sexta, 26 de abril de 2024
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Previdência privada chega a R$ 1 trilhão em reservas em 2020; vale a pena investir?

10 março 2021 - 13h17Por Guilherme Roque
 - Crédito: Micheile Henderson via Unsplash

Segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), as reservas de participantes dos planos de previdência complementar aberta atingiram R$ 1 trilhão em dezembro de 2020, um crescimento de 7% quando comparado com o mesmo período de 2019.

O investimento na aposentadoria privada “vale a pena” e é um importante passo para a segurança financeira a longo prazo, mas deve ser começado o quanto antes, disseram dois especialistas à SpaceMoney.

“As pessoas estão vivendo mais. E elas precisam viver, não sobreviver. Porque as despesas permanecem e muitas vezes aumentam com as pessoas com mais idade, principalmente quem tem necessidades médicas, e a renda não acompanha. Então, você ter sua reserva de segurança via previdência se mostrou um negócio bem atrativo”, explica Coriolano Oliveira, gerente regional da Icatu Seguros.

Para ele, o crescimento do setor de previdência privada demonstra uma mudança no pensamento do brasileiro, que está passando a se preocupar mais com sua aposentadoria. “A reforma da previdência foi um gatilho para as pessoas entenderem a necessidade de se preparar para o futuro e que o governo não será um provedor permanente de suas necessidades”.

O CEO da SpaceMoney, Fabio Murad, por sua vez, explica que o mais indicado é começar a realizar os pagamentos mensais da previdência privada o mais cedo possível: “quanto antes a pessoa começar, os juros sobre juros vão começar a fazer mais efeito. Senão vai chegar lá na frente e você vai ter que fazer aportes muito grandes para manter seu padrão de vida na aposentadoria, e a maioria das pessoas não consegue”.

Baixa penetração

Ainda de acordo com a FenaPrevi, 13,5 milhões de brasileiros possuem previdência privada no Brasil. Isso corresponde a cerca de 6,5% da população realizando esse tipo de investimento. 

Oliveira explica que esse percentual baixo se deve ao fato de o mercado de previdência privada ser, em grande parte, ligado a instituições bancárias, o que dificulta a expansão para uma parcela da população. Outro fator, segundo o especialista, é o ganho médio do brasileiro. De acordo com um levantamento da Numbeo, sistema virtual de estudos mundiais, o Brasil tem um salário médio de R$ 1,8 mil, ocupando a 81º colocação em um ranking mundial.

“A nossa população não é uma população que tem uma renda média que consegue guardar dinheiro. O correto é realizar uma poupança e o que sobrar eu gasto. Aqui no Brasil é diferente, primeiro você gasta, para depois, se sobrar alguma coisa, poupar”.

Vantagens da previdência privada

Antes de investir em previdência privada, é preciso saber que existem dois tipos de planos: o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). A grande diferença entre os dois está na tributação. No primeiro, o investidor pode deduzir até 12% do total da renda bruta tributável da base de cálculo do Imposto de Renda (IR). Já no VGBL, o IR incide no momento do resgate dos valores e apenas sobre o valor do rendimento da aplicação.

Confira aqui como escolher entre PGBL e VGBL

Outro benefício fiscal da previdência privada está relacionado ao fato de que esse setor está livre do famoso “come-cotas” – o imposto que incide sobre aplicações nos fundos de investimentos. Isso porque a tributação na previdência privada acontece apenas no resgate. 

A previdência privada também possui aportes flexíveis. Hoje, há seguradoras que aceitam contribuições mensais a partir de R$ 100, por exemplo. Além disso, é possível que o cliente faça portabilidade do serviço para outra seguradora, caso sinta que deva.

 “As pessoas têm de se conscientizar que devem guardar, no mínimo, um percentual do seu ganho. E estamos falando de um valor muito irrisório. 100 reais por mês são, basicamente, duas pizzas por mês. Eu posso abrir mão de duas pizzas para ter um futuro mais tranquilo? Acredito que sim”, afirma Coriolano.

Como investir

Fábio Murad, da SpaceMoney, explica que a melhor maneira de se investir em previdência privada é procurar por fundos que ofereçam uma composição que siga o perfil de investimento do interessado. Mas, olhando além e considerando o atual cenário de uma taxa básica de juros, a Selic, de 2% ao ano, fundos com aplicações em ações ou multimercado podem ser escolhas mais interessantes.

“É para todo o tipo de perfil de pessoa. Como é um investimento de longo prazo, sempre é bom você aplicar mais em um negócio com mais risco, sempre respeitando o perfil de investimento do cliente, mas, como é de longo prazo, vale muito a pena você pegar fundo que tenha ações na composição”, pontua Murad.

Para o economista, outro fator importante é tomar alguns cuidados básicos antes de começar a investir em algum fundo ou seguradora. 

“Nunca investir em uma previdência privada que tenha taxa de carregamento. Prestar atenção na performance histórica daquele gestor, para ver se é qualificado, se efetivamente ele está entregando a performance. Analisar a taxa de administração, comparar com, por exemplo, um fundo de ações. Ficar atento às taxas de administração do fundo. E é muito importante você ver quem são as pessoas, o time de gestão daquele fundo”.

Crescimento contínuo

Para Oliveira, da Icatu Seguros, a expectativa é que o setor de previdência privada cresça ainda mais em 2021. Segundo ele, o mercado de previdência só não teve um ganho mais expressivo no ano passado porque muitas pessoas retiraram recursos que tinham em produtos de previdência para poder cobrir as despesas do dia a dia.

“Se a gente tiver um processo de vacinação coerente, se a gente conseguir sair dessa crise, as pessoas conseguirem voltar à sua rotina, voltarem a ter uma renda regular, a possibilidade de você aumentar as reservas de previdência é muito grande”.