sexta, 26 de abril de 2024
Mercados

Previdência adiada, Bolsonaro “pistola” na ONU, e impeachment de Trump derrubam bolsas e puxam dólar

24 setembro 2019 - 20h08Por Angelo Pavini

O dia prometia ser agitado nos mercados financeiros brasileiros com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o IPCA-15 e o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Mas foi muito mais. Além da surpresa com o tom agressivo do discurso do presidente brasileiro, que não deve ajudar em nada a melhorar a imagem do país e diminuir as críticas à preservação da Amazonia, e às políticas ambiental e indigenista brasileira, os investidores tiveram de lidar com o adiamento da votação da reforma da Previdência no Senado. A suspensão foi vista como retaliação pela operação da Polícia Federal autorizada pelo Supremo Tribunal Federal no gabinete do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB). Senadores foram ao Supremo hoje questionar a autorização para a operação na Casa.

Impeachment de Trump

No meio da tarde, a preocupação aumentou com o anúncio da abertura de um processo de impeachment contra o presidente americano Donald Trump na Câmara dos Representantes, correspondente à nossa Câmara dos Deputados. O processo envolve a acusação de tentativa de Trump de atingir um adversário na campanha presidencial do ano que vem usando o presidente da Ucrânia. Pouco antes, Trump já havia causado ao atacar a China pelo roubo de patentes em seu discurso na Assembleia Geral da ONU.

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson, derrotado pela Suprema Corte, que considerou inconstitucional a manobra de prorrogar o recesso do Parlamento para impedir que se aprovasse um acordo para a saída da União Europeia, disse que acatará a decisão. Ele se comprometeu a fechar um acordo com a União Europeia antes do fim do prazo, dia 31 de outubro.

Dow Jones cai 0,53%

Os índices americanos sofreram com o discurso de Trump e o anúncio do impeachment e o Dow Jones terminou em queda de 0,53%. O Standard & Poor’s 500 perdeu 0,84% e o Nasdaq, mais ligado às empresas de tecnologia e influenciados pelos ataques de Trump às companhias chinesas, caiu 1,46%. NA Europa, o Índice Financial Times, de Londres, perdeu 0,47%, o DAX, de Frankfurt, 0,29% e o CAC, de Paris, 0,04%.

Ibovespa cai 0,73%

Com isso, o Índice Bovespa, que já estava em queda após o adiamento da reforma da Previdência, acentuou as perdas e fechou em baixa de 0,73%, aos 103.875 pontos. O volume negociado foi de R$ 14,305 bilhões, ligeiramente abaixo da média de R$ 16 bilhões no ano. O petróleo em baixa, de 1,17% em Londres provocou a queda das ações da Petrobras, cujas ações PN recuaram 0,76%. Vale ON perdeu 2,43%, com a queda do minério de ferro na China de mais de 3%, enquanto Banco do Brasil ON caiu 3,05%.

Os investidores estrangeiros trouxeram R$ 618,2 milhões para a Bovespa no dia 20, o que elevou o saldo positivo do mês para R$ 1,73 bilhão.

JBS sobe 7% e CSN cai 6%

As maiores altas do índice foram de JBS ON, com 7,10%, B2W Digital ON, 4,36%, BRF ON, 2,81%, RaiaDrogasil ON, 2,77% e Marfrig ON, 2,72%. Já as maiores quedas foram de CSN ON, 6,01%, também afetada pela queda do minério, Embraer ON, 3,45%, que enfrenta uma greve de seus funcionários na fábrica de São José dos Campos, Banco do Brasil e CCR ON, 2,98%. Usiminas PNA também caiu, 2,83%, sob influência do minério também.

Proteína animal em alta e comércio eletrônico em destaque

Segundo a Guide Investimentos, as gigantes do setor de proteína animal acumularam ganhos expressivos na sessão de hoje. A divulgação de dados mostrando um aumento relevante na importação de carne suína beneficiou ao papéis do setor. Persistindo o atual cenário de excesso de demanda por carnes devido à peste suína que assolou a China e chegou agora à Coreia do Sul, exportadores do alimento continuam aproveitando uma alta de preços no mercado internacional. “Isto, evidentemente, acaba favorecendo empresas como a BRF e JBS”, diz a Guide.

Segundo a corretora, parte da valorização do papel hoje é explicada também pela mudança de postura perante o público. A empresa conclui nesta semana uma oferta de R$ 500 milhões de reais em títulos de dívida que contém uma cláusula anticorrupção. Dado o histórico relativamente recente da empresa, a mudança foi bem recebido pelo mercado, afirma a Guide.
Já a B2W, empresa de comércio eletrônico, também ficou entre os principais destaques positivos do dia. O avanço seguiu o relato de que a Ame Digital, fintech que pertence à empresa, firmou um acordo com a gigante Mastercard para iniciar a oferta de cartões pré-pagos.

Dólar termina o dia estável e juros sobem

O dólar comercial encerrou o dia praticamente estável, em R$ 4,17 para venda no mercado comercial e a R$ 4,40 no turismo, também estável.

No mercado futuro de juros, as taxas de prazos médios e longos subiram ligeiramente, com os contratos para 2021 projetando 5,02% ao ano, 0,01 ponto de alta, e o contrato para 2024 projetando 6,53%, ou 0,2 ponto percentual acima de ontem. O mercado reagiu mais ao dólar pressionado e ao cenário externo do que às indicações da ata do Copom e do IPCA-15 de setembro, que indicaram espaço para queda dos juros básicos.

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