quinta, 09 de maio de 2024
Ações recomendadas

Petrobras (PETR3)(PETR4): falas de Prates são mal recebidas, mas analistas optam por ceticismo

CEO deu uma série de declarações relacionadas ao futuro da empresa, algumas com impactos possivelmente imediatos

29 fevereiro 2024 - 12h48Por Lucas de Andrade
Jean Paul Prates Jean Paul Prates

A Genial Investimentos reiterou sua recomendação de MANTER para as ações da Petrobras (PETR4), com preço-alvo de R$ 47,00 inalterado para os papéis preferenciais - o que implica em um potencial de valorização de 17,18%.

A revisão sucede as polêmicas declarações de Jean Paul Prates, CEO da estatal, sobre a distribuição de dividendos extraordinários. 

Em uma entrevista para a Bloomberg, o diretor-presidente deu uma série de declarações relacionadas ao futuro da empresa – algumas com impactos possivelmente imediatos.

Dentre os principais pontos, analistas ressaltaram:

  • - i) “cautela” em relação aos dividendos da empresa, em vista a necessidade da empresa em materializar a transição energética;
  • - ii) expectativa de alcançar metade da receita da empresa em fontes renováveis em pelo menos dez anos; e
  • - iii) eventuais aquisições com foco de acelerar a transição energética e em outros segmentos de interesse da empresa, como no segmento de refino. 

 

i) A Genial Investimentos achou a notícia negativa para a tese, principalmente se o tal conservadorismo na distribuição de dividendos vier a se materializar já em 2024.

“Se considerarmos a declaração do presidente da empresa no tocante a meta a ser alcançada de receitas desse segmento de negócio, tivemos a impressão que o volume de investimentos necessários vai ser superior àquele anunciado em seu planejamento estratégico”, escreveu o analista Vitor Sousa.

 

ii) os retornos dedicados ao segmento de E&P tendem a ser bem mais interessantes, na comparação com energia elétrica, principalmente com o baixo custo de extração dos campos do pré-sal e o grande potencial exploratório da Margem Equatorial, declarou Sousa. 

A Genial Investimentos opina ser uma grande perda de energia corporativa por parte da empresa atuar em tais segmentos, em vista o grande potencial da E&P e a própria natureza de atuação da Petrobras desde a sua fundação.

O analista relembra que uma TIR de 8% versus o custo de oportunidade estimado para investimento na Petrobras (WACC 14%) não traz uma perspectiva interessante de geração de valor para a empresa.

 

iii) aquisições por parte da empresa sempre foram um ponto de risco a tese da empresa, não apenas pelo preço a ser pago quanto no que diz respeito ao segmento de atuação do ativo adquirido, pontua o analista.

Atualmente, a empresa anunciou o valor de US$ 11,00 bilhões em aquisições estratégicas.

“A julgar o recente fluxo de notícias, a empresa deve readquirir uma participação na Refinaria RLAM (privatizada em 2021), ativos em energias renováveis e participações no segmento Petroquímico (possivelmente na Braskem)”, comenta Sousa.

 

Conclusão

A plataforma preferiu manter-se cética quanto a eventuais mudanças bruscas na condução da empresa e em relação ao seu atual corpo executivo – maiores anúncios devem ser realizados em seu Planejamento Estratégico anual.

Se por um lado acham muito cedo para interpretar o eventual impacto dessas notícias nos fundamentos da empresa, por outro lado, dizem ser muito fácil entender que as recentes declarações aumentam a percepção de risco em relação a sua tese, com natural impacto na percepção de valor da empresa em relação aos seus fundamentos – ou seja, o uso de uma taxa de desconto superior aos seus pares privados (WACC 14% vs. 12% nos pares privados).