terça, 16 de abril de 2024
Avaliação

Com agravamento da crise hídrica, Banco Original projeta que IPCA pode ultrapassar os 6% em 2021

Banco não considera risco de racionamento elétrico, mas estima que, para cada 10% de corte de energia, o crescimento do PIB se reduz em 0,4%

15 junho 2021 - 11h25Por Redação SpaceMoney

Nesta segunda-feira (14), analistas do Banco Original produziram um relatório que analisa possíveis impactos da crise hídrica sobre o fornecimento de energia elétrica e as consequências sobre a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo o documento, vai ser possível contar com acionamento das térmicas, "uma energia cara, mas capaz de conservar algo como 10% nos níveis dos reservatórios ao quase dobrar sua geração até o final do ano", para evitar o racionamento.

"Sendo assim, as contas de luz permaneceriam com bandeira vermelha 2 até dezembro, o que pode incluir ainda uma majoração de 20% do seu custo adicional segundo proposta aventada recentemente pela Aneel. Se assim for, nossa projeção de IPCA para 2021 aumentaria em 0,21%, passando de 6,0% no fechamento do ano", diz o relatório.

Estresse hídrico

O material aponta que os reservatórios de água iniciaram o período mais seco do ano em patamares historicamente baixos (32%). "O nível é bastante próximo daquele observado em maio de 2001, ano em que experimentamos uma crise mais aguda no fornecimento e distribuição de energia elétrica", ressaltam.

Mas os especialistas ponderam que a comparação direta tem pouca efetividade hoje, "se lembrarmos que a nossa capacidade instalada por fonte energética é mais diversificada hoje". Passamos a geração hidráulica de 90% para menos de 70% do total, apontam, com a adição de 10% em térmicas e 10% em energia eólica e solar somadas.

Entretanto, as projeções para o trimestre iniciado neste mês seguem com chuvas abaixo da média nas regiões dos principais reservatórios.  E, historicamente, o nível dos reservatórios cai aproximadamente 15% entre o final de maio e novembro.

E, se a atividade econômica cresce, a demanda por energia também cresce. "A elasticidade-PIB do consumo de energia é maior que 1 seja no segmento residencial, seja no corporativo. Contudo, a maior carga de energia vem da indústria (elasticidade próxima a 1,5)".

PIB

O material ressalta ainda as indicativas de um forte crescimento do PIB baseado em dados de abril, que supera as projeções realizadas no início do ano. 

"A título de exemplo, esperamos um avanço de 5,5% em 2021 - número atualizado recentemente -, partindo de uma alta de 0,2% nesse segundo trimestre sobre o trimestre anterior; no entanto, as pesquisas mensais do IBGE já sugerem, no agregado, taxas mais altas", concluem Marco A. J. Caruso e Lisandra Barbero, autores do documento.