terça, 23 de abril de 2024
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Investir e "esquecer" o dinheiro por muitos anos na aplicação é o caminho correto?

Entenda porque é importante pensar lá na frente, mas nunca deixar de acompanhar a evolução dos seus investimentos

15 setembro 2021 - 10h00Por Redação SpaceMoney
 - Crédito: Nicholas Cappello via Unsplash

Uma das características mais importantes que os investidores devem ter para alcançar a sua independência financeira é ter paciência. Riqueza não se cria do dia para a noite e fórmulas mágicas e operações financeiras milagrosas na maioria das vezes servem apenas para iludir iniciantes ambiciosos no mercado financeiro. Criar uma carteira diversificada e com foco no crescimento de longo prazo é a lição número um dos educadores financeiros.

A fórmula, então, é aplicar meu dinheiro em um ativo e “esquecer” dele pelos próximos anos ou décadas? Não é bem assim! Confira porque é importante pensar lá na frente, mas nunca deixar de acompanhar a evolução dos seus investimentos para obter os melhores resultados possíveis.

Cuidado com os altos e baixos

Se sete anos atrás você tivesse aplicado seu dinheiro em um investimento atrelado à taxa Selic e nunca retirado, a rentabilidade dele teria passado de 11% ao ano em julho de 2014, chegado a 14,25% ao ano em 2016 e, daí para frente, só cairia, chegando a render apenas 2% ao ano em 2020, quando a taxa de juros atingiu a sua mínima histórica. Porém, se ano passado tivesse escolhido reaplicar o dinheiro em um título prefixado do Tesouro Direto, poderia ter colhido 8% ao ano em juros. Viu como acompanhar os rendimentos é importante?

Na renda variável, “largar” seus investimentos pode trazer consequências ainda piores. Embora o Ibovespa, índice que mede a performance da B3, a bolsa de valores brasileira, por meio da evolução dos preços dos papéis das empresas com maior volume de ações negociadas nos pregões, tenha seguido em uma rampa de subida nos últimos anos – com exceção da queda provocada pela COVID-19 em março de 2020 -, se você tivesse concentrado seus investimentos em algumas das empresas mais promissoras da década passada, hoje estaria com poucos reais no banco.

Um exemplo são as empresas do grupo EBX, do ex-bilionário Eike Batista. As ações da OSX – empresa de construção naval e serviços operacionais para navios -, por exemplo, que em março de 2010 valiam R$ 2.860, sofreram uma queda vertiginosa após os escândalos e problemas com a justiça sofridos pelo grupo. Agora, o valor de um papel da empresa está em R$ 10, uma queda de aproximadamente 99.6%. Ou seja: se você tivesse investido R$ 10 mil na OSX em 2010 e decidisse resgatar agora, seu portfólio valeria cerca de R$ 40. E o pior: talvez ainda tivesse dificuldade para se desfazer dos papéis. Ações como as do grupo EBX, quando estão disponíveis para negociação, costumam ter pouca liquidez, pois ninguém quer comprar. 

Porém, há opções no mercado que possibilitam que o investidor deixe o dinheiro “parado” por muitos anos, mas há vantagens e desvantagens nessa escolha.

Investimento em longo prazo: de olho na inflação

Um tipo de ativo que não trará prejuízos caso o investidor compre e “esqueça” são os títulos públicos atrelados à inflação. Isso porque se o seu objetivo é criar um patrimônio ao longo do tempo, as principais preocupações são: ter segurança de que a instituição que emitiu o ativo seja sólida, isto é, que não vai falir na próxima década; e que o valor investido traga rendimentos acima da desvalorização que o dinheiro sofre ao longo do tempo por conta da inflação. Os títulos do Tesouro Direto, por exemplo, trazem ambas as características. Você se torna um “credor” do estado brasileiro e a probabilidade de o governo não pagar o prometido pelos títulos é quase zero.  E existem opções voltadas para o longuíssimo prazo.

Uma delas é o Tesouro IPCA+ 2055, um título que rentabiliza com base na inflação do período, medida pelo IBGE, mais uma taxa fixa de 4,31% ao ano. No site do Tesouro Direto é possível fazer uma simulação com o título. Investindo R$ 10 mil, segundo o cálculo do simulador será possível resgatar R$ 116 mil daqui 34 anos, mesmo sem fazer nenhum aporte adicional. Segundo o sistema, o investimento traz rentabilidade superior a outras opções na renda fixa, como a caderneta de poupança ou CDBs (Certificado de Depósito Bancário).

É possível conseguir melhores resultados com outros tipos de ativos, como ações e fundos de investimento? Sim. Embora rentabilidade passada não signifique rentabilidade futura, produtos com uma exposição um pouco maior ao risco podem trazer melhores rendimentos que a renda fixa. Porém, exigem que o investidor acompanhe regularmente os resultados para fazer ajustes na carteira quando necessário.