quarta, 05 de junho de 2024
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As três hipóteses que estão à mesa para o Fed, de acordo com a Levante

90% das projeções indicam que o colegiado vai manter os juros dos EUA na faixa atual entre 5,00 e 5,25 por cento ao ano

14 junho 2023 - 11h50Por Redação SpaceMoney

Todos os olhos e ouvidos do mercado financeiro estarão voltados para Washington na tarde desta quarta-feira (14), à espera da entrevista coletiva concedida por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

Meia hora antes, a autoridade monetária vai anunciar sua decisão para as taxas de juros.

Há um consenso de estabilidade: cerca de 90% das projeções indicam que o colegiado vai manter os juros na faixa atual entre 5,00 e 5,25 por cento ao ano. Daí a atenção às declarações de Jerome Powell.

 

Rafael Bevilacqua, responsável pelas estratégias Carta do Estrategista (médio prazo) e Infinite Pass (Consultoria Personalizada) da Levante, ressalta ser importante colocar alguns pontos em perspectiva:

  • - No início de 2020, o Fed realizou a maior injeção de dinheiro na economia da história, de modo a conter os impactos econômicos da pandemia.
  • - Ninguém discute dois fatos: i) a medida foi correta; ii) ela durou tempo demais.
  • - Com isso, o balanço do Fed dobrou de 4 trilhões para mais de 8 trilhões de dólares.

 

Tanto dinheiro na economia trouxe dois efeitos:

  • - o primeiro foi, como era de se esperar, elevar os preços. Mais dinheiro, mais inflação;
  • - o segundo foi aumentar estruturalmente os custos da mão de obra;

 

A injeção de recursos multiplicou a renda das pessoas (houve pagamentos diretos de cheques aos americanos), o que retirou bastante gente do mercado de trabalho, relembra Bevilacqua.

Por exemplo, muitos trabalhadores aproveitaram o embalo da pandemia para se aposentar ou começar pequenos negócios em casa. Tudo isso elevou estruturalmente a inflação.

Para piorar, a pandemia exacerbou um movimento que se convencionou chamar de "desglobalização": a redução da integração entre as economias, especialmente Estados Unidos e China. Assim, houve um componente estrutural adicional de alta nos preços.

Tudo isso entre 2020 e 2022, quando os índices de inflação já estavam fora de controle e o Fed começou, com razoável atraso, a elevar os juros para corrigir o problema.

Desde março do ano passado as taxas subiram de zero para o patamar atual, o maior aperto monetário desde os anos 1970.

Agora, a pergunta: o processo acabou, ou ainda vai ser preciso seguir a elevar os juros para conter uma inflação que teima em ser mais do que o dobro da meta?

Na terça-feira, 13 de junho, foi divulgado o Consumer Price Index (CPI) de maio. O "núcleo" do índice, que exclui os preços dos alimentos e da energia, indicou uma alta de 5,30% nos preços em doze meses, ante uma meta de 2%. O que esperar?

 

Pode ser que o Fed:

  • - entenda que a dose de juros foi suficiente, e agora seja o caso de esperar o remédio fazer efeito;
  • - ou pode ser que ele indique que a estabilidade seja apenas uma pausa, mas que todos seguem vigilantes;
  • - ou, na menos provável das hipóteses, pode ser que Powell esteja de mau humor com os juros e o Fed anuncie uma elevação dos juros. Isso provocaria uma volatilidade intensa nos preços, na opinião de Bevilacqua.

 

Conteúdo elaborado por Levante Ideias de Investimento.

 

Tags: FED, Juros