segunda, 29 de abril de 2024
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Tesouro RendA+ promete aposentadoria a partir de R$ 30; saiba como investir

Título do Tesouro Direto permite que o investidor escolha o ano em que deseja se aposentar e quanto quer receber

22 setembro 2023 - 11h00Por José Chacon
 - Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Lançado com objetivo de desafogar o sistema previdenciário público do Brasil, o RendA+ é o título do Tesouro Direto voltado para quem busca uma renda adicional à aposentadoria.

O papel tem se destacado no mundo dos investimentos por fornecer rentabilidade atrelada à inflação e investimento mínimo de aproximadamente R$ 30,00 mensais.

O título promete ganhos maiores que o da poupança, já que além de considerar a variação marcada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é definida uma taxa de juros prefixada para conversão monetária.

Para o mestre em economia e influenciador, Presley Vasconcellos (@eupresley), o RendA+ é, principalmente, uma opção acessível para que pessoas de baixa renda, autônomos, microempreendedor individual, pequenos empresários e entre outros, tenham um tipo de previdência que forneça uma aposentadoria de qualidade.

“O título, por ter um caráter acumulativo e de recuperação do poder de compra, garante uma segurança para o investimento. Com essa compreensão, o RendA+ tende a atingir ainda mais a carteira de investimentos das pessoas”, afirma o especialista.

Atualmente, o RendA+ já acumula mais de R$ 1 bilhão em estoque e conta com cerca de 52 mil investidores ativos. Desse total, 24% ingressaram no programa através do título de aposentadoria, segundo os últimos dados divulgados pelo Tesouro Direto.

Para entender o funcionamento do RendA+ e saber como aplicar seu dinheiro nele, acompanhe as linhas a seguir:

 

Como o RendA+ funciona?

De início, o título concede ao investidor a opção de escolher em que ano deseja receber a conversão. A aposentadoria será paga mensalmente por 20 anos, após o período de investimento.

Ou seja, o investidor aplica hoje e não receberá nenhuma parcela por um tempo, durante o período de acumulação. Nesse intervalo, os rendimentos são acumulados e depois serão distribuídos em uma renda mensal por 240 meses.

Para facilitar essa lógica, o RendA+ possui 8 títulos-base com variações de preços, do ano em que vai receber as parcelas, do ano de vencimento das parcelas e diferença de rentabilidade entre eles.

 

Os papéis são:
 

Título

Rentabilidade

Investimento mínimo

Ano de conversão

Ano de vencimento

Tesouro RendA+ 2030

IPCA + 5,58% de juros

R$ 35,99

2030

15/12/2049 

Tesouro RendA+ 2035

IPCA + 5,67% de juros

R$ 40,52

2035

15/12/2054

Tesouro RendA+ 2040

IPCA + 5,72% de juros

R$ 30,42

2040

15/12/2059

Tesouro RendA+ 2045

IPCA + 5,75% de juros

R$ 30,49

2045

15/12/2064

Tesouro RendA+ 2050

IPCA + 5,74% de juros

R$ 34,73

2050

15/12/2069

Tesouro RendA+ 2055

IPCA + 5,72% de juros

R$ 30,90

2055

15/12/2074

Tesouro RendA+ 2060

IPCA + 5,72% de juros

R$ 30,11

2060

15/12/2079

Tesouro RendA+ 2065

IPCA + 5,72% de juros 

R$ 30,43

2065

15/12/2084

 

 

Todas as parcelas do RendA+ incluem juros reais mais a atualização pelo IPCA. Por isso, essa tabela pode ser modificada a qualquer momento. Sua atualização está sempre disponível no site do Tesouro Direto.

 

Como calcular a renda e fazer um planejamento personalizado?

Durante o período de acumulação, o investidor poderá fazer várias aplicações, o que permite um planejamento personalizado. Quanto mais títulos puder comprar, maior será o lucro na aposentadoria.  

Assim, o simulador do RendA+, disponível no site do Tesouro Direto, ajuda na projeção da renda que o investidor deseja obter no futuro. 

