sábado, 20 de abril de 2024
Agenda Econômica

Balanços, inflação, juros e o universo das criptomoedas: o que movimenta a semana de 16 a 20 de maio

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana

16 maio 2022 - 08h16Por Investing.com

Por Noreen Burke e Felipe Machado, da Investing.com - Na próxima semana, os investidores estarão atentos para os dados das vendas e lucros do varejo, além dos comentários de dirigentes do Federal Reserve, incluindo seu Presidente, Jerome Powell, em busca de pistas sobre o futuro caminho das taxas de juros.

O salto de sexta-feira nos mercados de capitais, fechando a semana, surgiu em meio a esperanças de que os mercados estejam perto de alcançar seu fundo na sequência de um recuo brutal, mas ainda pode haver mais espaço para a queda se acentuar.

No Brasil, na falta de dados macroeconômicos do Banco Central para embasar a expectativa da alta de juros, divulgação de inflação e de balanços estão no radar.

Os investidores de criptoativos também estarão monitorizando as consequências do colapso maciço dos preços.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Dados econômicos dos EUA

Os dados econômicos desta semana serão minuciosamente examinados, com a tentativa dos investidores de avaliar se o aperto agressivo por parte do Fed a fim de travar a inflação em disparada resultará num pouso brusco ou suave para a economia.

A expectativa é que os números das vendas do varejo em abril, cuja divulgação está agendada para terça-feira, apresentem ganhos sólidos graças às vendas regulares de automóveis Os economistas preveem um aumento de 0,8% após um avanço de 0,7% em março, apesar da inflação mais elevada.

Os EUA também devem divulgar dados regionais sobre a atividade de manufatura, em conjunto com os relatórios sobre início de construções residenciais e vendas de imóveis residenciais existentes. A expectativa é de que dados da habitação de desacelerem como resultado do aumento das taxas nas hipotecas.

O Presidente do Fed, Jerome Powell, tem uma fala marcada para a terça-feira, na qual deve reforçar que o banco central dos EUA realizará um aumento de meio ponto percentual nas taxas de juros em cada uma de suas próximas duas reuniões.

Outros dirigentes do Fed que farão aparições ao longo da semana incluem John Williams, presidente da Fed de Nova York; James Bullard, presidente da Fed de St. Louis; o presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker; e o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans.

2. Resultados do varejo

Além dos dados econômicos, os investidores estarão de olho em uma série de anúncios de resultados do varejo durante a semana, em busca de indicações a respeito do quanto exatamente o aperto no custo de vida pode estar erodindo o poder de compra dos consumidores.

O maior revendedor dos Estados Unidos, a Walmart (SA:WALM34)(NYSE:WMT), além da Home Depot (SA:HOME34)(NYSE:HD), gigante do setor de reformas domésticas, devem ambas anunciar seus resultados para o primeiro trimestre antes da abertura do mercado na terça feira. 

Target (SA:TGTB34)(NYSE:TGT) e Lowe’s (SA:LOWC34) (NYSE:LOW) têm suas divulgações marcadas para antes da abertura da quarta-feira, seguidas pela Macy’s Macy’s (SA:MACY34) (NYSE:M) na quinta-feira.

Os investidores estarão especialmente atentos para as projeções dos varejistas para o segundo semestre deste ano, no contexto de inflação elevada, custos salariais e de combustíveis mais altos e de interrupções contínuas na cadeia de fornecimento.

3. Fundo do mercado?

Wall Street encerrou a sexta-feira em alta depois de mais uma semana volátil nos mercados, na medida em que a esperança de que a inflação possa estar perto de atingir o seu pico foram ofuscadas pelos receios de que o aperto agressivo da política econômica por parte do Fed possa colocar a economia em recessão.

Apesar dos ganhos da sexta-feira, o S&P 500 e o Nasdaq registraram sua sexta semana consecutiva de perdas, enquanto o Dow apresentou baixa pela sétima semana seguida.

