O tamanho de um fundo de investimento é, sem dúvida, um dos principais pontos que o investidor presta atenção antes de alocar seu dinheiro. Fundos com patrimônio elevado transmitem maior segurança, já que contam com histórico sólido, volume expressivo de cotistas e maior poder de barganha para negociar ativos, taxas e liquidez. Não à toa, muitos investidores usam esse dado como um sinal de confiança do mercado.
Por outro lado, fundos menores — especialmente os mais novos — costumam ter mais liberdade para tomar decisões, operar com agilidade e buscar nichos ainda pouco explorados. Isso pode abrir espaço para retornos mais agressivos e novas oportunidades.Mas aí surge a dúvida: como é calculado o tamanho de um fundo? É aí que entra uma sigla muito comum no mundo dos investimentos, usada para medir o volume total administrado por fundos, gestoras e ETFs: o AUM.
O que é AUM e como é calculado?
O Ativos Sob Gestão, do inglês Assets Under Management (AUM), é uma medida do valor agregado de todos os investimentos que um fundo administra. Esse valor oscila diariamente, de acordo com a valorização ou desvalorização de mercado dos ativos na carteira e com os aportes ou resgates dos investidores. Além disso, o cálculo exato do AUM pode variar conforme a instituição, mas, na maioria dos casos, inclui todos os fundos e recursos sob gestão, depósitos em dinheiro e outros ativos relevantes.Vários fatores fazem o AUM mudar ao longo do tempo. Entradas de capital (novos investidores aplicando dinheiro) aumentam o AUM, assim como a valorização dos ativos na carteira e o reinvestimento de dividendos recebidos pelos fundos. Por outro lado, resgates (saídas de capital de investidores), queda no valor de mercado dos ativos ou até o fechamento de um fundo gerido pela instituição diminuem o AUM total.
Por que é importante?
O AUM é uma métrica muito observada porque dá uma ideia do porte e da influência de um fundo ou gestora no mercado financeiro. Dentre os principais motivos pelos quais investidores e analistas prestam atenção aos Ativos Sob Gestão estão:
- Estabilidade e liquidez: fundos com AUM elevado tendem a ser vistos como mais estáveis e líquidos. Um patrimônio grande indica que há muitos recursos e investidores envolvidos, tornando mais fácil comprar ou vender suas cotas sem grandes oscilações de preço. Em um fundo ou ETF grande, geralmente há bastante liquidez, ou seja, muitos negócios acontecendo diariamente, o que facilita a entrada e saída de posição pelo investidor comum.
- Credibilidade e confiança: um AUM grande costuma refletir também maior prestígio da instituição gestora e confiança do mercado naquele produto. Afinal, se um fundo alcançou bilhões sob gestão, é porque muitos investidores confiaram seu dinheiro ali. Isso pode indicar que a gestora possui uma boa reputação ou histórico de desempenho consistente. Em contraste, um fundo muito pequeno pode ser desconhecido ou estar no início de operação, ainda construindo credibilidade.
- Escala e eficiência de custos: quanto maior o AUM, maior a escala de operação do fundo. Isso pode trazer economias de escala, diluindo custos fixos e resultando em taxas de administração proporcionalmente menores para o investidor. De fato, é comum que fundos grandes cobrem percentuais menores de taxa de administração do que fundos muito pequenos, pois a gestão de um patrimônio amplo permite distribuir os custos entre muitos cotistas.
- Indicador de sucesso (com ressalvas): muitas vezes, o crescimento do AUM é consequência de um bom desempenho passado ou de uma estratégia acertada. Um aumento contínuo no AUM ao longo do tempo geralmente reflete retornos positivos ou captação de novos investidores, sendo interpretado como sinal de sucesso e boa gestão. No entanto – e esse ponto é crucial – nem sempre um AUM maior significa que o fundo é melhor ou que continuará gerando bons resultados.
AUM alto ou baixo: o que significa em diferentes investimentos?
O que caracteriza um AUM “alto” ou “baixo” depende do tipo de produto financeiro e de parâmetros de mercado. Não existe um número mágico universal; é preciso contextualizar por categoria de investimento.
ETFs
Os ETFs (Exchange Traded Funds) com AUM abaixo de R$ 100 milhões geralmente apresentam sinais de alerta, indicando baixa confiança dos investidores e possíveis problemas como pouca liquidez, spreads maiores e até risco de fechamento por falta de escala.
ETFs com patrimônio entre R$ 20 milhões e R$ 80 milhões, por exemplo, costumam ter baixo volume de negociação, dificultando compras e vendas sem impactar o preço.
Em contraste, ETFs com AUM superior a R$ 500 milhões — como BOVA11 e IVVB11, que ultrapassam os R$ 2 bilhões — têm ampla aceitação do mercado. Eles oferecem alta liquidez, maior estabilidade e geralmente apresentam custos mais baixos devido à economia de escala. Além disso, tendem a replicar índices com maior eficiência e menor tracking error.
