FIDCs

Plano Safra: Cresce 41,4% crédito através de FIDCs

Com juros altos, novas tributações e o crédito público mais custoso, Agronegócio recorre a fundos de direitos creditórios para manter o capital de giro

FIDCs / Plano Safra / Gueratto Press
Juros mais altos no Plano Safra 2025/26 impulsionam busca por fontes alternativas de crédito, com FIDCs oferecendo agilidade e flexibilidade | Crédito: Divulgação

Com o anúncio do novo Plano Safra 2025/26, que superou a marca de R$ 500 bilhões em crédito rural, mas com juros mais altos em todas as linhas, o debate sobre financiamento no campo volta ao centro das atenções. Enquanto o governo amplia os recursos, mas repassa o custo da Selic elevada aos produtores, cresce a busca por alternativas fora do sistema bancário tradicional. Nesse contexto, os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) se consolidam como uma ferramenta cada vez mais procurada por empresas do agronegócio que buscam crédito mais ágil, flexível e previsível para sustentar suas operações.

FIDCS continuam atrativos

Mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador, com aumento da tributação e pressão regulatória, os FIDCs têm demonstrado resiliência e atratividade. Entre 2024 e 2025, o patrimônio líquido (PL) dos fundos cresceu 41,4%, enquanto o número de veículos ativos avançou 32,1%, ultrapassando 3.290 fundos. No acumulado de 12 meses, cerca de 800 novos FIDCs foram registrados, elevando o PL total do setor para R$ 690,58 bilhões, ante os R$ 488,3 bilhões do ano anterior.

Na avaliação de Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, esse movimento reflete uma mudança estrutural no planejamento financeiro das empresas do agro. “O FIDC surge como uma ponte direta com o mercado de capitais. É um modelo que oferece estruturas sob medida, ajustadas à realidade do produtor, desde os pequenos até grandes grupos com cadeias produtivas complexas. O crédito bancário, em muitos casos, tornou-se lento e caro demais. Já os FIDCs permitem previsibilidade e liquidez imediata, essenciais para quem vive do ciclo da produção”, explica.

Liquidez no campo

Para Da Matta, o modelo segue competitivo e em crescimento. “As empresas estão procurando alternativas reais ao funding tradicional. E os FIDCs oferecem isso: agilidade, diversificação de investidores, divisão de risco e estruturas robustas de análise. A tendência é de avanço contínuo”, afirma o CEO.

Outro diferencial relevante é a possibilidade de estruturar os fundos em diferentes tranches, atraindo uma base de investidores mais ampla, ao mesmo tempo em que viabiliza acesso a linhas de crédito mais competitivas. Com a digitalização dos processos de análise de risco e originação, o modelo se torna ainda mais eficiente. Ferramentas de inteligência de dados vêm reduzindo a inadimplência e aumentando a segurança das operações. No atual cenário, com juros altos, crédito oficial mais caro e a necessidade urgente de manter a liquidez no campo, os FIDCs aparecem como uma solução cada vez mais estratégica para a economia real.