juros mantida em 10,5% a partir da reunião de junho.

“Entre os que avaliaram haver algum espaço para reduções adicionais, houve a ênfase de que esse espaço seria pequeno, o que indicaria apenas um corte adicional de 0,25 ponto percentual no juro básico”, reporta o periódico.