sábado, 04 de maio de 2024
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PIB do 2º tri: agro cresce menos, mas ainda impulsionará números futuros, diz Guide

Analistas da casa revisam estimativas e preveem que a atividade econômica do Brasil vai crescer 3,0% em 2023

01 setembro 2023 - 16h36Por Redação SpaceMoney

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do segundo trimestre deste ano cresceu 0,9%, acima das estimativas da Guide Investimentos, que apontavam um avanço de 0,6% para o período.

A taxa ficou acima até da mediana das estimativas do que era esperado pelo consenso de mercado ante o intervalo entre janeiro e março (0,3%), o que, na avaliação de Fernando Siqueira, Rafael Pacheco e Victor Beyruti Guglielmi, mostra que a economia brasileira continua resiliente.

"Quando olhamos na variação anual, o crescimento foi de 3,2%. Nossa previsão anterior
para o crescimento da economia brasileira em 2023 era de 2,5%, e com o dado atual revisamos o número para 3,0%", comentam.

Contudo, para Siqueira e equipe, é possível perceber que o crescimento excepcional do setor agropecuário no 1º trimestre já não se repetiu no segundo trimestre, quando o setor apresentou contração de -0,9%. 

A Guide Investimentos comenta que essa variação trimestral foi impactada pela alta base de comparação com o primeiro trimestre, de forma que, quando comparada com o mesmo período de 2022, o setor ainda cresceu 17% - "um crescimento extremamente alto, mas ainda menor que o do primeiro tri".

Especialistas ainda veem o setor puxando o PIB deste ano, e esperam que tanto no segundo semestre quanto nos primeiros seis meses de 2024 o segmento tenha uma boa safra. 

Eles alertam sobre a existência de um risco elevado, o El Niño, e uma menor demanda por parte da China, Europa e EUA, o que, na visão dos analistas, pode prejudicar o desempenho do agro nos próximos trimestres.

 

Crescimento na indústria, serviço e comércio

Olhando para a indústria, houve um crescimento na variação trimestral de 0,9%, uma alta de 1,5% comparada com o 2T22. 

Já no setor de serviços, o crescimento foi de 0,6% trimestre a trimestre, ou 2,3% contra o intervalo entre abril e junho do ano passado. Em ambos os casos, a variação anual desacelerou. 

Para especialistas, o fôlego visto na indústria, nos serviços e no comércio durante o segundo trimestre deste ano pode ser, em parte, explicado por medidas adotadas pelo governo.

Dentre elas, o incentivo a setores específicos da economia, como o programa de desconto para carros populares, bem como a criação do programa Desenrola, que permite a renegociação de dívidas.

Com olhar já pautado pela ótica da demanda, analistas observam que essa dinâmica vista nos setores de serviços e indústria também pode ser enxergada no aumento do consumo das famílias durante o período. 

"Não somente os programas supramencionados podem ajudar a explicar essa resiliência do consumo, mas também o aumento do valor do Bolsa Família no começo do ano", complementaram. 

 

Aumento nos gastos do governo

Os gastos do governo também aumentaram no período de abril a junho, mas os números empenhados para investimentos permanecem fracos e apontam um declínio ano a ano.

Do lado do setor externo, por mais que as exportações líquidas (exportações – importações) tenham sido negativas na variação trimestre a trimestre, na comparação com o ano anterior ainda foi extremamente positiva - houve um crescimento líquido de cerca de 10%. 

Sobretudo, esses números, para Siqueira e equipe, mais uma vez ressaltam que, embora os componentes de absorção interna mostrem alguma resiliência, é o setor externo que segue puxando o PIB. 

Nesse sentido, a Guide Investimentos espera que essa dinâmica continue durante o segundo semestre, com a desaceleração da atividade em função do impacto do nível elevado da Selic sobre o consumo e investimentos.