Com a Selic em 15% ao ano, o mercado de crédito brasileiro passa por uma transformação profunda. Para pequenas e médias empresas, o acesso ao crédito tradicional tem se tornado cada vez mais restrito. Do outro lado, investidores buscam alternativas capazes de superar o CDI e ampliar a diversificação de suas carteiras.
Nesse contexto, os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) multicedente/multisacado ganham protagonismo: oferecem às empresas uma via de financiamento mais acessível e, aos investidores, uma oportunidade de retorno superior aliado à diversificação.
De acordo com Aislan Tito, Sócio da Ipê Avaliações, ao avaliar as taxas de juros, é fundamental considerar a estrutura das operações. Nos bancos, além das variações nas taxas, muitos custos extras podem ser aplicados, algo que não ocorre com os FIDCs, que se destacam pela simplicidade e transparência.
Para os investidores, os FIDCs têm se tornado uma opção cada vez mais popular nas carteiras, oferecendo alta rentabilidade, ao mesmo tempo em que proporcionam maior previsibilidade e segurança em um cenário de juros elevados e desafios econômicos.
Expansão dos FIDCs
Dentro desse panorama, o patrimônio líquido (PL) se apresenta como um indicador-chave para avaliar a capacidade e a solidez desses FIDCs M.M. Reflete tanto a confiança dos investidores quanto a escala operacional alcançada.
Um recente levantamento feito com base em dados públicos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) revelou os 10 maiores FIDCs multicedente/ multisacado do Brasil com base em seus patrimônios líquidos, demonstrando a maturidade e a expansão do setor.
Liderando o ranking está a RED Asset, que soma R$ 5,7 bilhões em patrimônio líquido. O fundo se destaca pela atuação em fundos de crédito estruturados e pela diversificação de produtos. Em segundo lugar aparece a Multiplike, com R$ 3,7 bilhões, que une a gestão de recursos à estruturação de operações de securitização, estratégia que se mostra cada vez mais comum entre as grandes casas.
Ranking avaliou patrimônio líquido
Logo atrás está o Grupo Sifra com um PL de R$ 2,9 bilhões, tradicional no mercado de funding. Completam a lista do top 5, outros fundos como o Athenabanco, R$ 2,8 bilhões PL conhecido por operações de crédito estruturadas com uso de tecnologia e Banco Daycoval, com PL de R$ 2,8 bilhões. Também figuram no ranking em posições do sexto ao décimo lugar, respectivamente, a Multiplica, a Invista Crédito, Asa, o Grupo IOX, e a BS.
O crescimento acelerado desses fundos está fortemente vinculado à expansão dos FIDCs como instrumentos de financiamento alternativo. Permitem que investidores financiem diretamente carteiras de recebíveis empresariais, criando uma ponte eficiente entre capital e empresas, especialmente em tempos de juros elevados.
FIDCs são alternativas para juros altos
Com estruturas flexíveis, mecanismos de mitigação de risco (como subordinação de cotas e garantias reais) e maior transparência, os FIDCs oferecem retornos mais atrativos do que os produtos tradicionais de renda fixa. Para os investidores, representam uma alternativa estratégica que alia segurança e rentabilidade, sobretudo quando contam com boa governança e ratings elevados. Para as empresas, são uma forma mais ágil e adequada de captação, muitas vezes mais vantajosa que o crédito bancário.
O crédito, que antes era dominado quase exclusivamente pelos grandes bancos, está agora mais democratizado e acessível, por meio de fundos e estruturas sofisticadas que aproximam quem precisa de capital, de quem busca retorno. Essa transformação tende a se intensificar nos próximos anos, impulsionada pela digitalização do mercado, expansão do crédito para setores como agronegócio, construção civil e infraestrutura e maior apetite por risco. Os FIDCs M.M listados no ranking já demonstram estar a frente desse novo ciclo, com operações sólidas, estratégias inovadoras e um papel cada vez mais central na modernização do sistema financeiro nacional.