Dividendos sempre foram uma forma clássica de obter renda passiva no mercado financeiro. Tradicionalmente, ao investir em ações, o acionista recebe parte dos lucros da empresa em dinheiro periodicamente, os chamados dividendos. Porém, nos últimos anos surgiu uma alternativa para gerar fluxo de caixa sem depender diretamente dos lucros das empresas: os dividendos sintéticos.
Em termos simples, estratégias financeiras (geralmente com derivativos, como opções) geram os dividendos sintéticos para imitar os pagamentos de dividendos tradicionais. Ou seja, é possível criar um “dividendo artificial” a partir de instrumentos financeiros, mesmo que a ação ou ativo original não distribua nenhum lucro diretamente.
Em primeiro lugar, essa estratégia vem ganhando força recentemente, especialmente com o surgimento de ETFs (Exchange Traded Funds, fundos negociados em bolsa) focados em renda. Esses fundos utilizam opções – contratos que dão direito de comprar ou vender um ativo a um preço predeterminado – para gerar receitas e distribuir rendimentos regularmente aos cotistas.
O resultado é uma fonte de renda previsível, semelhante a um dividendo mensal, ainda que sintético.
O que são dividendos sintéticos?
Dividendos sintéticos são, na prática, dividendos “fabricados” por meio de estratégias financeiras, em vez de provenientes diretamente do lucro de empresas. Na maioria das vezes, essa “fabricação” de renda é feita através da venda de opções.
Por exemplo, um investidor que possui ações de uma empresa pode vender opções de compra (calls) dessas ações — uma estratégia conhecida como venda coberta (covered call, em inglês) — para receber os prêmios pagos pelos compradores das opções. Esses prêmios funcionam como um rendimento extra, imitando o recebimento de um dividendo periódico. Assim, mesmo que a empresa não distribua dividendos, o investidor passa a ter um fluxo de caixa semelhante ao de uma ação que paga dividendos.
Nos fundos de investimento (como alguns ETFs recentes), o conceito é o mesmo: o fundo detém uma carteira de ativos e então opera opções de compra sobre esses ativos para gerar receita. Os ganhos obtidos com os prêmios das opções são periodicamente distribuídos aos cotistas como “dividendos” do fundo.
Importante notar que esses rendimentos não vêm dos lucros das empresas da carteira, mas sim da estratégia financeira montada pelo fundo. Por isso são chamados de sintéticos — simulam o efeito de um dividendo, mas têm origem distinta.
Além disso, outra forma de pensar em dividendo sintético é como uma engenharia financeira para criar renda passiva. Investidores de perfil de crescimento, por exemplo, frequentemente investem em empresas que reinvestem os lucros no próprio negócio e não pagam dividendos. Ainda assim, esses investidores podem desejar uma renda periódica. A solução? Engenharia financeira com derivativos: montar posições sintéticas que gerem caixa regularmente.
Além do covered call, já citado, existem também estruturas combinando compra e venda de opções (como comprar uma call e vender uma put da mesma ação, criando uma posição sintética equivalente à ação e capturando prêmio da put).
Todas elas consistem na mesma ideia: converter potencial de ganho em fluxo de caixa recorrente, dando ao investidor uma experiência similar à de receber dividendos de ações, mesmo quando esses dividendos não existem por vias tradicionais.
De onde os dividendos sintéticos surgiram?
Em segundo lugar, a ideia de gerar “dividendos artificiais” não é completamente nova – ela é fruto da evolução dos mercados e das necessidades dos investidores. Historicamente, até meados do século 20, a maioria das empresas maduras pagava dividendos em dinheiro aos acionistas como principal forma de remunerá-los. Contudo, a partir das décadas finais do século 20 e início do século 21, houve uma mudança: muitas empresas, especialmente nos setores de tecnologia e crescimento, deixaram de pagar dividendos para reinvestir integralmente os lucros no negócio.
Em vez de dividendos, algumas passaram a fazer recompra de ações (buybacks), devolvendo valor aos acionistas de forma indireta – a recompra reduz a quantidade de ações em circulação, elevando o valor de cada ação restante. Alguns investidores encaram essa recompra como um “dividendo sintético”: se a empresa não lhe paga dinheiro, você poderia vender uma pequena parte de suas ações (que se valorizaram com os buybacks) para obter caixa, simulando um dividendo.
No entanto, essa abordagem tem desafios, já que vender ações para obter caixa expõe o investidor às oscilações de mercado.
Além disso, com o desenvolvimento dos mercados de derivativos, surgiram soluções mais sofisticadas, como ETFs que utilizam opções para gerar renda extra, especialmente durante o período de juros baixos.