Fundos Imobiliários (FIIs)
No universo dos Fundos Imobiliários (FIIs), o AUM — ou patrimônio líquido (PL) — influencia fortemente o risco e retorno do investimento. FIIs com PL acima de R$ 1 bilhão — como KNRI11 ou HGLG11 — geralmente oferecem maior diversificação de ativos, melhor liquidez e gestão mais profissionalizada. Esses fundos costumam ser mais estáveis, atraindo investidores conservadores.
Por outro lado, FIIs menores, com PL inferior a R$ 100 milhões, podem apresentar desafios como baixa liquidez e maior volatilidade. No entanto, muitos fundos entre R$ 50 milhões e R$ 80 milhões também mostram agilidade para capturar oportunidades em nichos de mercado, como lajes corporativas de alta demanda ou galpões logísticos em expansão.
Fundos de ações
Nos fundos de ações, o AUM interfere diretamente na operação e desempenho da estratégia. Fundos com patrimônio abaixo de R$ 50 milhões enfrentam limitações operacionais, mas também ganham flexibilidade para atuar em ativos de menor liquidez — como small caps — e podem entregar retornos diferenciados se bem geridos.
Já fundos com AUM acima de R$ 1 bilhão, como os grandes flagships das gestoras mais conhecidas, contam com equipes robustas, acesso a análises exclusivas e maior resiliência a resgates. No entanto, à medida que crescem demais — ultrapassando R$ 5 bilhões, por exemplo —, podem perder agilidade e ter dificuldade em gerar alfa em mercados menos líquidos. Por isso, muitos gestores preferem fechar o fundo para novas captações antes de atingir esse limite. O ideal é que o tamanho do fundo seja compatível com a estratégia proposta, equilibrando escala e eficiência operacional.
AUM alto não significa automaticamente um fundo melhor
É comum associar fundos com patrimônio maior a investimentos melhores ou mais seguros. Um AUM alto realmente traz benefícios como maior liquidez, diversificação e economias de escala. No entanto, como visto anteriormente, o tamanho não é garantia de qualidade ou rentabilidade. Fundos gigantes podem ter gestão mediana ou dificuldade para encontrar boas oportunidades, enquanto fundos pequenos e ágeis, geridos por profissionais talentosos, podem entregar resultados superiores.
Estratégias de investimento possuem um limite de capacidade ótima. Quando um fundo cresce demais, sua eficiência e retornos podem diminuir. Além disso, fundos menores, em certas categorias, superam os maiores justamente porque têm mais liberdade para escolher ativos com alto potencial.
O ideal é analisar o AUM de forma crítica e contextualizada. Use-o como mais um critério entre vários, considerando também a estratégia do fundo, histórico de performance, qualidade da gestão e taxas cobradas. Um AUM elevado traz informações valiosas sobre liquidez, credibilidade e diversificação, mas não deve ser interpretado como um selo automático de superioridade. Da mesma forma, um AUM baixo não indica necessariamente um mau investimento – pode ser apenas um fundo novo ou de nicho com grande potencial.
Outras ferramentas para ver a qualidade de um fundo
Além do AUM, investidores podem analisar outros indicadores que ajudam a medir a qualidade de um fundo. Um dos mais importantes é o retorno histórico ajustado ao risco, que pode ser observado por métricas como o índice de Sharpe. Ele mostra se o fundo entrega uma boa relação entre risco e retorno. Quanto maior o Sharpe, melhor o desempenho ajustado ao risco.
Outra ferramenta essencial é a análise da estratégia do fundo e sua consistência de gestão. Fundos que seguem estratégias claras, com objetivos bem definidos, tendem a oferecer mais previsibilidade. Nesse caso, também vale verificar quem é o gestor, seu histórico, o tempo de casa e os resultados de outros fundos sob sua gestão. A ficha técnica disponível nos sites das gestoras ou plataformas de investimentos costuma reunir essas informações com transparência e atualização periódica.
E para aqueles investidores que buscam identificar o momento ideal de compra ou venda de ETFs, a Planilha Rastreadora de Tendências do Super ETF é uma ferramenta prática e acessível. Criada por Fábio Murad, ela automatiza a análise de mercado, eliminando a complexidade de monitorar múltiplos indicadores técnicos manualmente e simplificando a visualização de pontos de entrada e saída.
Com um sistema que rastreia a performance dos ativos, a planilha permite que tanto iniciantes quanto investidores experientes tomem decisões mais embasadas, sem necessidade de conhecimentos técnicos avançados. Em vez de depender exclusivamente de análises complexas ou timing perfeito de mercado, o usuário consegue identificar tendências de forma clara e objetiva, tornando o processo decisório mais seguro e menos sujeito a emoções momentâneas.
Ficou curioso? Clique aqui e confira a Planilha Rastreadora de Tendências do Super ETF!