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Experiência e aconselhamento: o papel do smart money em uma startup

23 dezembro 2020 - 14h14Por Guilherme Roque

De 2015 a 2019, o número de startups no Brasil teve um aumento de 207%, passando de 4.151 para 12.727, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Muitas dessas empresas precisam de ajuda para desenvolver seus modelos de negócio ou expandir suas operações. E é aí que entra o smart money, ou dinheiro inteligente em tradução literal. Mais do que um simples aporte financeiro, o smart money oferece também  conhecimento, mentoria e experiência, atributos que podem ser decisivos para a inserção de uma nova empresa no seu mercado.

“O smart money é conhecimento. Ele agrega à empresa muito mais que o dinheiro em si”, conta Daniel Li, Chief Growth Officer da Plenum Bioengenharia e empreendedor Endeavor, organização de apoio e fomento ao empreendedorismo. Li já participou dessa forma em diferentes empreendimentos.

Li explica que a contribuição pode ir muito além do que apenas o aconselhamento ou financiamento: “ele pode agregar senioridade para o conhecimento que o empreendedor já tem e também pode trazer os conhecimentos paralelos que são necessários para o negócio”. Além disso, outro aspecto importante na presença dessa figura na empresa é o networking – a rede de contatos –, que pode trazer mais investidores e mentores. “Ainda traz mais credibilidade ao negócio”, conclui.

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Fabiany Lima, diretora geral da DiliMatch, consultoria especializada em conectar startups a investidores, explica que informações, experiências e contatos trazidos pelo smart money criam um cenário mais proveitoso para a empresa em desenvolvimento. “Com isso, a startup consegue aumentar receita, ganhar credibilidade no mercado e aproveitar melhor o dinheiro que recebeu de aporte do investidor. Isso se torna uma vantagem competitiva, especialmente na sua fase inicial”.

Atraindo olhares

De acordo com a Abstartups, cerca de 73% das startups do Brasil nunca receberam investimentos externos. O que fazer, então, para aproximar-se de um smart money? Segundo Li, antes de entrar em um negócio, é importante entender o mercado no qual a empresa está inserida, o potencial de crescimento dessa companhia e seu diferencial competitivo, além de saber quem são as pessoas envolvidas no projeto. “Eu olho o time da empresa e procuro ver o quão competentes elas são e o quanto elas acreditam naquilo”.

Apesar de startups geralmente serem as escolhidas para o aporte, o investidor diz também escolher empresas mais maduras, porém que estejam em fase de crescimento: “eu prefiro empresas que estão no momento de escalar, em um estágio mais avançado, do ponto de vista de já ter um produto e já ter começado a vender esse produto”.

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Mãos à obra

Uma vez dentro da empresa, o smart money atua em diversas vertentes, mas principalmente nos aconselhamentos e na ajuda de tomadas de decisões. “Ele age nos processos diários da startup, no desenvolvimento, nas vendas e na captação de investimentos”, explica Fabiany. “Atua como um conselheiro, um divulgador ou até fornecendo mão de obra especializada adicional que a startup vá precisar pontualmente”, complementa.

Para Daniel Li, o processo de aconselhamento dentro de uma startup envolve dois tipos de decisões: uma primeira, que é reversível e que não há muito gasto de tempo sobre discussões a respeito dessas decisão; e uma segunda, irreversível e que, portanto, é feita com mais profundidade e com várias restrições. “Eu coloco um ponto de vista diferente, que alimenta uma discussão e produz uma decisão mais madura. Não quer dizer que a minha decisão é unânime. Pelo contrário, eu aprendo muito”.

Levantando voo

As metas das companhias em processo de crescimento variam conforme os objetivos de seus donos. Certas empresas, por exemplo, criam uma cultura tão forte que acabam se perpetuando. Outras, buscam reconhecimento de seus clientes.

Mas em que momento o trabalho se dá por finalizado e o smart money deixa de ser necessário? Li diz que isso varia de caso a caso, mas, no geral, isso ocorre à medida que o negócio se torna independente, seja quando a empresa passa a ter o capital necessário para se sustentar ou no momento em que a companhia é vendida ou recebe uma grande captação. “Para mim, é como se soltasse um pássaro e ele saísse voando da gaiola”.