Os investidores estão em busca de sinais claros de um fundo do mercado, em meio a temores de que a forte sequência de vendas no mercado de capitais pode não ter acabado ainda.

"Não acho que já saímos do labirinto no curto prazo", Mark Hackett, chefe de pesquisa de investimentos da Nationwide, disse à Reuters. "Com isto dito, as expectativas dos investidores foram drasticamente redefinidas".

Em vez de procurar sinais de um fundo, Willie Delwiche, estrategista de investimento na All Star Charts, firma de pesquisa do mercado, disse à Reuters que está focado em indicações mais claras de que as ações poderiam orquestrar um rali sustentado.

"Neste momento, muita gente está tentando acertar um fundo, e isso está se mostrando inútil e caro", afirmou Delwiche. "Este é um ambiente de aversão aos riscos... Dar um passo para trás, deixar a volatilidade seguir seu curso, faz muito sentido para os investidores".

4. Dados do Brasil

No Brasil, investidores buscarão calibrar suas posições em relação ao cenário macroeconômico e a Selic por meio das informações possíveis no momento.

Por razão da greve dos servidores do Banco Central, que reivindicam aumento salarial de 27%, o Boletim Focus e o IBC-Br, previstos para segunda, não serão divulgados, informou a instituição.

Já a nota de estatísticas fiscais do Setor Público Consolidado, também sob responsabilidade do BC, vai ser publicada. O documento tem função essencial para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O Fluxo cambial estrangeiro, porém, que seria publicado na quarta, também está suspenso por tempo indeterminado.

Na falta das expectativas sobre inflação do Focus, o IGP-10, da FGV, traz na terça mais dados sobre a alta de preços.

O indicador fornece uma leitura complementar ao IPCA divulagado na última semana que mostrou desaceleração, mas ainda está em níveis elevados. As estimativas são de que o IGP-10 seja de 0,3%, ante alta de 2,48% no mês anterior.

No lado corporativo, a última semana da "temporada de balanços" tem na segunda divulgações de empresas com peso importante no Ibovespa - caso de Hapvida (SA:HAPV3), Itaúsa e Vibra.

E companhias que são populares entre os investidores pessoa física - Magazine Luiza (SA:MGLU3), Banco Inter (SA:BIDI4), Nubank (SA:NUBR33) e Eletrobras (SA:ELET3).

Outras divulgações previstas para essa semana são a divulgação de decisões do CMN (quinta) e arrecadação de tributos da Receita Federal e as posições líquidas de especuladores da moeda brasileira no relatório da CFTC (sexta).

5. Crash das criptos

Os investidores estarão observando atentamente os ativos de criptomoedas na semana que vem na sequência de toda a volatilidade dos últimos sete dias, dominados pelo colapso no valor da stablecoin TerraUSD, que quebrou sua indexação de 1:1 em relação ao dólar dos EUA.

As stablecoins são tokens cujo valor tem paridade com o valor de ativos tradicionais, muitas vezes o dólar norte-americano, e são o principal meio de movimentar fundos entre criptomoedas ou de converter os saldos em moeda fiduciária.

A agência de classificação Fitch disse na semana passada que as criptomoedas e as finanças digitais podem enfrentar "consideráveis repercussões negativas" se os investidores perderem confiança nas stablecoins, uma vez que muitas entidades financeiras regulamentadas aumentaram a sua exposição no setor ao longo dos últimos meses.

Os criptoativos foram varridos por uma sequência generalizada de venda de ativos de risco, em meio às preocupações com sobre a inflação elevada e o aumento das taxas de juros, mas os mercados financeiros mais amplos viram até agora pouco efeito cascada em consequência do crash das criptomoedas.

A Fitch afirmou que os fracos elos aos mercados financeiros regulamentados irão limitar o potencial da volatilidade do mercado de criptos de causar instabilidade financeira mais generalizada.

Com informações de Reuters.