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Financeiro

Semana terá redução de juros no Brasil para 5,5% e nos EUA para 1,75%, petróleo em alta e reforma da Previdência no Senado

15 setembro 2019 - 21h43Por Angelo Pavini

A semana no mercado financeiro brasileiro terá como destaques duas reuniões de política monetária. Nos Estados Unidos, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve cortar os juros básicos de 2% para 1,75% ao ano, o segundo corte desde 2008. Os juros na maior economia do planeta têm impactos em todo o mundo e podem influenciar os fluxos de capitais para os países emergentes, como o Brasil.

Já por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve seguir a tendência e reduzir a taxa básica Selic de 6% ao ano para 5,5% ao ano, uma das menores taxas da história do país. A redução terá impactos no mercado financeiro, diminuindo os ganhos da renda fixa e estimulando a diversificação e o mercado de ações. E pode ajudar a estimular a atividade econômica, que segundo os últimos dados ainda está se recuperando de maneira bastante lenta.

As reuniões ocorrem em um momento de tensão no Oriente Médio, com ataques de drones a instalações de petróleo da Arábia Saudita ameaçando o abastecimento mundial. Os preços em alta e um acirramento do conflito entre Irã, que estaria dando guarita para os grupos que atacaram a Arábia Saudita, e Estados Unidos podem afetar os preços e a inflação e ameaçar o corte de juros e a atividade mundial. O petróleo será, portanto, um novo elemento de instabilidade dos mercados nesta semana, beneficiando a Petrobras pelo aumento dos preços do produto. Ontem, o petróleo tipo Brent chegou a subir 19% nos mercados futuros internacionais.

O mercado estará atento também aos comunicados do Fomc e do Copom, que podem dar uma ideia dos próximos passos dos bancos centrais aqui e nos Estados Unidos.

Na agenda política, o Senado continuará com as discussões em torno da reforma da Previdência. A expectativa é que os senadores separem a proposta de ampliar a reforma para Estados e municípios em uma emenda à parte, o que criaria uma terceira PEC. A primeira tem os pontos principais da reforma, sem os pontos polêmicos, pode ser votada na semana do dia 24, enquanto as outras duas, uma com mudanças mais polemicas nos benefícios por idade e a terceira, com os Estados, poderiam ter mais discussão.

IGP-10 e IGP-M e dados de desemprego

No calendário econômico, a semana começa com o IGP-10 de setembro da Fundação Getulio Vargas na segunda-feira, junto com a produção industrial na China. Na terça, sai a produção industrial nos EUA. Quarta-feira sai a segunda prévia do IGP-M de setembro e a decisão da Taxa Selic e do Fomc nos EUA. O Banco do Japão também define sua taxa básixa.

Na quinta, é a fez do Banco da Inglaterra definir seus juros. Na Argentina, saem os dados do PIB do segundo trimestre

Na sexta, saem os dados de inflação ao consumidor na Alemanha e a Confiança do Consumidor na zona do euro.

Sem data definida, o Ministério da Economia divulga dados dos empregos com carteira assinada do Caged de agosto e a arrecadação federal do mês passado.

Juro deve terminar o ano em 5%, prevê Porto Seguro

O Copom deve reduzir a taxa Selic de 6% para 5,5% nesta semana e terminar o ano em 5%, afirma José Pena, economista da Porto Seguro Investimento. Isso também porque o juro neutro, aquele que permite à economia crescer sem inflação, está caindo no mundo todo, o que permite ao Copom levar adiante o ciclo redução da Selic.

Segundo Pena, os dados econômicos divulgados nas últimas semanas confirmaram trajetória de desaceleração global. Mas alguns eventos criaram temor de que a velocidade de desaceleração pode ser maior. Nova escalada tensões EUA China com entrada em vigor de novas tarifas em 1º de setembro, piora da crise política em Hong Kong e aumento das chances de uma saída sem acordo do Reino Unido da União Europeia provocaram um aumento da aversão ao risco em agosto.

Em setembro, porém, houve uma melhora do humor do mercado com a retomada de negociações entre Estados Unidos e China, um risco menor de um Brexit sem acordo uma rodada de indicadores econômicos menos negativos. “O mundo hoje não parece na iminência de um colapso econômico” afirma Pena. Ele considera, porém, que tanto o Banco Central Europeu quanto o Fed têm pouca munição para garantir uma retomada da economia.

No Brasil, a economia segue fraca, mas pode ter uma melhora no fim do ano com a liberação dos recursos do FGTS. Mas o ambiente externo não ajuda, com o agravante da crise na Argentina. Mas Pena mantém a perspectiva de crescimento do PIB brasileiro de 0,8% este ano e de 2% no ano que vem. “Mas, se for diferente disso, vai ser para menos, e não mais”, alerta.

O quadro de inflação deve seguir favorável, mesmo considerando a desvalorização recente do real, para mais de R$ 4,00 por dólar. Pena acredita que a ociosidade da economia limita o repasse da alta do dólar para os preços e a queda dos preços das commodities também ajuda a reduzir seu impacto, abrindo espaço para o BC continuar reduzindo a Selic até o fim do ano.

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