segunda, 29 de abril de 2024
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Petrobras (PETR3)(PETR4) poderia pagar dividendos extraordinários de US$ 4 bilhões, calcula BTG

Banco não rebaixou recomendação, mas admite que sua visão para estatal está "indiscutivelmente abalada"

08 março 2024 - 12h00Por Lucas de Andrade
 - Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Por volta de 11:20 desta sexta-feira (8), as ações ordinárias (ON)(PETR3) de Petrobras desabavam 11,05%, ao preço de R$ 36,70 cada, ao passo que os papéis preferenciais (PN), negociados pelo código PETR4, despencavam 9,80%, cotados a R$ 36,43 por unidade.

Em seu balanço financeiro relativo ao quarto trimestre, a estatal optou por reter US$ 8,8 bilhões em sua reserva de capital recém-criada e aprovar a distribuição de apenas US$ 2,8 bilhões, que, junto com recompras de cerca de US$ 550 milhões durante o trimestre, totalizam US$ 3,4 bilhões (rendimento de dividendos de 3,2%).

A decisão foi uma grande frustração. O BTG Pactual estima que a Petrobras teria pago um dividendo adicional de US$4 bilhões com base nos resultados de 2023.

Em relatório, os analistas Henrique Pérez, Pedro Soares e Thiago Duarte reiteraram recomendação de compra nos papéis, com preço-alvo de US$ 19,00 por ADR (PBR) negociada em Nova York, uma vez que alegam que a classificação não se baseia apenas na capacidade que a empresa possui de pagar dividendos extras.

 

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  • “Dada a trajetória da empresa sempre que decidiu diversificar para outros segmentos, a decisão de reter uma parte significativa dos lucros da empresa aumenta justamente a percepção de risco. A distribuição de dividendos extraordinários seria um excelente sinal do controlador, e indicaria não apenas que o crescimento da Petrobras em setores mais verdes ou outros poderia ser conduzido de acordo com o Plano Estratégico (PE) da empresa, mas também reforçaria que seus interesses estão mais alinhados com os dos minoritários”, comentaram.

 

Duarte, Pérez e Soares são otimistas quanto a previsão do uso que os US$ 8,8 bilhões retidos na reserva de capital pode significar. 

 

  • “Fusões e aquisições são os suspeitos óbvios, mas tal montante poderia acomodar a aquisição de uma participação de 100% na Vibra (VBBR3), com poison pill, e uma participação de 50% na refinaria de Mataripe. Além disso, mesmo assumido o guidance de capex de 2024, espera-se que a Petrobras gere US$4 bilhões em caixa extra este ano, o que significa que a reserva de capital cresceria”, projetam.

 

Por fim, observam que a reserva de capital criada somente pode ser usada (até o momento) para garantir recursos para a remuneração dos acionistas.

 

  • “Portanto, usá-la para outros fins exige alterações no estatuto social. Embora não acreditemos que isso possa ser descartado, também achamos possível uma reavaliação da decisão de não distribuir dividendos extras, embora a disposição do mercado para aceitar isso como verdadeira seja muito limitada”, comentam.

 

Os pilares da recomendação do BTG Pactual permanecem, mas foram desafiados

Duarte, Pérez e Soares consideram, primeiramente, que as estimativas de mercado financeiro para a geração de caixa da Petrobras em 2024 - inclusive as estimativas do próprio banco - são conservadoras, pois a maioria incorpora a produção da empresa e os guidances de capex, bem como preços do petróleo abaixo do spot.

Contudo, com base nos últimos anos, veem grandes chances de que a Petrobras entregue uma produção maior e um capex menor. Isso, combinado com preços do petróleo nos níveis atuais por mais alguns meses, que provavelmente deve desencadear uma onda de revisões positivas de lucros à frente.

Além disso, analistas ainda acreditam que os mecanismos de governança corporativa da Petrobras podem prevalecer.

 

  • “Se estivermos certos, mesmo com uma alocação de capital abaixo do ideal, dificilmente veríamos fusões e aquisições ou quaisquer pagamentos relacionados a liquidações de passivos fiscais no curto prazo, pois teriam que seguir numerosos procedimentos e aprovações dos comitês internos e independentes da empresa”, pontuaram.

 

Um comentário sobre os resultados do 4º trimestre

O BTG Pactual avalia que os números foram sólidos e em linha com o consenso. Analistas mantêm a visão de que a empresa possivelmente superestima os investimentos para 2024 e “consideram o presente ainda brilhante, mas o futuro pode estar mais nublado”.

Apesar de ainda acreditarem que o pragmatismo pode prevalecer na alocação de capital da Petrobras, apoiado pela capacidade da empresa de gerar mais caixa do que pode gastar, analistas dizem que a crença está “indiscutivelmente abalada”.

“As mensagens transmitidas pela equipe de gestão e pelo governo nos próximos dias serão cruciais para garantir uma tese de investimento sólida. Sim, acreditamos que os investidores exigirão um prêmio de risco maior para deter as ações da Petrobras”, escrevem os analistas.

Mas nem tudo são más notícias. O BTG Pactual vê a Petrobras negociar com um rendimento de dividendos orgânicos de 12% em 2024, e o potencial de valorização para esse número ainda mantém significado.

 

  • “Embora isso represente um pequeno desconto de 1,3 p.p. em relação à média dos players globais, ainda representa um desconto de 3,2p.p. para seus pares de mercados emergentes, que negociam com um rendimento de dividendos caro de 8,4% em 2024. Do ponto de vista do EV/EBITDA, a Petrobras também negocia com um desconto de 24% em relação aos players globais e 32% em relação aos pares de mercados emergentes. Fica a questão: quanto mais barato seria barato o suficiente?”

 

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