segunda, 29 de abril de 2024
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Banco do Brasil (BBAS3): não se deslumbre! Balanço traz pontos de alerta, dizem analistas

Empresa apresentou um lucro líquido ajustado recorde de R$ 35,6 bilhões no ano de 2023

09 fevereiro 2024 - 13h30Por Lucas de Andrade
.. - Crédito: Shutterstock

O Banco do Brasil - BB (BBAS3) apresentou um lucro líquido ajustado recorde de R$ 35,6 bilhões no ano de 2023, que representa um RSPL (retorno sobre patrimônio líquido) de 21,6% e um crescimento de 11,4% em relação a 2022.

Simultaneamente, divulgou que vai realizar a distribuição de R$ 1.751.180.439,76 em juros sobre o capital próprio (JCP) - R$ 0,62114063186 por ação - e de R$ 630.166.902,30 em dividendos - R$ 0,22351909545 por ação -, ambos relativos ao quarto trimestre do ano passado.

Em linha, o conselho de administração (CA) aprovou a proposta de elevação do payout de 40% para 45% no exercício de 2024, via juros sobre o capital próprio (JCP) e-ou dividendos.

E, ainda, a instituição compartilhou seu guidance, com projeções corporativas para o ano de 2024. A instituição financeira aguarda um lucro líquido ajustado entre R$ 37,0 e R$ 40,0 bilhões no ano de 2024.

Por fim, informou que vai exercer, em 18 de junho de 2024, seu primeiro call date, mediante autorização do Banco Central do Brasil, a opção de recompra total (call option) do título de dívida subordinada de capital nível I emitido em 2014 com cupom 9,0% (Banbra 9% a.a.).

 

Recomendações

Para Ágora Investimentos e Bradesco BBI, apesar de melhor que o esperado, os resultados levantaram pontos-chave de reflexão sobre as principais tendências como: 

  • - i) a relevância do Banco Patagonia em relação à rentabilidade do banco; 
  • - ii) a qualidade da margem financeira, spreads, e mix; e
  • - iii) a qualidade dos ativos para empréstimos corporativos e rurais.

 

Notavelmente, os analistas Gustavo Schroden e José Cataldo consideram Banco Patagonia ganhou uma importância impressionante na rentabilidade do Banco do Brasil, representantiva em 24,5% do lucro líquido consolidado do último trimestre. Além disso, observam que os spreads dos clientes contraíram (-0,50 p.p. no trimestre), enquanto a qualidade dos ativos para o agronegócio e empréstimos corporativos apresentou deteriorações sequenciais. 

Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, avalia que, do lado positivo, o banco espera uma melhora na receita de serviços e um crescimento ainda elevado da carteira de crédito.

Do lado negativo, as despesas administrativas devem continuar a crescer acima da inflação. Por isso, Haag vê os números como neutros.

“Como já destacado anteriormente, os números do BB foram bons, mas em linha com o esperado e com qualidade pior (impulsionado por impostos menores). Além disso, os números não foram tão melhores que os apresentados pelos demais bancos”, comentou.

Com ventos favoráveis para a lucratividade do banco, a Genial Investimentos reiterou sua recomendação de COMPRA, com preço-alvo de R$ 64,90 para o final de 2024.

Apesar do desempenho superior a seus pares, o banco estatal continua a ser negociado com desconto, apontou o trio de analistas liderado por Eduardo Nishio.

“Com o valuation atraente de 0,97x P/VP 2023 e 4,3x P/L 2024, BBAS3 continua a ser negociado um pouco abaixo de seu valor patrimonial (abaixo de 1x P/VP), apesar da rentabilidade (ROE) acima de seu custo de capital”, escreveram.

A Genial Investimentos estima um dividend yield (DY) de 10,30%, um pouco melhor que os 9,2% com o payout antigo de 40,00%.

Além disso, projetam um reforço de balanço em provisões na ordem de R$ 2,5 bilhões a R$ 3,0 bilhões (R$ 1,2 bilhão de reforço por agravamento de risco no segmento Empresas e R$ 1,3 bilhão - R$ 1,8 bilhão em agravamento de risco de crédito). 

O guidance de 2024 aponta para mais um bom ano, acredita a Genial Investimentos.

Para a XP Investimentos, o Banco do Brasil apresentou resultados impressionantes, com um ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) de 22,5%, o mais alto entre os incumbentes.

O forte desempenho comercial do banco e o crescimento em sua carteira de crédito contribuíram para um impacto positivo no NII.

Em termos de qualidade de crédito, a inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,92%. Em um aspecto negativo, analistas destacam a redução na taxa de Basileia.

Apesar do bom desempenho das ações no ano passado, ainda veem o banco com um desconto significativo, com uma avaliação atrativa de 5,1x P/L para 2024.

Portanto, a XP Investimentos reiterou sua recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 61,00 por ação para o final de 2024.

Nord Research observou que a companhia atingiu todos os parâmetros do guidance de 2023, exceto as despesas com risco de crédito (PCLD Ampliada) diante do “efeito Americanas”, que custou R$ 2,546 milhões em perdas na companhia, além de provisionamentos adicionais em três trimestres do ano passado.

“Acreditamos que o Banco do Brasil possui uma qualidade diferenciada em relação aos demais bancos antigos por conta da sua exposição em carteiras com bom crescimento e maior resiliência, como agronegócio crédito consignado, o que, por sua vez, permite uma boa previsibilidade e qualidade de crédito em seus resultados”, observou a analista Danielle Lopes.

As ações do Banco do Brasil estão bastante baratas, e negociam atualmente a 4,5x lucros e a 1x patrimônio líquido. Além disso, a Nord Research compreende que o risco de ingerência política não está mais totalmente precificado nas ações, que negociam acima dos múltiplos históricos.

Lopes acredita que vale a pena ficar de olho nas ações da companhia, mas não compraríamos aos preços atuais.

“Diante da precificação atual e crescimento de resultados, entendemos que existem outras opções que possuem mais crescimento de resultados, além de foco em proteção de patrimônio e renda passiva”, pontuou.

Por fim, a Levante Investimentos comentou que o Banco do Brasil reportou um resultado positivo, mas com alguns pontos de atenção, especialmente sobre a dinâmica de evolução de riscos percebidos nas carteiras de crédito empresas, que além do evento de Americanas (AMER3), ainda demandou um novo volume de PDD neste trimestre.

De acordo com o analista Ricardo Afonso, isso evidencia que o risco de inadimplência, embora tenha se amenizado, ainda está presente.