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Humberto Mariano

Economista e Diretor AETQ de Fundo de Pensão Privado.

Dá para prever alguma coisa para 2021?

Ainda que não haja motivos para comemorar 2020, é possível esperar que no próximo ano frutifiquem os resultados dos enormes recursos despendidos pela sociedade global.

22 dezembro 2020 - 12h26
Dá para prever alguma coisa para 2021?

 “Ainda que não haja motivos para comemorar 2020, é possível esperar que no próximo ano frutifiquem os resultados dos enormes recursos despendidos pela sociedade global, por meio dos governos e da Ciência. O Brasil, em termos econômicos e políticos, fez bem uma parte da tarefa, mas ficou devendo avançar em pautas fundamentais. A pandemia não pode ser desculpa para a inação dos poderes, em especial, do Executivo e do Legislativo.”

Nem mesmo sabendo que nenhum dos videntes, adivinhos ou gurus disse qualquer coisa sobre a extensão e os efeitos da pandemia de Covid-19, nem mesmo que o ano de 2020 seria tão diferente, a maioria das pessoas continuará buscando esses “profissionais” e consultores, economistas e filósofos renomados para tentar enxergar o que 2021 lhes reserva. Vamos dar um desconto para os que não usam bolas de cristal, búzios, conchas e cartas de tarô porque a China só notificou os primeiros casos à OMS no último dia do ano passado.

Não me arriscaria a qualquer previsão sobre o Brasil e o mundo para o próximo ano. O máximo que podemos dizer, sem fugir do óbvio, é que algumas variáveis impactarão os acontecimentos e que, provavelmente, as principais variáveis estarão relacionadas às vacinas. São a disponibilidade, a segurança, a eficácia e a eficiência dos planos nacionais de imunização que determinarão a capacidade de resposta de cada país aos desafios da recuperação econômica e da volta à normalidade.

Do ponto de vista econômico, os governos, inclusive o brasileiro, se mostraram capazes de mitigar, em alguma medida, os efeitos negativos da pandemia por meio de estímulos fiscais e monetários, incluindo auxílios emergenciais. No caso brasileiro foram tímidos e insuficientes os estímulos fiscais e monetários, ainda que o auxílio emergencial tenha cumprido bem a sua função e garantido fôlego a alguns setores da economia. A partir de setembro, a recuperação se mostrou tão promissora que o mercado acusava falta de matéria primas e extensão dos prazos de entrega para além das necessidades da indústria e do comércio. Outro aspecto negativo: o recrudescimento da inflação.

Nuvens negras no horizonte

Entretanto, o quatro trimestre trouxe novidades indesejáveis: o aumento de casos da doença e a politização das vacinas. Ambas as situações espalham nuvens negras sobre o país e a economia no próximo ano. De um lado, a necessidade de mais medidas restritivas, e de outro, a demora em termos um Plano Nacional de Imunização confiável e adequado ao gigantismo territorial e diversidades regionais.

Some-se a isso o desequilíbrio fiscal, agravado pela pandemia, a ausência de coordenação entre União e Estados e a briga política pelo protagonismo, todos de olho em 2022 ou, mais imediatamente, em 1º de fevereiro, quando serão eleitas as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. É um cenário complexo e desafiador que não permite antecipar qualquer previsão para o próximo ano, exceto que, em fevereiro, haverá carnaval de rua em Salvador e Olinda — com ou sem vacinas ou trios elétricos.

Cabe-nos continuar trabalhando, manter as esperanças e nos prepararmos para o futuro que, decerto, virá. Se fomos, como sociedade e governos, capazes de injetar US$ 25 trilhões na economia global em 2020 (Valor Econômico, 21 de dezembro de 2020) e, em menos de um ano, pesquisar, testar, aprovar e iniciar a aplicação de quatro ou cinco vacinas contra a Covid-19, há motivos para acreditar que a Humanidade ainda tem um longo futuro pela frente, desde que comprometa-se a usar toda essa Arte, Ciência e Política disponíveis para a construção de um mundo próspero, seguro e justo para TODOS.  

Feliz Natal. Feliz Ano Novo.

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