terça, 19 de março de 2024
Recomendações

Americanas (AMER3), Magalu (MGLU3) e Via (VIIA3): uma das ações pode disparar até 400%, segundo XP

Analistas elencam quatro fatores que são desafios para os papéis, que despencaram mais de 20% nos últimos 30 dias

17 junho 2022 - 16h50Por Redação SpaceMoney

Às 16:18 desta sexta-feira (17), as ações de Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) caíam 41,00%, 35,22% e 23,97% no acumulado dos últimos trinta dias, respectivamente.

Mas o que explica essas quedas tão expressivas? Para a XP, os principais fatores são: a deterioração macroeconômica, o aumento do custo de capital, o aumento da competição e a mudança do foco do mercado.

Fator por fator

De acordo com o relatório assinado pelos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, bens duráveis - uma das categorias mais relevantes para todos os players de e-commerce - estão duramente atingidos pela inflação, mais persistente que o esperado com o conflito de Rússia e Ucrânia e com a continuidade de lockdowns na China.

“Dessa forma, temos visto uma forte redução do poder de compra do brasileiro o que, aliado a um cenário de forte alta de juros, se traduz em uma demanda altamente fragilizada para bens de consumo, especialmente os discricionários e de preço médio mais alto”, disseram.

Eles pontuam ainda que, desde fevereiro do ano passado, quando a Selic atingiu o menor patamar dos últimos 20 anos (em 2%), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil (BC) aumentou a taxa utilizada como referência para a renda fixa em 11,25p.p., a 13,25% na última reunião.

“Esse forte aumento não só desmotiva o consumo por tornar o financiamento cada vez mais caro, como também é um desafio para os preços das ações, uma vez que o custo de capital das companhias também aumenta, impactando negativamente o valor dessas companhias”, pontuaram.

Nesse caso, as empresas de e-commerce sofrem ainda mais por serem papéis com fortes perspectivas de crescimento e, portanto, concentram grande parte do seu valor em fluxos de caixa mais longos, explicam Eiger, Senday e Suedt.

Uma outra face do que atinge as empresas ocorre com a dureza da concorrência, tanto entre os players já consolidados no setor (como Mercado Livre, inclusive,) quanto com companhias estrangeiras como Amazon e Shopee.

“Apesar de termos visto uma racionalização do setor em busca de rentabilidade, principalmente através do aumento das taxas de comissões compradas em seus marketplaces, ainda há desafios de rentabilidade por conta do aumento de competição por marketing (o que se traduz em um maior CAC – custo de aquisição de clientes) além de impulsionar a necessidade de investimentos em melhorar a oferta de serviços para o cliente (como frete grátis, programas de fidelidade, cashback, entre outros)”, relatam.

E, enquanto a macroeconomia se deteriora, muda o foco dos investidores. Eiger, Senday e Suedt alegam que os mesmos agora priorizam lucratividade e geração de caixa a crescimento e, portanto, analisam o valuation das companhias sob a ótica de múltiplo Preço/Lucro normalizado em vez de EV/GMV.

“Com essa mudança, investidores podem achar que as ações estão fortemente descontadas ao olhar múltiplo EV/GMV, porém com uma conclusão distinta se feita baseada em Preço/Lucro”, concluem.

Recomendações

A XP não possui recomendação de compra dos papéis de e-commerce por esperar uma dinâmica macro bastante desafiadora pela frente, tanto do ponto de vista de inflação (que deve se manter próxima a patamar de duplo dígito ao longo do ano, dizem os analistas) como de taxa de juros (com, pelo menos, mais uma alta esperada no Brasil e um ciclo ainda por vir nos EUA).

Além disso, Eiger, Senday e Suedt dizem que os movimentos recentes de Amazon e Shopee adicionam risco para o cenário competitivo do setor, uma vez que ambas as companhias são altamente capitalizadas, possuem expertise global e tem focado na plataforma de marketplace, onde todas as companhias de e-commerce brasileiras tem concentrado seus esforços frente à dinâmica desafiadora de bens duráveis por conta do cenário macro atual.

Dessa forma, ainda veem uma dinâmica de resultados desafiadora pela frente, com o 2T22 ainda com uma base de comparação forte, enquanto não projetam interesse e apetite de investidores pelo setor no cenário atual.

Americanas (AMER3): recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 40,00 - potencial de valorização de 193,04%

Magazine Luiza (MGLU3): recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 12,00 - potencial de valorização de 397,93%

Via (VIIA3): recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 7,00 - potencial de valorização de 213,90%