quarta, 01 de maio de 2024
ESG

Banco Central amplia iniciativas de ESG para suporte ao crédito

Medida pode fazer com que instituições financeiras melhorem avaliações de riscos e, consequentemente, otimizem a utilização de capital, diz Fitch

26 julho 2021 - 11h34Por Redação SpaceMoney
 - Crédito: Pixabay

As recentes iniciativas regulatórias do Banco Central para intensificar as divulgações relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança (ESG) pelos bancos são um passo positivo no sentido de alinhar os esforços do sistema bancário relacionados a estas questões com os padrões internacionais e de mercados mais desenvolvidos, destaca a Fitch Ratings.

Expectativas

Espera-se que o BC publique medidas prudenciais adicionais este ano, o que provavelmente ajudará as instituições financeiras a melhorar as avaliações de riscos e, consequentemente, otimizar a utilização de capital.

No entanto, se os riscos de crédito aumentarem no futuro, os bancos poderão enfrentar maiores exigências de capital. As instituições que operam no sistema financeiro nacional permanecem suficientemente capitalizadas, com índice de capital principal de 13,3%, em média, no quarto trimestre de 2020, bem acima dos patamares mínimos requeridos, que variam de 10,5% a 11,5%, dependendo do porte do banco e de sua importância sistêmica.

A expectativa é de que os bancos ampliem a divulgação das medidas de sustentabilidade referentes aos critérios e procedimentos de gestão de risco para minimizar os riscos sociais, ambientais e climáticos em relação às exposições.

No início deste ano, o BCB publicou três documentos para consulta - um sobre o bureau verde e dois sobre política para implementação de Responsabilidade Social e Ambiental (S&E) para instituições financeiras e outras entidades autorizadas a operar pela autoridade monetária. A medida seguiu a Resolução 4.557, que trata do monitoramento da governança.

A análise dos riscos referentes aos fatores de ESG é incorporada à análise de crédito dos bancos brasileiros avaliados pela Fitch, e as maiores divulgações não devem levar ao aumento de exigências de capital ou de restrições a concessões de crédito a curto prazo, uma vez que os reguladores não devem alterar significativamente as operações bancárias.

No entanto, embora positivos em termos de alívio de capital, alguns aspectos das novas medidas, como testes de estresse e novos requisitos regulatórios de auditoria e monitoramento de dados relacionados a questões de ESG, podem levar ao aumento dos custos ligados a compliance, avalia a Fitch.

Estas medidas também devem aumentar a transparência do sistema bancário em termos de riscos relacionados a questões de ESG para todos os participantes do mercado.

Sistemas e processos otimizados referentes ao monitoramento e à subscrição de risco dos bancos devem reduzir as perdas operacionais no futuro, o que é favorável para o crédito, especialmente em meio a novos riscos que podem ocorrer com a evolução da tecnologia.

As novas regulamentações podem criar oportunidades de negócios para empresas que atuam em tecnologia da informação e outros setores, como observado no segmento de controle ambiental digital.

O BC estabelecerá um bureau verde do crédito rural no Brasil, o primeiro do gênero na América Latina, com novos critérios de gestão baseada em risco.

O regulador visa tornar obrigatórias as exigências de relatórios da Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD - Task Force on Climate-Related Financial Disclosures), e inclui testes de estresse e monitoramento de riscos de concentração e de reputação.

Critérios

Os critérios de divulgação serão implementados em duas fases: a primeira, em 2021, tratará de aspectos qualitativos relacionados a governança, estratégia e gestão de riscos; e a segunda fase tratará de aspectos quantitativos.

As novas medidas do BC contemplarão avaliações sociais, ambientais e climáticas diretamente na abordagem tradicional de riscos, inclusos os riscos de crédito, mercado e liquidez.

Os critérios serão aplicáveis a todas as instituições do sistema bancário, e refletirão as regras de segmentação do BC, bem como a complexidade do modelo de negócios e o porte de cada instituição.

Alguns bancos brasileiros de menor porte não têm departamentos específicos e segregados com foco na análise de fatores socioambientais, como o que ocorre nos bancos de maior porte. No entanto, segundo a Fitch, a maioria incorpora critérios e análises ambientais detalhadas de subscrição de crédito.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Fitch Ratings.