Economia

Payroll: dados de fevereiro impactam corte de juros do Fed e Selic, afirmam especialistas

Número reportado mostra que a economia dos EUA continua aquecida, o que pode ser um empecilho para o Banco Central norte-americano, opina Volnei Eyng, CEO da Multiplike

8 MAR 2024 • POR Redação SpaceMoney • 12h14
Risco fiscal influencia na queda da bolsa - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O escritório de estatísticas do trabalho do governo dos Estados Unidos (EUA) divulgou na manhã desta sexta-feira (8) os dados referentes às folhas de pagamento não-agrícolas, o Payroll, considerado um dos indicadores econômicos mais importantes da economia norte-americana, e que medem a variação do número de pessoas empregadas durante o último mês de todas as empresas não-agrícolas.

O relatório aponta a criação de 275.000 vagas em fevereiro frente às 229.000 vagas do mês de janeiro.

O economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, explica que o consenso de mercado apontava para a criação de 200 mil vagas e o número reportado mostra que a economia norte-americana continua aquecida, o que pode ser um empecilho para que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) antecipe o ciclo de corte em sua taxa de juros para antes de junho.

“A expectativa anterior projetava o início do ciclo de corte para maio, mas depois o mercado financeiro reajustou para junho suas expectativas”, diz.

Esse volume de vagas mostra que a economia americana não arrefeceu, mas tem se mantido forte, o que tende a puxar a inflação para cima e dificultar a vida dos ‘Fed Boys’ (dirigentes do Federal Reserve). 

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), colegiado do Federal Reserve, optou por manter, em janeiro, as taxas de juros dos EUA dentro de uma faixa entre 5,25% e 5,5%.

O banco central afirmou, em decisão, que “não considera apropriado estreitar o intervalo até que haja maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%”.

Após onze aumentos consecutivos, a política monetária tem sido mantida inalterada nos níveis mais elevados em 22 anos desde julho.

Embora reconheça que houve um alívio no aumento dos preços ao longo do último ano, o Fed considera que a inflação ainda permanece elevada. Em dezembro, o índice de preços ao consumidor situou-se em 3,4%, ligeiramente acima do esperado (3,2%).

Por conta da divulgação do Payroll, o Ibovespa abriu em queda e, por volta das 10:30, o índice recuava 1,37%.

Os analistas observam atentamente esse cenário em busca de pistas acerca dos juros americanos.

No Brasil, o pessimismo tomou conta já na noite de quinta-feira (7), quando a Petrobras (PETR3)(PETR4) divulgou seu balanço, e reportou uma queda de quase 30% no lucro do quarto trimestre de 2023, bem como um reajuste para baixo na distribuição de dividendos.

 

Payroll surpreende analistas 

Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, ressalta que o payroll mais uma vez surpreendeu o mercado.

“Isso deve fazer com que o Fed mantenha a cautela que tem apresentado em relação a cortes na taxa de juros americana. Este é um ponto de atenção para o banco central brasileiro pois cortes mais profundos na Selic dependem de movimentos similares principalmente nos EUA”, frisa.

Já Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, também considera que o Fed inicia o ciclo de corte de juros somente em junho.

“No Brasil, os indicadores estão apresentando resultados positivos. No entanto, o viés populista do governo prejudica o trabalho do Ministério da Fazenda, cujas medidas estão em linha com as expectativas do mercado”, destaca.

Murad elenca que, em 2023, a economia brasileira registrou um crescimento de 2,9%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (1º). “Esse resultado sucedeu um aumento de 3% em 2022”, completa.

 

Dados importantes

EUA - Payroll: criação de 275.000 postos de trabalho em fevereiro, acima de 229.000 vagas criadas em janeiro (revisado de 353.000); consenso era de 200.000; EUA - Payroll: salário médio por hora sobe 0,1% em fevereiro, de 0,50% em janeiro; previsão era de alta de +0,3%; ano a ano, +4,3%, de 4,4%; EUA - Payroll: Taxa de desemprego fica em 3,9%; Petrobras (PETR3; PETR4): lucro de R$ 31,0 bilhões no 4T, queda de 28,4% frente ao 4T22; Petrobras (PETR3; PETR4): lucro líquido recorrente foi de R$ 41,0 bilhões no 4T, queda anual de 6,3%; Petrobras (PETR3; PETR4): conselho de administração encaminha proposta de distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões. 

 

“Os dividendos propostos já levam em consideração o valor de ações recompradas no quarto trimestre de 2023 de R$ 2,7 bilhões e a correção pela taxa Selic sobre as antecipações de dividendos e JCP relativos ao exercício de 2023, no valor de R$ 1,1 bilhão, que foram descontados do total da remuneração aos acionistas”, informou a estatal.

 

PCE de janeiro também veio forte

De acordo com Eyng, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de janeiro, divulgado na quinta-feira retrasada (29), veio em linha com o consenso de mercado e também sustenta apostas de que Federal Reserve segure os juros no patamar atual até o mês de junho.

“O PCE registrou um aumento de 2,4% em janeiro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já o Núcleo do PCE, que exclui os preços de alimentos, energia e outros itens voláteis, apresentou um crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior, também alinhado com as expectativas”, destacou.

“Em janeiro, os gastos com consumo aumentaram 0,2% em relação a dezembro, o que também está em conformidade com as projeções dos analistas. Como o indicador preferido pelo Banco Central dos Estados Unidos, sua trajetória pode influenciar as futuras decisões da autoridade monetária em relação à política de redução das taxas de juros”, ressalta.

 

As informações são de Gueratto Press.

 

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