Por lá ele responde três perguntas e já sabe a quantidade de títulos necessária para alcançar a renda mensal que almeja.

 

Como funciona o processo de tributação do RendA+?

O título segue a mesma linha de tributação regressiva do Imposto de Renda, isto é, começa em 22,5% e pode chegar a 15%, a depender do prazo de vencimento definido.

A princípio, o Renda+ não possui taxa semestral de custódia. A taxa é de 0% para quem carregar o título até o seu vencimento e receber abaixo de seis salários mínimos.

Para quem resgatar o título apenas no vencimento e tiver renda acima de seis salários mínimos, a taxa é de 0,10% sobre o excedente.

Por exemplo, se o resgate for feito em até 10 anos, a taxa será de 0,50%. Entre 10 e 20 anos, é de 0,20% e acima dos 20 anos, a taxa é de 0,10%.

 

Se o investidor morrer, o que acontece?

Nesse caso, o Tesouro RendA+ entra no espólio dele como qualquer outro investimento. Com isso, os herdeiros podem liquidá-lo, vender os títulos a preço de mercado e repartir entre eles, ou fazer a transferência de titularidade para si e ir recebendo as parcelas até o vencimento. 

Na legislação, o Tesouro Renda+ é visto como um investimento financeiro normal, assim, não está isento de sofrer interferência do ITCMD, imposto sobre herança. 

A cobrança deste imposto varia de 2% a 8%, a depender do estado e do valor da herança a ser distribuída, independentemente do momento em que o investidor faleceu.

 

Afinal, o Tesouro RendA+ é seguro? Existe risco do investidor levar calote?

Para Presley Vasconcellos, os títulos do Tesouro Direto são os investimentos mais seguros que existem, uma vez que o pagamento deles é garantido pelo governo brasileiro.

“Para o investidor levar calote no programa, a máquina de fazer dinheiro tem que estar quebrada! Essa é a única possibilidade, já que basicamente o investidor está emprestando dinheiro para o dono da máquina”, afirma o economista.

Ele acrescenta que, “se trata de aplicações totalmente diferentes das ações na Bolsa de Valores, onde empresas variam de valor e o investimento se torna arriscado. O Tesouro Direto é seguro justamente por ser atrelado ao governo”.

Apesar disso, o índice de investidores ativos no Tesouro é muito baixo, se comparado a outros tipos de investimentos e levando em consideração o tempo de existência do programa, que opera desde 2001.

No primeiro semestre deste ano, o programa atingiu o número de 2,2 milhões de pessoas cadastradas com algum tipo de aplicação, segundo relatório do Tesouro Nacional. O índice é bem inferior aos 5,3 milhões de pessoas investindo em ações na B3.

Vasconcellos acredita que boa parte desse baixo número pode ser explicado pela falta de informação da população no geral sobre os títulos e, principalmente, pelo fato do brasileiro não ser adepto à cultura do investimento.

“O Brasil não fornece uma boa base de educação financeira, e quando se fala de educação financeira é sempre importante considerar a inclusão social, porque esse ensino é muito elitizado por aqui. Falta facilitação no ensinamento e a democratização dele”, ressalta.

O economista ainda destaca que a própria estrutura do mercado financeiro não torna simples a propagação desse tipo de investimento. 

“Existe uma parcela considerável da população, que se soubesse da possibilidade de estar planejando a aposentadoria com 30, 40 reais ao mês, estaria fazendo! Mas parece que fica um pouco distante, justamente porque a estrutura não torna isso simples”, avalia o economista.

Contudo, Vasconcellos salienta que “a forma como se vive a aposentadoria hoje, grande parte pelo INSS, vai mudar muito, porque a estrutura da sociedade não vai conseguir comportar o modelo por muito tempo”.

“Por isso, uma das maiores seguranças que o brasileiro pode ter atualmente, é o planejamento desse futuro. O Tesouro RendA+ é uma opção ideal para estabelecer essa previdência bem estruturada e com qualidade, a gente só precisa que ele seja propagado”, finaliza.