quinta, 25 de abril de 2024
Imóvel como garantia

Mesmo imóvel pode ser garantia para duas operações de crédito. Como funciona?

29 julho 2020 - 17h19Por Carolina Unzelte

Entre os esforços de escoamento de crédito durante a pandemia, a Medida Provisória 992 traz a novidade do imóvel como garantia para mais uma operação de crédito. Como isso funciona?

A chamada alienação fiduciária é uma alternativa de crédito mais barato e rápido para uma parte considerável da população brasileira. "Se, pelo minha Casa Minha Vida, alguém comprou uma casa de R$ 150 mil", exemplifica Diego Coelho, sócio da Coelho Advogados, "e, daqui a 10 anos, tiver um imóvel que passa a valer R$ 250 mil, pode pegar um novo financiamento usando essa diferença de valores". 

Ou seja, com a garantia do imóvel financiado, é possível conseguir uma nova operação de crédito com melhores condições. Segundo as regras divulgadas pelo Banco Central na semana passada, os juros devem ser menores e o prazo para pagamento do segundo financiamento deve ser menor ou igual ao do primeiro. 

Quer saber sobre opções de crédito? Fale com um especialista SpaceMoney

"A MP trouxe segurança pois afasta o risco de usar o imóvel como garantia de outra dívida maior", explica Coelho. O segundo empréstimo deve ser feito pela mesma instituição que bancou o primeiro, mas há sempre a possibilidade de portabilidade. "Há essa limitação, mas a alienação ainda é uma opção melhor do que a hipoteca, por exemplo, mais morosa", afirma o advogado. 

A operação hipotecária, ao contrário do empréstimo com garantia com imóvel, deixa a casa no nome do tomador de crédito. Isso dificulta a tomada do bem em caso de eventual inadimplência, o que deixa os bancos mais reticentes -- e o processo mais longo. "A hipoteca já podia ser feita duas ou três vezes, mas a alienação é mais célere", aponta Diego.

Crédito com responsabilidade

Assim como em caso de inadimplência na primeira operação, é possível perder o imóvel no segundo crédito, se não houver pagamento das parcelas. Por isso, é preciso pensar bem e avaliar a viabilidade de honrar o compromisso de mais um empréstimo. "Quanto de crédito vai ser concedido fica a critério do banco", lembra Diego. "Hoje, isso fica em torno de 70% e 80% do valor do imóvel".