segunda, 06 de maio de 2024
Finanças DescomplicadasCOLUNA

Finanças Descomplicadas

Eli Borochovicius

Eli Borochovicius é professor de finanças e coordenador da Liga de Mercado Financeiro e de Capitais na PUC-Campinas, palestrante, colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas e criador das tirinhas de educação financeira e empreendedora EconoNina & EmpreendeDóra. Administrador, Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA pela FGV/Babson College (Estados Unidos) em Gestão e Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de Diretor Financeiro em empresa High Tech em Israel. Possui artigos científicos Qualis-Capes A1 e A2 publicados.

Tá muito caro!

Das duas uma: ou os preços estão muito altos, ou o meu salário está muito baixo. Talvez as duas coisas estejam acontecendo, já que a sensação é que o poder de compra ficou reduzido.

27 julho 2023 - 10h34
Tá muito caro!

Antes da pandemia, eu me esbaldava com um café da manhã farto, com direito a queijo, peito de peru, requeijão, diversos pães e frutas, mas ultimamente tenho me contentado com um pão com manteiga e, vez ou outra, com ovo mexido.
A partir de julho, início do segundo semestre de 2023, consegui encontrar algumas promoções e voltei a consumir queijo, mas com restrições.

O preço do ovo disparou no Brasil e ele sumiu no exterior. Em função da gripe aviária, estadunidenses e europeus têm tido dificuldade em encontrar ovos nos supermercados. Com a exportação em alta e com os insumos mais caros, os produtores reduziram a oferta no mercado interno e o preço subiu mais de 20% nos últimos 12 meses. Pesou no orçamento.

Se a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos 12 meses aponta para apenas 4%, em julho de 2022 passava de dois dígitos (10,07%).

Tive dúvidas se a renda do brasileiro acompanhou essa alta e fui buscar as informações. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda no 1º trimestre de 2022 era de R$2.704,00 e em 2023, R$2.908,00, portanto, alta de 7,54%. Nada mal, mas ainda abaixo da inflação. Só de pensar que em 2020 passou de R$3.000,00 dá até desânimo.

Voltando aos preços dos produtos alimentícios, pareceu-me sensato verificar a oscilação de preços de alguns produtos comuns às mesas dos brasileiros. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulga os preços agropecuários de diversos produtos, cada qual com a sua metodologia, então selecionei 16 produtos, entre grãos, carnes, frutas e outros, conforme a tabela abaixo:

 

Tabela 1: Variação de preços

Fonte: Criada pelo autor, com base nos dados do CEPEA.

 

Observa-se que nos últimos 12 meses houve redução considerável nos preços do milho, do trigo (olha o pãozinho do café da manhã aí), da soja, do café, do boi, do frango e da banana. No entanto, houve aumento da tilápia (como os peixes estão caros, não?), da batata, da cebola, do tomate e da laranja.

Entre 2021 e 2022, aumento expressivo do trigo, da cebola, da banana, da maçã e do café. No total, aumento de absurdos 24%. Já nos últimos 12 meses, houve redução de 26% no total, portanto, infere-se que os preços estão com tendência de queda. Uma luz no fim do túnel?

Ainda sinto perda no poder de compra, que influenciou na redução da qualidade de vida, mas com esses dados, ainda há uma esperança por dias melhores.

Além disso, a reforma tributária promete reduzir a carga tributária sobre alguns alimentos. Será que o brasileiro poderá tomar café, almoçar e jantar sem que o seu orçamento fique comprometido? Será que em breve poderei degustar um Romeu e Julieta (queijo com goiabada) - no café-da-manhã - sem medo de ser feliz?

Por enquanto, tá tudo muito caro.

 

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.