quinta, 25 de abril de 2024
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Investidores devem ter cautela e renda fixa ganha força, diz economista-chefe da Órama

Na visão do especialista, setores de ensino e varejo podem ser a 'bola da vez' para rentabilidade a longo prazo

11 março 2021 - 17h04Por Guilherme Roque

Os investidores devem ser cautelosos diante das novas medidas de restrição anunciadas hoje (11) pelo governo do Estado de São Paulo, mas podem buscar boas oportunidades de retorno a longo prazo. Essa é a avaliação do economista-chefe da Órama e professor de economia do IBMEC-RJ (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Alexandre Espírito Santo.

“Agir no calor dos acontecimentos não é uma boa estratégia. Existem boas empresas no nosso país, independentemente do cenário mais promissor ou não. Se aconselhar com bons gestores é meu melhor conselho”, explica o economista.

No começo da tarde desta quinta-feira (11), o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que vai implementar, a partir da próxima segunda-feira (15), a chamada fase emergencial do Plano SP, uma série de medidas ainda mais restritivas do que as da fase vermelha. Durante a realização das medidas, eventos religiosos coletivos em igrejas e templos, partidas de futebol e o trabalho presencial em escritórios e órgãos públicos serão suspensos.

Mesmo com o anúncio das medidas, na tarde de hoje, perto das 17h04, o Ibovespa, principal índice acionário da B3, a bolsa de valores brasileira, apresentava alta de 1,54%, aos114.518 pontos. Para o economista, o movimento que estamos observando é uma recuperação de eventos recentes que fizeram a Bolsa ter quedas acentuadas.

“O mercado está se recuperando parcialmente das fortes quedas provenientes da questão da ingerência sobre a Petrobras e da decisão do ministro Fachin, que tornou o ex-presidente Lula elegível”, afirma.

“Além disso, a PEC emergencial dá um certo fôlego às nossas âncoras fiscais (teto e regra de ouro). Houve uma melhora também estimulada pela aprovação do pacote do Biden no Congresso, que fez com que as bolsas lá fora voltassem para suas máximas”, complementa.

Oportunidades

Apesar do prospecto ruim para a economia e, consequentemente, para o mercado financeiro, o investidor ainda pode ficar de olho em algumas oportunidades de retorno a longo prazo e ir ‘contra a maré’ neste momento.

“Existem setores que foram muito prejudicados com a pandemia e, quando a vacinação acelerar, tendem a se recuperar, como ensino e varejo. Esses setores normalmente são ligados à atividade econômica. Mas não é nada para curto prazo, pois a inflação está alta e os juros vão subir ao longo do ano”, comenta o professor.

Segundo Alexandre, outro conselho para o investidor é investir em renda fixa, mais precisamente na pós-fixada. Isso porque a inflação está avançando e os juros tendem a aumentar. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ) subiu 0,86% em fevereiro de 2021 na comparação com janeiro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a expectativa do mercado financeiro é que a taxa básica de juros, a Selic, encerre o ano em 4%, segundo o último boletim Focus divulgado na última segunda-feira (8). Para 2022, a expectativa é que a Selic fique em 5,5%.

Fuga de estrangeiros

A ingerência do Governo Federal na troca de comando da Petrobras, no mês passado, tem sido apontada como um dos principais fatores que impulsionaram a saída de R$ 6,784 bilhões em investimento estrangeiro da B3 em fevereiro. Esse foi o pior saldo mensal desde julho de 2020.

Para Alexandre, o movimento de saída pode continuar, a não ser que o governo tome medidas para segurar os ‘gringos’ no país. “O investidor estrangeiro está ressabiado e existe essa hipótese de uma maior saída. Porém o dólar está fraco lá fora e a procura por melhores rendimentos fazem os emergentes serem atraentes. Por isso precisamos voltar às reformas, para que eles não optem por outros países que concorrem conosco”, disse.