quinta, 28 de março de 2024
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Humberto Mariano

Economista e Diretor AETQ de Fundo de Pensão Privado.

União Brasil. Será só mais um?

Partido surge do casamento de um novo rico com um quatrocentão quase falido

07 outubro 2021 - 14h44
União Brasil. Será só mais um?

A fusão entre os partidos DEM e PSL cria o União Brasil, um partido que nasce grande, mas tende a encolher nos próximos meses. Ainda assim continuará sendo um ator importante para as próximas eleições, entre outros motivos, porque tem origem num casamento de interesses. De um lado, o dinheiro; de outro, o prestígio. Essa dupla costuma ser um forte cabo eleitoral.”

A união dos partidos DEM e PSL é a primeira grande movimentação partidária visando às eleições de 2022. Até agora só falávamos de nomes de candidatos, ainda mais porque uma das estrelas da próxima eleição, o atual Presidente da República, por ora, nem partido tem.

Até que JB escolha o décimo partido de sua carreira de trinta e dois anos na política, todas as possibilidades estão em aberto, entre outros motivos, porque é certo que ele atrairá, para seu novo partido, razoável parcela de deputados, senadores e governadores.

É certo de que que haverá, ainda, várias movimentações partidárias sob a forma de fusões, novas filiações, trocas de partidos e, até mesmo, coligações, que não estão proibidas nas eleições majoritárias. Embora estejam ocorrendo muitas conversas e articulações, os partidos devem adiar, o máximo possível, qualquer definição antes do término do prazo legal de filiações e registro de candidaturas.

No caso das filiações, o prazo final é 2 de abril de 2022, ou seja, daqui a aproximadamente cento e oitenta dias. Seis meses em política, sabemos todos, é uma  eternidade.

Entretanto, esse primeiro movimento indica quão complexos, imprevisíveis e, por vezes, bizarros, poderão ser os acordos político-partidários visando às eleições de outubro do próximo ano. O DEM é o partido que veio nas caravelas de Cabral. Já foi UDN, ARENA, PDS e PFL. Esteve presente em todos os governos desde Tomé de Souza e tem verdadeiro horror à palavra oposição.

Não importa quem seja o eleito em 2022 – ainda que seja Boulos do PSOL −, o fato é que o líder do Governo, na Câmara ou no Senado, será um quadro do PFL, seja lá o nome que o partido ostentar naquele momento. Por ora, o nome escolhido é União Brasil.

Por sua vez, o PSL é bem mais recente e ninguém sabia bem o que era até que Jair Bolsonaro o escolhesse para concorrer em 2018. Em seus primeiros vinte anos era menos que um partido nanico. Em 2018, apareceu para o Brasil e para o mundo na esteira de uma candidatura presidencial mitológica. Até então nunca tivera mais que um deputado federal em sua bancada federal, geralmente, Luciano Bivar, fundador e presidente do partido.

No Senado, ainda, não colocara os pés. De uma hora para a outra, tornou-se a maior bancada da Câmara Federal; elegeu senadores, governadores e o Presidente da República. O nanico tornou-se gigante. Um gigante meio desengonçado, desarticulado, mas com muito dinheiro, proveniente dos fundos eleitoral e partidário, cada dia mais gordos e bem alimentados. 

Pois bem, o União Brasil surge do casamento de um novo rico com um quatrocentão quase falido. Conveniente para ambos. O PSL entra com o capital e o DEM com os quadros, gente experiente, que conhece bem este ramo de negócios. Com a provável saída dos bolsonaristas “de raiz”, o novo partido será oposição, pelo menos, até o final do primeiro turno da eleição de 2022. Assim, deverá lançar um candidato, que pode ser Rodrigo Pacheco (vindo do DEM) ou José Luiz Datena (vindo do PSL). Correm por fora Ronaldo Caiado, Tereza Cristina e ACM Neto. 

Para quem acredita em programas e ideais partidários, aconselho ir ao site oficial dos dois partidos para conferir suas semelhanças. São bastante parecidos, praticamente iguais, não só entre si, como com os do PT, PMDB, PDT, PSD, PTB, PSDB, PR e dos outros 24 partidos registrados no TSE. Todos nos prometem o Paraíso.

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