terça, 19 de março de 2024
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Hapvida (HAPV3) despenca até 13% após balanço; o que pensam BTG, Genial e XP sobre a ação?

A operadora de saúde registrou um prejuízo líquido de R$ 182 milhões no primeiro trimestre de 2022

17 maio 2022 - 10h46Por Redação SpaceMoney
HapvidaHapvida - Crédito: Divulgação

Às 10:25 desta terça-feira (17), as ações da Hapvida despencavam 13,78% e lideravam as perdas do Ibovespa nos primeiros minutos do pregão, ao preço de R$ 6,76 cada. O movimento sucedia a divulgação do balanço do primeiro trimestre da companhia, informado na véspera (16) após o fechamento do mercado.

A operadora de saúde registrou um prejuízo líquido de R$ 182 milhões no primeiro trimestre de 2022. A Hapvida publicou apenas seus resultados independentes, juntamente com os números de GNDI (Intermédica) de fevereiro e março (ou seja, o DRE de janeiro do GNDI não foi divulgado) - as empresas anunciaram fusão durante o período.

Para o BTG, os resultados foram mais fracos que o esperado.

O trimestre foi marcado por sinistralidades relacionadas ao Covid, ticket médio pressionado, crescimento orgânico fraco e rentabilidade menor de aquisições recentes (que têm sinistralidade maior), argumentaram os analistas.

Na avaliação do BTG, para efeito de comparação, a margem deste trimestre foi tão ruim quanto a do 2T21, que foi o trimestre mais fraco da companhia (até agora) desde o início da pandemia, quando a margem proforma (HAPV GNDI) atingiu 8%.

O BTG, entretanto, reiterou sua recomendação de compra para HAPV3, com preço-alvo de R$ 12,00.

A Genial avalia que a falta de informações da transação foi ruim e que as mesmas se fazem necessárias para entender o prognóstico do trimestre, já que não foram bem comunicadas.

“Devido à natureza deste primeiro trimestre, com os efeitos da última onda de Covid-19 concentrados no primeiro mês do ano, a falta de divulgação destes números distorcem os resultados uma vez que provavelmente veríamos uma sinistralidade mais alta no mês de janeiro. Como os números reportados não são comparáveis, removemos as comparações com o 4T21 e 1T21 da tabela de resultados abaixo. E mais: no 1T23 não teremos comparável adequado novamente, caso não sejam divulgados dados do trimestre fechado”, pontuou a corretora.

As maiores preocupações se concentram em dois pontos, segundo a Genial: adições orgânicas fracas e sinistralidade muito elevada.

“Já éramos bem pessimistas quanto à sinistralidade, mas a realidade foi pior: uma sinistralidade consolidada de 76,9% vs 76,2% esperada. As despesas administrativas também tiveram um aumento muito superior à nossa expectativa por conta da contabilização das despesas com plano de opções que passaram a ser consideradas a partir deste trimestre (impacto de R$ 116 milhões) e pelo dissídio dos funcionários”, destacou. 

Com custos e despesas mais elevadas, a margem EBITDA ajustada foi pressionada, para 8,6%. As adições orgânicas de saúde foram de -20k vidas T/T (Hapvida standalone) e -4k vidas T/T (GNDI). Em odonto, as adições orgânicas foram de -52k T/T (Hapvida standalone) e +15k T/T (GNDI).

A fusão também acabou por mudar o perfil da dívida da Hapvida.

Antes da transação, a GNDI apresentava uma dívida líquida de 2,7x EBITDA ajust., enquanto a Hapvida estava em -0,8x EBITDA ajust.

Com o pagamento de R$ 3,2 bilhões de parcela caixa e de R$ 1 bilhão de dividendos para os acionistas da GNDI, a dívida líquida da empresa combinada chegou a R$ 6,2 bilhões ou 2,8x EBITDA ajust.

A dívida mais elevada, somada a um aumento das taxas de juros implicou em um resultado financeiro negativo de R$ 172 milhões. Assim, a companhia apresentou um prejuízo contábil de R$ 182 milhões.

Se considerados ajustes da parcela de amortização de ágio de aquisições (não-caixa), este prejuízo passa a ser de R$ 57 milhões.

De olho em todos esses fatores, somados a um cenário econômico conturbado, pouca visibilidade de crescimento orgânico no curto prazo e um longo caminho a percorrer até a normalização de margens/sinistralidade e da captura de sinergias, a Genial Investimentos mudou sua recomendação para HAPV3 para manter, com redução do preço-alvo para R$ 8,00, já incorporado um custo de capital mais elevado generalizado.

Já a XP, que espera uma reação negativa do mercado baseada na falta de adições líquidas orgânicas e alta sinistralidade, destacou as adições líquidas de beneficiários de planos de saúde, que totalizaram 112 mil, mas, organicamente, a empresa registrou uma perda de 64 mil planos entre janeiro e março.

A XP reiterou recomendação de compra para HAPV3, com preço-alvo de R$ 19,00 - potencial de valorização de 142%.