domingo, 09 de junho de 2024
Ressignificando a LongevidadeCOLUNA

Ressignificando a Longevidade

Ida Nuñez

Editora-chefe do VRT Channel e apresentadora do programa Universo 50 (e muito) +, considerada pelo segundo ano consecutivo a jornalista mais influente no segmento sênior.

Tecnologia da informação e o desafio da qualificação profissional no Brasil: E o sênior com isso?

A falta de profissionais qualificados em tecnologia da informação representa um obstáculo significativo para o desenvolvimento do país no campo da inovação e da competitividade global

19 outubro 2023 - 11h04
Tecnologia da informação e o desafio da qualificação profissional no Brasil: E o sênior com isso?

Quando se trata de tecnologia de informação, o Brasil enfrenta um desafio que se tornou mais aparente ao longo dos anos. Em 2002, o renomado sociólogo Prof. Jose Pastore emitiu um alerta preocupante em relação à falta de profissionais qualificados na área de TI no país.

Em uma entrevista ao FEBRABAN NEWS, ele destacou que, nos próximos três a quatro anos, o setor de tecnologia de informação precisaria de cerca de 800 mil novos profissionais, enquanto o Brasil estava formando apenas 50 a 53 mil por ano, e muitos deles não possuíam a qualificação adequada para atender às demandas do mercado.

Hoje, em outubro de 2023, esse alerta ainda ressoa com grande relevância.

A falta de profissionais qualificados em tecnologia da informação representa um obstáculo significativo para o desenvolvimento do país no campo da inovação e da competitividade global.

É imperativo abordar essa lacuna, que está se tornando cada vez mais aparente à medida que a tecnologia desempenha um papel central em nossa sociedade.

Olhando para trás, um estudo intitulado "Evolução do Ensino Superior – Graduação – 1980 – 1998", editado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2000, revelou que, entre 1980 e 1995, um total de 3.754.613 pessoas se formaram no ensino superior no Brasil.

Hoje, em 2023, muitas dessas pessoas estão na faixa etária entre 50 e 65 anos. Dentro desse grupo, em 1997, cerca de 16,2% das pessoas se formaram em cursos de Ciências Exatas, Engenharia e Tecnologia, de acordo com o mesmo estudo.

Se assumirmos que esse percentual se manteve constante ao longo dos anos de 1980 a 1995, podemos estimar que aproximadamente 608.261 pessoas possuam uma formação compatível com a tecnologia da informação.

Agora, a questão é como aproveitar essa riqueza de conhecimento acumulada ao longo dos anos.

Suponhamos que apenas 50% desse grupo esteja disponível para ingressar no mercado de trabalho. Isso ainda nos proporcionaria um contingente considerável de 304.130 pessoas com formação superior que poderiam estar prontas para adentrar ao mercado de TI com a devida reciclagem e adaptação às tecnologias atuais.

Portanto, fica claro que há um vasto potencial de recursos humanos qualificados que poderiam ser direcionados para atender às necessidades da indústria de TI no Brasil.

O desafio é criar os mecanismos e programas que permitirão a rápida reciclagem e integração desses profissionais no mercado de trabalho, reduzindo assim o descompasso mencionado pelo Prof. Jose Pastore em 2002.

Neste contexto, é essencial que as empresas e o Brasil como um todo abandonem as limitações do etarismo, que é a tendência de valorizar em demasia a juventude em detrimento da experiência acumulada, e pensem "fora da caixa".

Devemos aproveitar a oportunidade de usar o conhecimento e a experiência desses profissionais mais maduros para impulsionar a inovação e a competitividade em tecnologia da informação.

Promover programas de reciclagem e desenvolvimento profissional para esse grupo de pessoas pode ser uma maneira eficaz de preencher a lacuna de profissionais qualificados na área de TI.

As empresas, o governo e as instituições de ensino devem colaborar para criar soluções que beneficiem a todos, visando ao bem do país e à sua posição no cenário global de tecnologia da informação.

Em última análise, o Brasil tem um tesouro de conhecimento esperando para ser explorado e integrado à indústria de TI. A superação do desafio da qualificação profissional é essencial para o crescimento e a competitividade do país no mundo da tecnologia da informação.

É hora de agir e aproveitar essa oportunidade para o bem do Brasil.

 

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.