
Resumo da matéria:
• Título de capitalização é feito com um aporte integral ou parcelas mensais
• O custo-benefício da capitalização não compensa
• Esses títulos não oferecem rendimento, eles só devolvem o valor corrigido pela Taxa Referencial (TR)
Se você possui uma conta em banco, em algum momento deve ter ouvido falar em título de capitalização. Essa é uma prática comum entre gerentes, que oferecem aos seus clientes esse tipo de título de crédito.
Somente no primeiro bimestre de 2021, a receita dos títulos de capitalização atingiu R$ 3,8 bilhões, valor 2,3% superior em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).
Resumidamente, a capitalização funciona da seguinte maneira: ao adquirir o produto, o cliente paga o valor do título – integralmente ou em parcelas mensais – e, após o vencimento, receberá de volta o valor aportado com correção, além de ter a chance de participar de sorteios mensais em dinheiro ou prêmios, como viagens e carros.
Um dos argumentos mais fortes das instituições bancárias para vender os seus títulos é de que se trata de uma “ferramenta de educação financeira” ou “economia programada”. Como brasileiros em geral têm dificuldade para controlar as finanças e poupar, esse seria um caminho para ensinar a guardar dinheiro. Mas vale a pena?
O custo-benefício da capitalização compensa?
A resposta é: não, não compensa. Em um título de capitalização, o valor pago pelo cliente é dividido basicamente em três partes: uma para pagar pelos sorteios, a segunda para a administração do título pelo banco e a terceira será “rentabilizada” para retornar ao cliente.
De acordo com as regras da Susep (Superintendência de Seguros Privados), a parte que retorna aos clientes deve corresponder a, pelo menos, 50% do valor total captado, enquanto os outros custos com sorteio e administração não podem passar de 25% cada.
Ou seja: ao aplicar em capitalização, o cliente na verdade está “investindo” só metade do que paga. É claro que toda aplicação financeira tem taxa de administração, mas é importante observar se a rentabilidade compensa o custo e se o seu dinheiro voltará para a sua mão valendo mais do que antes ou se será comido pela inflação.
TR: o reajuste de 0%
Os títulos de capitalização não oferecem “rendimento”. Na verdade, só devolvem o valor corrigido pela Taxa Referencial (TR). Já ouviu falar dela? Explicamos a seguir, mas já adiantamos o maior problema que ela traz para quem tem títulos de capitalização: A TR não supera a inflação há mais de 20 anos.
Criada na década de 90, quando a inflação estava nas alturas, a taxa referencial costumava fazer o papel que a Selic faz hoje, de ser uma taxa de parâmetro para os juros do país.
Hoje em dia, segue apenas como indicador para correção de alguns produtos de crédito e títulos, entre eles a capitalização. Em 2020, ela foi de 0%, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano em 4,52%. No ano passado, quem “investiu” em capitalização perdeu dinheiro.