
Costuma-se dizer que, com o passar dos anos, nós, mulheres, vamos ficando invisíveis. Que nossa presença se apaga aos poucos e que deixamos de ocupar espaço num mundo que valoriza demais a juventude.
Pode ser que isso aconteça mesmo. Talvez a sociedade olhe menos, escute menos, espere menos. Mas, curiosamente, é também nesse tempo que muitos dos nossos sentidos se aguçam.
Passamos a enxergar com mais clareza o que importa, a ouvir com mais atenção o que sentimos e a dar valor ao que antes passava despercebido.
Não se trata de perfeição. Ao contrário, é o tempo que nos ensina a aceitar nossas imperfeições com mais gentileza. A reconhecer nossas falhas sem tanta culpa, e a conviver com nossas limitações sem vergonha. Há uma certa liberdade em não precisar corresponder a tantas expectativas.
Olhar para trás é inevitável, mas não com pesar. É possível ter gratidão por quem fomos, sem nos prender ao que já passou. A vida vai nos moldando, e cada fase tem seu peso e sua beleza.
Viver, afinal, continua sendo um grande desafio. E, quando começamos a compreender um pouco melhor esse ofício, percebemos o quanto ainda temos a aprender.
Talvez aí esteja o verdadeiro valor de continuar — mesmo que com menos holofotes, mas com muito mais sentido.
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