No Brasil, o mercado de dividendos sintéticos ganhou força em 2023, quando a B3 passou a permitir ETFs que pagam dividendos. Duas gestoras locais lançaram produtos pioneiros: a Buena Vista Capital com o ETF SPYI11 e a Wise Capital com o ETF WISE11, ambos focados em gerar renda mensal através de estratégias com opções.
Diferenças entre dividendos sintéticos e tradicionais
Por mais que o objetivo final – gerar renda ao investidor – seja parecido, os dividendos sintéticos têm características bem diferentes dos dividendos tradicionais de ações. Entender essas diferenças é fundamental:
Característica | Dividendos Tradicionais | Dividendos Sintéticos |
---|---|---|
Origem do pagamento | Lucro das empresas distribuído aos acionistas | Prêmios de opções vendidas e estratégias financeiras |
Periodicidade | Trimestral, semestral ou anual | Geralmente mensal, com valores mais previsíveis |
Impacto no ativo | Reduz o caixa da empresa e valor patrimonial | Não impacta o caixa da empresa, mas limita potencial de ganho futuro |
Aplicabilidade | Apenas ações e fundos que distribuem lucros | Qualquer ativo com mercado de opções ou derivativos |
Tributação no Brasil | Isento de IR para pessoa física | 15% de IR na fonte via fundos/ETFs |
No geral, tanto dividendos sintéticos quanto tradicionais fornecem renda, mas por caminhos bem distintos. O que muda é a origem dos rendimentos: enquanto os tradicionais vêm diretamente do lucro das empresas, os sintéticos são gerados através de operações com derivativos.
Vantagens
Dentre as principais vantagens dos dividendos sintéticos estão:
- Renda em ativos não-pagadores: em primeiro lugar, ele permite gerar renda passiva com ações de crescimento e outros ativos que normalmente não distribuem dividendos. Isso inclui empresas de tecnologia, índices internacionais e até mesmo ouro.
- Fluxo de caixa previsível: oferece pagamentos mensais constantes, facilitando o planejamento financeiro. Alguns fundos miram distribuições fixas mensais, como 1% do patrimônio.
- Potencial de rendimento superior: em mercados voláteis, pode oferecer retornos maiores que dividendos tradicionais. ETFs no exterior chegam a entregar yields de 10% a 12% ao ano.
- Diversificação da renda: além disso, ele permite obter renda de diferentes setores e mercados internacionais. Um investidor pode gerar rendimentos sobre índices globais como o S&P 500.
- Redução de volatilidade: a estratégia funciona como amortecedor em quedas de mercado. Os prêmios das opções ajudam a compensar parte das desvalorizações dos ativos.
- Facilidade operacional: ETFs de dividendos sintéticos oferecem acesso simplificado à estratégia. O investidor não precisa operar derivativos diretamente.
- Vantagens fiscais: algumas estruturas de fundos podem otimizar a tributação internacional. ETFs brasileiros conseguem melhor eficiência fiscal ao investir em produtos similares no exterior.
Desvantagens
Por outro lado, como todo investimento, os dividendos sintéticos também apresentam desvantagens e riscos, sendo os principais:
- Limitação de ganhos: ao vender opções cobertas, você limita seu potencial de lucro em troca da renda. Em mercados de alta, você pode perder parte da valorização acima do preço de exercício.
- Risco de execução: em segundo lugar, existe o risco de ser exercido e ter que vender suas ações no preço determinado. Isso exige recompra posterior a preços possivelmente mais altos e gera custos operacionais.
- Complexidade: a estratégia requer conhecimento específico de derivativos e constante monitoramento.
- Custos e taxas: fundos que operam opções costumam ter taxas mais altas que ETFs tradicionais. Os custos de transação e impostos podem reduzir significativamente a rentabilidade.
- Implicações fiscais: no Brasil, dividendos sintéticos via fundos são tributados em 15%, enquanto dividendos tradicionais são isentos para pessoa física. Operar diretamente também gera complexidade fiscal adicional.
- Ausência de dinheiro novo: diferente dos dividendos tradicionais, não há entrada real de dinheiro novo — você está essencialmente “tirando do seu próprio bolso”. A renda vem do próprio patrimônio, não de lucros distribuídos.
- Liquidez e mercado adverso: em cenários de queda acentuada, os prêmios das opções podem não compensar as perdas. A estratégia funciona melhor com ativos líquidos e em mercados estáveis.
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Como usar dividendos sintéticos ao seu favor?
Por fim, os dividendos sintéticos são uma inovação no mercado financeiro para quem busca renda passiva. Eles permitem gerar rendimentos regulares mesmo com ativos que tradicionalmente não pagariam dividendos, usando derivativos e produtos estruturados para criar fluxos de caixa.
Mas como colocar tudo isso em prática se eu acabei de começar? Apesar de parecer difícil, com tantas regras e observações, é possível colocar tudo isso para funcionar e ainda receber dividendos todos os meses.
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